60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

AVALIAÇÃO DO TEOR DE CLORO E DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DESTINADA AO CONSUMO PUBLICO

MARINA GUMIERE ALVES1
LUIZ HUMBERTO GOMES2
FLAVIO CESAR ALMEIDA TAVARES2

1. Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - USP - Microbiologia Agrícola
2. Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - USP - Dep. Genética


INTRODUÇÃO:
O controle de qualidade da água distribuída nas cidades está cada vez mais rígido devido a problemas de saúde associados ao suprimento público de água. Antes de ser disponibilizada à população, a água deve passar por processos de purificação, desinfecção e também uma checagem para certificar-se que está segura. Controles microbiológicos são realizados para detectar a presença de microrganismos indicadores de contaminação, como Coliformes Totais e Fecais e Contagem Total de Microrganismos. Os indicadores são utilizados para assegurar que a água está livre de patógenos entéricos. A qualidade microbiológica da água é assegurada quando um agente desinfetante está presente, mais comumente o cloro, que deve estar numa concentração mínima para que sua ação seja efetiva. Os Sistemas de Abastecimento de Água fazem o controle da concentração de cloro, além do controle microbiológico, somente até a chegada da água tratada na residência, não avaliando a água armazenada. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água distribuída na cidade de Piracicaba–SP, analisando a concentração de cloro e a presença de bactérias indicadoras de contaminação em amostras de água coletadas em vários pontos da rede de distribuição do município, inclusive em águas armazenadas nas residências.

METODOLOGIA:
A área de estudo localiza-se na cidade de Piracicaba - SP, e as análises realizadas foram a partir das águas tratadas na Estação de Tratamento de Água ETA 3 – Capim Fino, Sistema de Municipal de Água e Esgoto. As amostras foram coletadas em pontos estratégicos antes e após o tratamento, onde se localizam os principais reservatórios de distribuição e em residências abastecidas por eles. As amostras foram coletadas em frascos de 500ml, previamente autoclavados contendo 0,5% de tiossulfato de sódio para neutralizar a ação do cloro, e conservadas a temperatura de 5º C até a chegada ao laboratório onde foram analisadas imediatamente. As medições dos teores de cloro foram realizadas no momento da coleta através do método colorimétrico, por um funcionário especializado do SEMAE, o qual também acompanhou todos os procedimentos de amostragens. As amostras foram submetidas a testes microbiológicos convencionais para determinar a potabilidade segundo a Portaria nº518 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde e os procedimentos analíticos adotados foram segundo APHA, 2005.

RESULTADOS:
Todas as amostras residenciais apresentaram uma redução significativa do teor de cloro da água armazenada em relação à água distribuída. Em quatro residências a concentração de cloro da água armazenada apresentou resultado abaixo do limite mínimo exigido. A falta de manutenção nos reservatórios residenciais pode ter contribuído para a redução na concentração de cloro, e no caso de alguns domicílios, a presença de filtro de carvão ativado na entrada de água também foi um agravante. Estes filtros ajudam na manutenção da qualidade da água no ato do consumo, mas dependendo de sua localização na residência, pode comprometer a qualidade da água que ficará armazenada. A água distribuída, a partir do ETA 3, neste período estava dentro dos limites exigidos apresentando-se própria para consumo. Todas as amostras do sistema apresentaram resultado satisfatório para contagem total de microrganismos e pesquisa de coliformes fecais. Contudo, nove amostras apresentaram resultado positivo para a pesquisa de coliformes totais, seis de água armazenadas em residências. Estes dados demonstram a importância da análise de amostras residenciais e manutenção dos reservatórios, pois um ambiente favorável para o crescimento microbiano pode acarretar no comprometimento da saúde do morador.

CONCLUSÕES:
Residências apresentaram concentração de cloro abaixo do limite, seja por falta de limpeza no reservatório ou presença de filtro de carvão ativado na entrada. Presença de microrganismos potencialmente patogênicos, indicados pela presença de coliformes totais. Como as análises de controle de qualidade de água são realizadas somente até a chegada da água nas residências, sugere-se que as amostragens fossem estendidas até as torneiras internas das residências, para assim obter dados mais amplos em relação à água consumida, demonstrando o perigo e assim conscientizando a população da importância da limpeza nas caixas de armazenamento de água. O uso de filtros de carvão ativado pode ajudar na manutenção da qualidade da água no ato do consumo, mas dependendo de sua localização na residência, pode comprometer a qualidade da água que ficará armazenada. Sendo assim, o ideal seria que os filtros de carvão ativado, fossem posicionados na saída do armazenamento do domicílio, ao invés da entrada da água na residência, como foi constatado, para assim ter uma ação mais efetiva não comprometendo a qualidade da água a ser consumida pelo morador.

Instituição de fomento: CNPq



Palavras-chave:  Qualidade da água, coliformes, teor de cloro

E-mail para contato: mgumiere@esalq.usp.br