60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

SEXUALIDADE: RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Angela Maria Melo Pantoja1

1. Universidade Federal do Pará
2. Secretaria Estadual de Educação


INTRODUÇÃO:
Em virtude do alto índice de adolescentes grávidas em uma Escola da Rede Municipal de Ensino de Belém do Pará, surgiu a necessidade de investigar sobre as causas que interferem nessa problemática, propondo alternativas de ação para amenizar a situação. Inicialmente foi feito um estudo que apontou a dificuldade de diálogo entre os jovens e seus pais/mães ou responsáveis como principal fator da questão analisada. Partindo dessa análise, foi realizado na escola um trabalho de orientação sexual junto aos jovens e adolescentes envolvendo também seus pais/mães ou responsáveis, objetivando facilitar o relacionamento entre eles, bem como discutir e orientar sobre a temática da sexualidade. Essa preocupação em proporcionar em especial aos jovens e adolescentes, em idade transicional, uma orientação sexual que os capacite a viver a sexualidade com liberdade e em plenitude, constitui uma imprescindível tarefa da escola. Como veículo de orientação para tornar essas informações aceitáveis, a escola necessita substituir a falta de informação adequada por uma atitude nova, de conhecimento, de respeito e de inteligência, característica de uma educação formativa, capaz de preparar cidadãos para administrar racionalmente a sua sexualidade.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em uma Escola da Rede Municipal de Ensino de Belém, situada em um bairro de periferia. A primeira etapa do estudo constou da aplicação de dois questionários. Um questionário foi aplicado junto a 25% dos estudantes matriculados no terceiro e quarto ciclos no Ensino Fundamental, com idade entre 12 a 17 anos. O outro questionário foi aplicado aos pais/mães ou responsáveis desses alunos. Esses questionários visavam identificar as causas do elevado índice de gravidez nas adolescentes, bem como caracterizar o relacionamento entre pais/mães ou responsáveis e filhos. Com base nos resultados obtidos, foi realizado um Projeto de Ação pedagógica, voltado para a Orientação sexual envolvendo pais/mães ou responsáveis e filhos, através de mecanismos de interação entre a escola e a família e de esclarecimentos sobre a temática sexualidade. Tal projeto foi desenvolvido a partir de mecanismos de interação entre a família e a escola, como fóruns de discussão, Oficinas de culinária, pintura e organização de eventos esportivos para os pais/mães ou responsáveis, além de mecanismos de integração entre pais/mães ou responsáveis e filhos, como montagem de grupos de teatro e dança, debates sobre a sexualidade e mini-cursos e oficinas sobre a temática.

RESULTADOS:
Os resultados obtidos na aplicação dos questionários evidenciaram que os jovens e os adolescentes em sua maioria apresentam inquietações quanto ao relacionamento entre as pessoas que convivem com eles em casa, o que interfere no diálogo, sobretudo relacionado à sexualidade. Nesse sentido, os dados mostram que os jovens sentem dificuldades de aceitação e de compreensão do processo de mudanças físicas e temem partilhar seus problemas pessoais com seus familiares por vergonha e medo de serem reprimidos. Os pais/mães ou responsáveis, por outro lado, pouco conversam sobre o tema com os filhos, pela falta de informações mais consistentes sobre o assunto. Para eles, a escola deveria fornecer o grande suporte nessa área. A partir da utilização dos diversos mecanismos previstos no Projeto de Ação referentes à interação família e escola e de esclarecimentos sobre a temática da sexualidade, observou-se a maior participação dos pais/mães ou responsáveis nas atividades desenvolvidas pela escola, principalmente nas reuniões do Conselho de Ciclo. Eles começaram a questionar com os professores sobre o comportamento dos filhos na escola, demonstraram maior interesse e cuidados, ocorrendo uma interação positiva entre os pais e os filhos.

CONCLUSÕES:
Nesse estudo, observa-se que apesar dos alunos do ambiente pesquisado, morar com os pais ou responsáveis, o diálogo quando existe, dificilmente está relacionado aos problemas da sexualidade. As famílias esperam que a escola forneça essas orientações, por tê-la como um dos espaços em que os filhos deveriam receber tais informações. Percebe-se que as famílias não concebem o fenômeno da sexualidade na plenitude, como algo necessário à formação de todos, pelas limitações de conhecimento sobre o assunto. A atitude dos jovens tem a ver com o comportamento familiar, com implicações no ambiente escolar. Há indícios de que a escola pouco trabalha essas questões, pois são poucos os alunos que procuram os professores para conversar sobre esse assunto, preferindo dividir seus problemas pessoais com os amigos. Um fator que pode estar contribuindo para esse baixo índice de apoio da escola é a falta de sintonia desta com as famílias. Nessa perspectiva, os resultados indicam a importância de um trabalho desse tipo para a garantia de maior entrosamento familiar, há, pois a necessidade de se realizar um trabalho mais efetivo relacionado à orientação sexual que envolva além dos estudantes seus pais ou responsáveis, estabelecendo vínculos afetivos facilitadores do diálogo entre esses sujeitos.

Instituição de fomento: Universidade Federal do Pará

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Sexualidade na Adolescência, Relação Família e Escola, Diálogo

E-mail para contato: angelamariapantoja@yahoo.com.br