60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O sucesso escolar é um assunto pouco abordado a nível nacional, ainda mais quando as crianças são das classes desfavorecidas. O bom desempenho escolar é um assunto complexo e que envolve diferentes fatores de ordem sócio-econômica, cultural, psicológica e pedagógica. De acordo com a literatura a criança que tem sucesso é aquela que consegue acompanhar a aprendizagem na ordem e no tempo exato. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer as estratégias utilizadas pelos professores para que os alunos com bom rendimento continuem melhorando na escola e assim, sintam-se preparados para a vida futura. Dentre essas estratégias faz-se necessário aprimorar o sistema de avaliação desses alunos de modo que se permita conhecer não apenas o produto, mas os processos de aprendizagem. Com base nesses aspectos este estudo investigou a influência de duas modalidades de avaliação – tradicional (centrada no produto de aprendizagem) e assistida (ênfase no processo) – no desempenho escolar de alunos com bom rendimento após mediação com os professores.

METODOLOGIA:

Foram selecionados de cada série os alunos que obtiveram a melhor pontuação no Teste de Desempenho Escolar, de Stein (1994). Assim participaram 10 alunos com idade entre 8 e 11 anos de uma escola pública de Cáceres/MT, sendo: 2ª série (N= 02), 3ª série (N=04) e 4ª série (N=04). Posteriormente foram avaliados no teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven – Escala Especial – MPC padronizado por Angelini, Alves, Custódio, Duarte e Duarte (1999). Como modalidade de avaliação assistida utilizou-se o Jogo de Perguntas de Busca com Figuras Diversas – PBFD desenvolvido por Linhares e Gera (2006). O jogo investiga as estratégias utilizadas pelas crianças na elaboração de questões de busca de informação, com restrição de alternativas. O jogo divide-se em três fases: inicial sem ajuda – SAJ; de assistência – ASS; e de manutenção – MAN. Após o cálculo da freqüência de perguntas de busca e de tentativas de solução nas fases do jogo, obtém-se o Perfil de Desempenho Cognitivo: alto-escore: bom desempenho nas três fases do jogo; ganhador-mantenedor: não começa bem, mas melhora com assistência; ganhador dependente de assistência: não começa bem, recebe assistência, mas não mantêm; não-ganhador: não começa bem e não melhora após a assistência.

RESULTADOS:

Embora fossem selecionados os alunos com melhor pontuação no TDE, estes obtiveram no pré-teste classificação médio (N=8) e inferior (N=2). Após mediação pedagógica com os professores observa-se uma melhora expressiva no desempenho escolar através da diminuição de alunos com classificação médio (N=5) e o surgimento de alunos com classificação superior (N=5). No Raven verificou-se um desempenho diferenciado dos alunos por série; na 2ª e 3ª série no pré e pós-teste permaneceu a classificação médio e acima da média respectivamente; na 4ª série dois alunos passaram da classificação média para abaixo da média, um manteve a classificação superior e um melhorou passando da classificação média para superior. No PBFD o pré-teste evidenciou maior número de alunos com perfil alto-escore (n=5) do que com perfil ganhador-mantenedor (n=3) e ganhador-dependente-assistência (n=2). No pós-teste todos os alunos obtiveram perfil alto-escore, isto é, melhoraram o desempenho no que se refere ao uso de estratégias eficientes na formulação de perguntas com alternativas de solução. A avaliação da transferência de aprendizagem através do PBFD, também todos os alunos tiveram perfil transferidor.

CONCLUSÕES:

O estudo teve como objetivo avaliar desempenho escolar e cognitivo de alunos através de abordagem tradicional e assistida após mediação com professores. Para tanto, buscou-se apresentar aos professores os princípios teóricos da Experiência de Aprendizagem Mediada desenvolvida por Feuerstein (1991), e observar se estes aplicariam em sala de aula tais princípios. Os dados revelaram que houve uma melhora no desempenho escolar dos alunos entre o pré o pós-teste. Em relação ao Raven que avaliou o desempenho cognitivo numa abordagem tradicional constatou-se de modo geral, que os alunos mantiveram o bom desempenho obtido no pré-teste. A melhora observada no TDE e Raven também se fez presente na avaliação assistida através do PBFD. Nessa modalidade de avaliação, no pós-teste os alunos utilizaram melhor a assistência recebida. Embora não se possa afirmar que os professores tenham utilizados os princípios da teoria, preliminarmente estes resultados mostram que alunos com bom desempenho escolar e cognitivo quando submetidos a diferentes abordagens de avaliação tendem a manter ou melhorar o desempenho. Independentemente da mediação pedagógica com os professores não se pode ignorar a influencia de outros fatores que estiveram presentes nesse tempo de escolarização.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq; Fundo Institucional de Desenvolvimento de Pesquisa e Extensão /FIDPex-UNEMAT

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Bom Rendimento, Professor, Avaliação

E-mail para contato: pedagogacac@hotmail.com