60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A fabricação de carvão vegetal no Estado do Amazonas é feita de forma quase rudimentar, baseando-se em uma atividade familiar ao longo das estradas e comunidades rurais como forma de subsistência, com a completa falta de informação tecnológica. Esses empecilhos refletem também no comércio em Manaus centro de maior distribuição, tornando-o irregular. Através do levantamento de número de famílias que trabalham com a comercialização de carvão vegetal nas áreas adjacentes ao projeto PROSAMIN no bairro de Educandos, foram observadas as condições de trabalho que estão submetidos e ao analisar o carvão vegetal (análise química imediata), obteve-se a qualidade do produto. A partir desses resultados pôde-se ver a dimensão da situação do segmento e propor melhorias.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi feita através de entrevistas baseadas nas questões sócio-econômicas aplicadas a 16 pessoas (funcionários, patrões e transportadores). Foram feitas visitas aos órgãos responsáveis como o IPAAM, IBAMA, SEMMA e Vara do Meio Ambiente. Foram feitas coletas da amostra de carvão em cada ponto de venda para a análise química imediata - teor de umidade, cinzas, materiais voláteis e carbono fixo, conforme a norma ASTMD- 1762-64, com o intuito de encontrar as suas propriedades. Houve registro fotográfico com autorização dos entrevistados.

RESULTADOS:

Através das entrevistas, foi identificado como um grupo que atua neste setor exclusivamente por falta de opção no mercado de trabalho. É um grupo muito carente tanto na infra-estrutura do local de trabalho como no poder aquisitivo. Os funcionários exercem suas tarefas sem nenhum equipamento de segurança, ainda sim o percentual de pessoas que dizem não ter problemas de saúde é alto, a falta de instrução também é um dos fatores que mais influenciam nas condições. Em visita aos órgãos públicos, foi diagnosticado que não existe nenhum histórico de processos ou denúncias de infração ao ambiente, embora não ocorra nenhuma ação específica de controle ou melhoria neste segmento. Quanto à qualidade do carvão, foi verificado que o teor umidade apresentou-se alta devido à estocagem. O conteúdo de materiais voláteis e carbono fixo são influenciados pela temperatura e foram superiores em algumas amostras coletadas.

CONCLUSÕES:

As atividades carvoeiras permanecem no Estado como fonte de subsistência, logo na área comercial do bairro de Educandos não é diferente, pois a partir do percentual obtido, mostra-se um valor alto de pessoas de baixa renda e com pouco grau de instruções, a falta de incentivos na educação como e conscientização para uma melhor fabricação e comercialização de carvão são causas das conseqüências citadas acima. Na observação de alguns órgãos responsáveis, eles alegaram ter pouca atuação devido à falta de contribuição por parte dos governantes, o que não justifica o descaso com o segmento. Nas análises químicas observa-se que os valores percentuais de umidade, cinzas e carbono fixo são toleráveis de acordo com as normas, porém o nível de materiais voláteis foi muito acima, serão feitos novos testes, para verificar se ocorre variações ao longo de um ano de produção. Até que medidas políticas sérias sejam adotadas pelos governos fiscalizando, informando e conscientizando a população carvoeira, a eles resta a exclusão, não só econômica como também – e sobretudo – pessoal, caracterizado pelo preconceito e marginalização. Para mitigar a poluição e destruição dos recursos florestais é fundamental a transferência das tecnologias apropriadas e uso de resíduos existentes na região.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: carvão vegetal, análise sócio-econômica, produção

E-mail para contato: mac@inpa.gov.br