60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 80. Serviço Social

SERVIÇO SOCIAL NO ABRIGO DESEMBARGADOR OLÍVIO CÂMARA: UMA ANÁLISE DO CAMPO DE ESTÁGIO.

Amanda Criste Nobre Maia1

1. Universidade Estadual do Ceará


INTRODUÇÃO:
O trabalho consiste em uma análise institucional com ênfase no campo de estágio em Serviço Social do Abrigo Desembargador Olívio Câmara – ADOC, o qual está situado em Fortaleza. O ADOC se caracteriza como abrigo especializado em acolher crianças e adolescentes com deficiência mental oriundos de famílias de baixa renda e/ou em situação de abandono, configurando-se como o único abrigo a atender a demanda supramencionada no Estado do Ceará. O estudo tem como objetivos: analisar o campo de estágio em Serviço Social no ADOC, compreendendo os limites e as perspectivas encontrados pelo aluno-estagiário no processo de aprendizado da prática profissional na instituição; verificar a existência e a atuação efetiva dos técnicos de apoio, no sentido de supervisionar e orientar o estagiário em suas atividades; vislumbrar as atribuições dos estagiários e a possível interpretação da presença dos mesmos na instituição enquanto mão-de-obra barata. Assim, compreendemos o estágio em Serviço Social como elemento integrante da formação profissional que se fundamenta no principio de uma educação continuada e não meramente em uma qualificação adquirida e acabada; e, desta maneira, acreditamos ser de suma importância a discussão sobre a temática.

METODOLOGIA:
Os procedimentos utilizados foram visitas de campo; entrevista semi-estruturada, com uma assistente social e duas estagiárias de Serviço Social; pesquisa documental no acervo da instituição; análise dos dados coletados; elaboração do relatório.

RESULTADOS:
O Serviço Social na instituição estudada atua na perspectiva de manutenção e/ou (re) estabelecimento dos vínculos familiares – fragilizados ou rompidos com a institucionalização – entre abrigado e família, com a finalidade de favorecer o desligamento daquele para o convívio sócio-familiar. Além disso, o Setor Social gere o Programa de Atendimento ao Excepcional – PRAE, o qual tem por objetivos auxiliar materialmente as famílias dos egressos da Unidade, bem como evitar a institucionalização de deficientes mentais provenientes de famílias carentes de recursos para o cuidado com os mesmos. Para realizar essas atividades o setor dispõe de uma assistente social e duas estagiárias de Serviço Social. Os limites apontados pelas profissionais foram a insuficiência de recursos humanos, uma vez que há na instituição apenas uma assistente social que atende 85 famílias beneficiadas pelo PRAE e as demandas do 62 abrigados que compõem a população do ADOC. Quanto aos recursos materiais, que são escassos, o setor dispõe de uma linha telefônica exclusiva, no entanto existe apenas um carro à disposição da equipe técnica, o que acaba por dificultar a realização de visitas domiciliares e o acompanhamento efetivo da clientela. Com relação às estagiárias, pudemos perceber que ambas desempenham as mesmas funções da assistente social e têm autonomia para tomar decisões. No que diz respeito à supervisão da técnica de apoio, nem sempre é efetiva, dadas as circunstâncias em que a demanda excessiva impele cada uma das profissionais a uma atividade distinta. Outrossim, as estagiárias analisam o campo de estágio como enriquecedora, tanto em termos de interação teoria-prática como no que se refere à formação humana. Elas consideram o trabalho que desenvolvem como cansativo e desgastante, mas ao mesmo tempo apaixonante.

CONCLUSÕES:
Ao longo do Estudo constatamos que, embora o estágio em alguns campos de atuação perca o caráter de mediação entre os conhecimentos teóricos e a prática profissional no campo pesquisado existe uma clara orientação e busca por referenciais teóricos para embasar a prática, principalmente as legislações que orientam o trato com crianças e adolescentes, deficientes mentais, assim como as regulamentações da Assistência Social. Não obstante a isso, percebemos que dada a insuficiência de recursos humanos no Serviço Social, os estagiários são identificados como profissionais, perdendo o caráter da formação acadêmica complementar e assumindo atribuições que requerem minimamente supervisão e orientação. Vale ressaltar como pontos fortes apontados pelas entrevistadas a interação com a equipe multidisciplinar e a articulação com a rede social existente no Estado e no município. Ainda neste sentido, salientou-se que apesar das dificuldades vivenciadas no cotidiano profissional, existe a afinidade com a clientela atendida e a busca por viabilizar a tais sujeitos os direitos que lhe são assegurados constitucionalmente para uma vida mais digna. Concluímos, desta maneira, considerando o campo de estágio em Serviço Social como desafiador, onde os recursos escassos e a imediaticidade do cotidiano impelem os profissionais em formação a uma intervenção sem a devida reflexão. Neste contexto é relevante desenvolver uma capacidade de análise para decodificar a realidade social de modo a superar as aparências que se apresentam no decorrer da prática, realizando as mediações necessárias para a compreensão dos fenômenos e a intervenção sobre os mesmos.



Palavras-chave:  Serviço Social, Estágio, Cotidiano

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