60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 1. Gerontologia

IDOSA ATUAL, JOVEM DOS ANOS 1960-70: SOBREVIVENTE OU VENCEDORA?

Marilda Piedade Godoi1

1. Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP


INTRODUÇÃO:
O processo do envelhecimento tem trazido vários questionamentos dado ao número elevado de idosos em nosso século. Entidades governamentais, sociais e políticas têm visto este índice com extrema seriedade, pois o número de natalidade e mortalidade têm diminuído e as projeções do aumento de pessoas acima de 60 anos (idade considerada pela Organização Mundial de Saúde, em países em desenvolvimento, como o marco inicial do idoso), estão cada vez mais elevadas a cada ano. Com relação a este dado, o fator feminização na velhice (elevado número de mulheres idosas sobre os homens idosos), vem ainda chamar mais atenção, a cada ano vivido, sendo que após os 80 anos, estes números tendem ainda a serem mais elevados. Diante deste parâmetro, nos propomos a estudar quem foi a jovem – anos 1960-1970 que gerou estas idosas de nosso século. Descobriu-se uma jovem revolucionária, tanto político como socialmente, que traçou perfis, hoje proclamados pela posições e atos representados - tanto em idosos, como em jovens - questionando seus direitos humanos, civis e sociais, que reforçam o papel de gênero nesta faixa etária estudada.

METODOLOGIA:
Para atingir os objetivos da investigação foram feitas pesquisas bibliográficas, através de livros, ou via Internet, dos assuntos concernentes ao perfil da jovem dos anos 1960 – 1970; vistos filmes e documentários e desenvolvido entrevista semi-estruturada, via oral e escrita, com duas idosas que vivenciaram situações diferenciadas na época. A primeira entrevista, jovem ativa politicamente nos anos 1960, hoje com 64 anos, foi questionada oralmente, sendo que expôs sua trajetória por vários momentos, sendo estes momentos de conversa espontânea e natural. Num segundo momento, foi elaborado um roteiro de perguntas onde foi levantado seu histórico desde a infância até a maturidade e idosidade, onde ela relatou – de forma escrita – sua trajetória, reforçada pelos momentos de atuação política. A segunda entrevistada, também vivenciou sua juventude nos anos 1960 – hoje com 69 anos – foi questionada oralmente, sendo seu depoimento totalmente gravado, sendo transcrito num segundo momento, na íntegra. A gravação foi elaborada em sua residência, numa só tarde e completa. Seu perfil demonstra claramente sua posição de luta e estagnação sob as pressões de época, dentro do esperado pela jovem dos “anos dourados”.

RESULTADOS:
A primeira entrevistada mostrou-se revoltada pelos comportamentos que eram atribuídos à mulher revolucionária, primeiro politicamente, depois pelo fato de ser mulher. Em todo momento ela era “a companheira do atuante político”, ou a “mulher macho” ou ainda “a filha de”, mas nunca era citada com seu nome – que na maioria das vezes era fictício – ou como mulher que estava ali, junto aos companheiros, mas, que lutava por ideal político para o país e para as futuras gerações. Viveu momentos de grande revolta e isolação. Viu-se exilada em um país que não tinha identidade pessoal e social. Passou pelos terrores de um aborto forçado e situações de total sofrimento sexual por parte dos torturadores da época. Hoje, se vê avó, com seqüelas de uma juventude sofrida, mas com o sentimento de um dever cumprido.A segunda entrevistada trata-se de uma jovem, hoje idosa de 69 anos, que abriu mão de seus sonhos profissionais em contrapartida de um casamento que lhe garantia a aceitação social – tanto familiar, como religiosa – pois lhes impunham este papel para aceitação de uma jovem de interior, que seria fadada como “solteirona” se assim não o fizesse.

CONCLUSÕES:
As contradições de época fizeram desta idosa de hoje uma mulher mais questionadora e que luta pelos seus direitos civis e políticos, destacando-se em vários papéis que estão exercendo. Seja ela uma dona de casa, cuidadora de netos, provedora familiar; seja uma grande educadora, política ou profissional bem sucedida. Aquela mulher que se sentia submissa, sob a autoridade familiar, tratada com a severidade do patriarcado, sujeita à submissão da sociedade, tanto social como politicamente, se rebelou e emitiu seu grito de liberdade, dentro dos parâmetros de regras familiares estipulados na época. A descoberta da vontade, do sonho, do desejo encoberto pela submissão, levou-as a conflitar seus desejos a nível individual, mas, criou um espaço maior de realização grupal, através de movimentos sociais, pela conquista de seus direitos.



Palavras-chave:  Idosa, Direitos, Envelhecimento

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