60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática

TRIÂNGULOS MARAVILHOSOS

Adegundes Maciel1
Débora Cézar2
Adriane Florencio3

1. Prefeitura da Cidade do Recife
2. Fundação de Ensino Superior de Olinda
3. Programa Nacional de Inclusão de Jovens - PROJOVEM


INTRODUÇÃO:
O vídeo didático de Matemática tem atravessado décadas de dificuldades na sua exposição em sala de aula. Segundo comentários, em debates nas aulas de pós-graduação de Metodologia do Ensino Superior na UFRPE: “falta capacitação profissional para executar metodologias desta natureza, principalmente no Ensino Fundamental”. Assim como afirma Sonia Sette (1998) "software é software, educativo somos nós", na mesma direção podemos afirmar que não existiria vídeo-didático, mas aquele com matéria significativa, objetivos bem definidos e mediador preparado em condições favoráveis para poder torná-lo didático ou educativo. Apresentamos, nesta oportunidade, novas investigações experimentais, continuidade de um trabalho iniciado com alunos do PROJOVEM em 2007, no qual aplicamos o vídeo “Por que Triângulos?”, como ferramenta motivadora na aprendizagem da Geometria. Nosso objetivo, desta vez, é verificar como se comporta relativamente o rendimento dos alunos do Ensino Fundamental no 3º e 4º Ciclos com a prática de assistir o mesmo vídeo motivador antes da aula tradicional de Triângulos – seus elementos e sua classificação–, para aqueles que não o assistirão antes da aula expositiva. Como hipótese, estimamos um rendimento próximo dos 30%, em relação àqueles que só assistirão à aula tradicional.

METODOLOGIA:
A experiência realizada no auditório da Escola VG mobilizou 120 alunos sorteados do Ensino Fundamental, metade destes (15 por série – antigas 5ª, 6ª, 7ª e 8ª), para assistir ao vídeo, 24 minutos, para, logo após, assistirem à aula expositiva. Esta, com 9 minutos, composta de elementos fundamentais e classificação dos triângulos, sem acompanhamento escrito pelos alunos, com pincel e lousa pelo professor. No dia seguinte, a outra metade na mesma proporção (15 alunos por série) foi aleatoriamente escolhida, mas não assistindo ao vídeo, participou da mesma aula expositiva do 1º grupo. Os dois grupos responderam um instrumento de 38 perguntas. O vídeo confeccionado mostra imagens estratégicas dos triângulos em estruturas metálicas de cobertas e pilares na construção civil, objetos que impunham segurança e rigidez em suas articulações, assim como: cobertas de aeroporto e centro de convenções, parque de diversões, guindastes, torres de alta tensão... A importância dos triângulos e a demonstração da sua singular propriedade de Rigidez – com a ajuda do metro do pedreiro e participação de alunos no ensaio–. O clipe tem duas paradas internas entre capítulos, para reflexões e interação com os alunos, relativo ao capítulo anterior, podendo ser pausado a qualquer momento, caso necessite.

RESULTADOS:
Nenhum aluno declarou ter assistido a um vídeo de matemática, logo, a novidade proporcionou um momento muito significativo para o 1º grupo. Os alunos do 3º Ciclo (antigas 5ª e 6ª séries) obtiveram um rendimento a mais para os que não assistiram ao vídeo de 29,45% e 29,04% respectivamente. Para os alunos do 4º Ciclo (antigas 7ª e 8ª séries) foram de 20% e 26,65% os rendimentos a mais respectivamente. Ainda devemos recordar que o rendimento, a mais, proporcionado pelo vídeo aos alunos do PROJOVEM, no ano anterior, foi de 27,32%, percentual bem próximo da média geral obtidas por estas turmas (26,29%). Durante os dois intervalos que o filme proporciona, foram percebidos mais comentários do que perguntas: “se o triângulo tiver um ângulo muito aberto, a propriedade de rigidez continua valendo, professor?” – Claro que sim, respondemos. Mas esta pergunta não ocorreu em um dos intervalos como prevíamos. Imagens como do parque de diversão, mostrando a presença incansável de triângulos a favor da segurança, impressionou várias crianças, pois nunca imaginavam como a geometria era importante no funcionamento daqueles brinquedos. O último capítulo do vídeo mostrou os efeitos da propriedade de rigidez no triângulo e muitos sentiram que precisavam testar com a prática também.

CONCLUSÕES:
O tradicional já perdeu espaço para a construção do saber. Trabalhar com projetos é caminho favorável de encontro às novas tecnologias. O Vídeo-Didático deve ser tratado com a mesma importância – impõe planejamento–, interatividade entre aluno/exposição/professor (SERNA, 2000), aplicá-lo à educação, aumenta ainda mais a responsabilidade do mediador, pois este sem experiência pode torná-lo inadequado em qualquer circunstância. “Por que triângulos?” contextualizou o ensino da Geometria, mas também impressionou pela sua característica de mostrar várias aplicações do cotidiano, inclusive a de lazer das crianças – os triângulos impondo segurança aos movimentos da Roda-gigante ou Kamikaze no parque de diversões. A adição de músicas e de lugares bem atrativos pôde torná-lo motivador, capaz de fazer aumentar o rendimento dos alunos, pela atenção dispensada, na aula tradicional. Dos resultados, pudemos concluir que no instrumento de 38 questões, quem assistiu ao vídeo acertou 10 questões a mais em relação a quem não o assistiu. Logo, percebemos que este material, deva ser aproveitado em atividades da Geometria como ferramenta estimulante da aprendizagem. Sim, Vídeo-Didático não existe, nós professores é quem o faremos ou não! Experimente a motivação e o contexto em sua sala de aula.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Triângulos, Vídeo-didático, Geometria

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