60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem

ANÁLISE DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO DO ENFERMEIRO COM O CLIENTE SURDO: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

Maisa de Sousa Santos1
Ana Karina Marques Salge2

1. Graduanda Fac. de Enfermagem-UFG / Bolsista Programa de Educação Tutorial
2. Prof. Drª/ Orientadora/ Fac. Enfermagem - UFG


INTRODUÇÃO:
A enfermagem trabalha com o diagnóstico e tratamento das respostas humanas à saúde e a doença, é, portanto, prestadora de cuidados de saúde à população. O Sistema Único de Saúde em vigor no Brasil veio garantir a toda a população, um atendimento universal, equânime, integral, entre outros, mas exigindo também uma nova forma de agir e pensar da equipe de saúde sobre o cliente como ser histórico, temporal e criador. A enfermagem, contudo, vivencia dificuldades na comunicação com os pacientes/clientes surdos. Conforme a lei nº. 10.436 de 2002, o serviço público de saúde deve garantir atendimento e tratamento adequado aos surdos e as instituições devem apoiar a capacitação e formação de profissionais da rede SUS para o uso de Língua Brasileira de Sinais - Libras e sua tradução e interpretação. Sendo assim, o objetivo do estudo é analisar a produção científica da enfermagem sobre a sua relação com o cliente surdo sob a ótica do enfermeiro e do cliente, as formas de comunicação/relação e a visão da equipe sobre a Libras.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo bibliográfico, exploratório-descritivo. A busca por artigos científicos referentes ao tema, foi efetuada no mês de fevereiro de 2008, no site do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), no link de ciências da saúde em geral, scielo, lilacs e medline. A escolha por tais bases deu-se pelo fato da BIREME ser um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde, que objetiva contribuir para o desenvolvimento da saúde, fortalecendo e ampliando o fluxo de informação em ciências da saúde. Os critérios para a seleção dos artigos foi apresentar 3 palavras em seu texto: surdez, enfermagem e comunicação. Como resultado da primeira busca foram encontrados 32 artigos. Entretanto, houve a necessidade de um refinamento, pois algumas produções embora possuíssem algum dos termos delimitados na busca, não tratavam do assunto de interesse do estudo; outras datavam anteriormente a 2001 que foi a data delimitada para o estudo; e outras ainda, não possuíam resumo em sua base de dados impossibilitando verificar se pertenciam ao tema. Após o refinamento, restaram 8 textos.

RESULTADOS:
Os textos utilizados nessa pesquisa, concluem que há uma barreira na relação entre enfermeiro e cliente surdo devido à dificuldade de comunicação existente entre eles. Os enfermeiros sentem-se insatisfeitos e tensos no atendimento ao cliente surdo, e este enfrentam medo, insegurança e frustração quando necessitam do serviço prestado pelos enfermeiros. As tentativas de comunicação incluem a mímica, a escrita e o acompanhante do cliente, mas na maioria dos casos, não se estabelece uma comunicação eficaz, especialmente por não permitir ao surdo participar de seu processo saúde-doença. Os enfermeiros sugerem como solução a essa dificuldade uma melhor formação acadêmica e a aprendizagem de Libras pelos profissionais. Os clientes surdos acreditam que a solução está na aprendizagem de Libras, ou na contratação de intérpretes pelos hospitais. Alguns trabalhos e estratégias são realizados por enfermeiros na busca de um atendimento mais humanizado ao cliente surdo, mas percebe-se que essas são ações isoladas, de pequeno porte, pouco investimento e pequena divulgação.

CONCLUSÕES:
A pessoa surda necessita ser reconhecida, compreendida e respeitada. É necessário o conhecimento por parte dos enfermeiros da realidade da população surda, suas necessidades, sua cultura e capacidades. A Libras é uma língua completa, com estruturas gramaticais próprias, e o que a diferencia das demais é apenas a sua modalidade espacial-visual. Apesar de ser tão importante para o desenvolvimento e comunicação dos surdos, a maioria dos enfermeiros não conhece a língua e julga-a como sendo apenas mímica e gestos soltos. O decreto nº 5.626 de 2005, expõe que o ensino de Libras torna-se obrigatória nos cursos de licenciatura e optativa para os demais cursos de graduação, mas os enfermeiros reclamam a pouca formação que recebem sobre a comunidade surda e a Libras. O decreto também assegura apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de Libras, mas estes revelam a existência de descaso e desinteresse da maioria dos hospitais em auxiliar e orientar os profissionais. Entretanto, algumas melhorias podem ser percebidas por parte de enfermeiros ou instituições, trabalhando com muita responsabilidade, conhecimento técnico-científico, criatividade e humanização.

Instituição de fomento: Faculdade de Enfermagem / Universidade Federal de Goiás - UFG

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  comunicação, enfermeiro, surdo

E-mail para contato: maisamusic@yahoo.com.br