60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO DA INCLUSÃO DO JOVEM/ ALUNO EM RELAÇÃO AO USO ORAL DA NORMA PADRÃO DE UMA LÍNGUA

Suziane de Santana Vasconcellos1

1. UERJ


INTRODUÇÃO:
Apesar dos esforços que têm sido envidados para melhorar a educação no Brasil, as escolas ainda são alvos de muitas críticas quanto a suas práticas didáticas e aos resultados de aprendizagem dos alunos, especialmente no que diz respeito à aquisição da linguagem oral, a qual esta pesquisa enfoca. Tendo em vista que o confronto entre variedades lingüísticas valorizadas e não valorizadas pode estar envolvido neste insucesso, enfocaremos neste trabalho a linguagem utilizada por jovens matriculados em uma escola da rede particular da periferia da cidade de Recife, no Estado de Pernambuco, cuja população atendida é, em sua maioria, composta por famílias do Nordeste e que se comunicam utilizando uma variedade de linguagem considerada como Português Não-Padrão (PNP), diferente daquela exigida pela instituição escolar - o Português Padrão (PP). Buscando o aprofundamento nessas questões e confrontando-as com vivências em sala de aula, pretendemos comprovar que, sem um diálogo permanente entre educadores e educandos, a prática de ensino e aprendizagem pode muitas vezes ser prejudicado, não por incapacidade intelectual do educando e nem por incompetência profissional do educador (na maioria dos casos), mas sim, pela diferença de significação que cada um dá ao que está sendo dito.

METODOLOGIA:
A metodologia utilizada foi à abordagem qualitativa de pesquisa de cunho etnográfico. Coletamos informações através de observação participante, tendo como foco principal as relações entre educador (es) e educandos, através da linguagem oral, no local onde ela acontece, ou seja, na sala de aula. A abordagem etnográfica de pesquisa foi escolhida para este estudo por sua vasta contribuição aos estudos sobre a inclusão escolar, pois ela permite que o adolescente, sujeito pesquisado, torne-se sujeito contribuinte para a construção do conhecimento na pesquisa (MEHAN: 1992; ERICKSON: 1986).

RESULTADOS:
Após os diálogos transcritos analisados notamos a conduta do professor perante a realização de uma regra lingüística não-padrão pelos alunos: ele percebe mais prefere não interferir para não constranger o aluno, muitas vezes ele não intervém mais logo em seguida apresenta um modelo da variante padrão, às vezes ele não percebe a transgressão a regra por falta de atenção e por isso não a corrige, ou ainda não corrige porque ele próprio não identifica a transgressão por não tê-la em seu repertório (o educador não sabe que aquele “erro” foi cometido), ou seja, a regra é invisível para ele; devemos ressaltar que o comportamento dos professores diante da situação de correção varia e depende do tipo de evento que essas regras ocorrem, e que raramente os professores corrigem alunos durante eventos de oralidade. E tais resultados destinam-se à reflexão, da parte de professores e formadores de professores, e a um questionamento sobre as práticas dos educadores atuais sobre a linguagem oral.

CONCLUSÕES:
O papel do educador é essencial para que haja o uso adequado da fala, pois quando o usuário se apropria da língua com mais conforto (sem preconceitos ou exclusões) o letrado passa a usar com naturalidade a língua em contextos e condições variadas. Contudo para que isso realmente ocorra, no ambiente onde foi realizada a pesquisa (sala de aula) não deve haver línguas superiores ou inferiores, pois cada variação lingüística tem a sua própria integridade, seu sistema de valores e costumes. O educador deve respeitar cada variação do educando.



Palavras-chave:  INCLUSÃO, NORMA PADRÃO DE UMA LÍNGUA, AMBIENTE ESCOLAR

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