60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

GENEALOGIA DA CRÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL

Arthur Henrique de Oliveira1, 2
ARTHUR HENRIQUE DE OLIVEIRA1, 2
Maria Elice Brzezinski Prestes1, 2, 3

1. Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência
2. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
3. Prof. Dra. - Orientador


INTRODUÇÃO:
A degradação ambiental, em escala mundial, é algo historicamente novo que adquiriu grande relevância nas últimas décadas. Os últimos cinqüenta anos foram marcados profundamente pela rapidez das mudanças ocorridas nas formas de interação da sociedade com o meio ambiente. No século XVIII, muito antes do que se costuma imaginar, já se discutia as conseqüências sociais, econômicas e políticas da devastação das florestas, erosão e esgotamento do solo, mudanças climáticas, extinção de espécies animais e vegetais. Mas em relação a este capítulo da história que trata da origem do pensamento e da crítica ambiental brasileira inexiste uma produção historiográfica abundante, existindo sim uma lacuna rotineira tanto nos livros de história, como na literatura ambiental especializada. No Brasil, a consciência crítica em relação à degradação ambiental costuma ser identificada como algo recente, uma problemática importada dos países desenvolvidos, mas diversos pensadores e profissionais das mais diversas áreas contribuíram para a gênese do pensamento e da crítica ambiental muito antes do que convencionalmente se imagina como sendo o momento de origem desse tipo de debate. Dentre esses profissionais destacamos a importante atuação de Aberto José de Sampaio durante a década de 1930.

METODOLOGIA:
A metodologia adotada foi basicamente a pesquisa de revisão bibliográfica de fontes primárias e secundárias, consulta a sites oficiais na internet, periódicos e jornais.

RESULTADOS:
No século XIX a destruição da natureza foi um tema tratado com ênfase e centralidade por José Bonifácio de Andrade e Silva. As críticas formuladas por Bonifácio foram retomadas mais tarde nas obras de Joaquim Nabuco, André Rebouças e posteriormente nas obras de Alberto Torres (1865-1917) e Alberto Sampaio (1881-1946). Durante os dias oito e quinze de abril de 1934 ocorreu o primeiro evento nacional oficial brasileiro a tratar especificamente de temas ligados ao meio ambiente: A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza. O relator da conferência foi Alberto Sampaio, que atuou também como organizador e expositor. Sampaio escreveu diversos artigos, ministrou diversas conferências e cursos, que mais tarde forneceram subsídios para a publicação dos livros Phytogeographia do Brasil (1934) e Biogeographia Dynamica: A natureza e o homem no Brasil (1935). Participou de diversos eventos internacionais relacionados à proteção à natureza. Seu nome figura em uma espécie de escorpião (Tytyus sampaiocrulsi, homenagem de Mello Leitão) e algumas espécies vegetais (Dahlbergia sampaioana e Lavoisieira sampaioana respectivas homenagens de Kuhlmann e Hoehne, e Mello Barreto), homenagens que indicam sua posição de destaque no meio científico e a admiração de seus contemporâneos.

CONCLUSÕES:
Os debates em torno dos problemas ambientais se intensificaram no início do século passado. Pode-se notar a relevância da questão, sobretudo, nas obras de Alberto Torres e Alberto José de Sampaio. O comportamento predatório não é algo recente no Brasil, ele não se restringe ao início do século XX e nem aos últimos séculos de industrialização, o que é novo é a escala dos instrumentos de degradação. Um fato que merece destaque nas obras de Sampaio é o tratamento da questão educacional como projeto nacional. E apesar da preocupação com a natureza ser um assunto que já havia despertado a atenção de setores importantes da sociedade, urgia a necessidade de um programa efetivo que garantisse a sua realização, e tal projeto deveria ter por base uma estrutura triangular: tecnologia, educação e a atuação do poder público. Nessa perspectiva seu programa assemelha-se muito aos programas atuais de atuação no campo da educação ambiental. Apesar da importância da sua obra, Alberto Sampaio e muitos outros que se dedicaram às questões ambientais foram ofuscados durante a Era Vargas e pelos governos posteriores, e o que mais surpreende é que eles tenham sidos esquecidos, inclusive, pelos próprios ambientalistas brasileiros.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  história ambiental, educação ambiental, proteção à natureza

E-mail para contato: swamiarthur@terra.com.br