60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & EDUCAÇÃO QUILOMBOLA: INTERFACE CURRICULAR

Ronaldo Eustáquio Feitoza Senra1
Michèle Sato2

1. 1- Pedagogo, mestrando em Educação PPGE/UFMT
2. 2- Docente UFMT, orientadora


INTRODUÇÃO:
Na Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento - MT, percebemos diversas manifestações culturais como: a relação com a terra, seus costumes, sua história e o ambiente do entorno. Podemos relatar que há um processo educativo, mesmo que seja de certa forma como um currículo velado. O objetivo desta pesquisa é compreender como ocorre este processo educativo na comunidade e qual a percepção dos professores sobre os temas: currículo, educação, projetos e ambiente. Quais aspectos curriculares que entrecruzam a questão da Educação Ambiental-EA e da Educação Quilombola? A EA como um campo do conhecimento pode ser um elemento de luta e de fortalecimento da Educação Quilombola, que só agora recentemente está sendo discutida. O Projeto Ambiental Escolar Comunitário-PAEC, como proposta pedagógica, contribui para a valorização e o diálogo dos conhecimentos desta comunidade. Além dos conteúdos pedagógicos, a interface curricular entre a EA e a Educação Quilombola dialoga com processos educativos socioambientais. Podemos assim, afirmar que a EA ao fazer a interlocução entre o currículo da escola, formal, e o currículo da vida, informal, estará sendo alicerce para que a Educação Quilombola se fortaleça neste processo de educação diferenciada, ou seja, libertador.

METODOLOGIA:
A proposição metodológica desta pesquisa é fenomenológica na descrição e compreensão dos processos educativos da Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, e na contribuição da EA como forma da relação entre pessoas-escola-comunidade. O olhar perceptivo se faz presente na interface entre um currículo da EA e da Educação Quilombola como forma de uma educação progressista. Sem evidenciar um mestre que ensina e demais que aprendem, mas consubstanciada nos ideários de Coletivos Educadores de que as “Pessoas Aprendem Participando (PAP)” ,esta pesquisa também tem o caráter de Pesquisa Participante. A pesquisa assume que o ser humano aprende em comunhão e que somos todos educadores e educandos, partes intrínsecas e conectadas na ciranda educativa do ambiente quilombola.

RESULTADOS:
Como resultado prévio desta pesquisa, nota-se pelas observações, que a relação escola-comunidade acontece de maneira intensa, onde a escola participa de todo o processo durante as festas, rezas e eventos culturais da Comunidade Quilombola de Mata Cavalo. Outro resultado que podemos destacar é a importância da escola para a comunidade, onde o nome da escola é o mesmo nome do padroeiro da comunidade, São Benedito. E assim, que for implementado um Tele-Centro na comunidade com: biblioteca, computadores e estrutura para uma rádio comunitária, o local escolhido será dentro da escola que ganhará estrutura de cimento e tijolo. Mesmo sendo a escola de material de palha, ela representa a força e a identidade daquelas pessoas, como forma de resistência e luta, como relata alguns moradores. A EA ao propor que a escola de Mata Cavalo crie-e-recrie o seu PAEC está contribuindo para que a Educação Quilombola seja cada vez mais elemento de luta contra as injustiças socioambientais.

CONCLUSÕES:
No princípio podemos acreditar que a única diferenciação dos Projetos Ambientais Escolares Comunitários-PAEC, com os outros tipos de projetos desenvolvidos na escola, é a implementação da nomenclatura Ambiental e Comunitária, ou até mesmo podemos afirmar que "a escola já trabalha com temas ambientais", contudo os PAEC representam uma postura pedagógica muito inovadora, já que primeiramente ela considera a escola não somente em sua estrutura interna, mas principalmente engloba e desperta para o contexto socioambiental a qual está inserida a escola, sendo que este contexto exerce fortes influências sobre a mesma e vice-versa. Assim, a comunidade do entorno escolar, ou a comunidade de um modo geral, pode possibilitar inúmeras compreensões e aprendizagens de forma muito mais significativa do processo de ensino-aprendizagem constituindo a interface curricular que tanto é reivindicada pelos discursos pedagógicos. Acreditamos assim, que possa haver um verdadeiro diálogo entre a comunidade e a escola e que neste abrir os portões se passem sonhos e utopias de uma EA e Educação Quilombola libertadora e emancipatória.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq



Palavras-chave:  Educação Ambiental, Educação Quilombola, Currículo

E-mail para contato: bolinhasenra@yahoo.com.br