60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

OS DESAFIOS DOS ENDEREÇOS RURAIS PARA UM INQUÉRITO EPIDEMIOLÓGICO DOMICILIAR

Jane Kelly Oliveira Silva1
Olga Maria Panhoca da Silva1, 2

1. Departamento de Enfermagem - Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
2. Prof. Drª. - Departamento de Enfermagem - Orientador


INTRODUÇÃO:
No Brasil, o crescente impacto das doenças e agravos não transmissíveis - DANT na saúde da população exigiu ações diferenciadas de vigilância epidemiológica. O principal instrumento utilizado para conhecer a prevalência de fatores de risco, particularmente os comportamentais, são os inquéritos de base populacional (Rouquayrol; Almeida Filho, 2003). O curso de Enfermagem com Ênfase em Saúde Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC situa-se no município de Palmitos, SC e, em virtude dessa localização, possui uma preocupação especial com as populações residentes na zona rural e pequenas comunidades. Os bancos de dados de endereços correspondem a uma das fases iniciais dos projetos de pesquisa que utilizam o modelo de inquérito domiciliar. A dificuldade de se sortear uma amostra de domicílios na zona rural pode ser avaliada pelo obstáculo do acesso, e também pela densidade relativamente fraca de habitantes e de suas residências. Por essa razão, o objetivo deste trabalho é a elaboração de um banco de dados de endereços rurais como base para um inquérito epidemiológico domiciliar, a ser utilizado no município de Palmitos, região extremo oeste do Estado de Santa Catarina.

METODOLOGIA:
Para a pesquisa a ser realizada no município de Palmitos, reproduziu-se o modelo proposto pelo “Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Inca. 2004”, com a adaptação da amostra, sendo que o município de Palmitos possui 16.061 habitantes e uma unidade territorial de 351 km2 (Brasil, 2007). O modelo de amostragem adotado foi o de uma amostra autoponderada com dois estágios de seleção, sendo as unidades primárias os setores censitários; as unidades secundárias, os domicílios. Estimou-se para 2008, 80 domicílios, distribuídos 50% para zona rural e 50% para zona urbana, de acordo com a distribuição da população. Para cada setor censitário utilizou-se uma probabilidade de seleção proporcional ao número de domicílios por ocasião do censo de 2000. Para isso, foram calculadas a fração amostral e a freqüência acumulada de cada setor censitário, resultando no número de domicílios a serem visitados. Para facilitar o sorteio e o percurso, estabeleceram-se segmentos de três domicílios.

RESULTADOS:
Foram realizadas visitas à Agência do IBGE em Palmitos, onde se verificou a delimitação, organização e distribuição dos setores censitários, juntamente com o número de domicílios existentes em cada um. O IBGE disponibilizou a listagem de registro de endereços e também os mapas dos setores censitários, e com eles efetivou-se o sorteio e os mapeamentos rurais e urbanos de todos os domicílios a serem visitados. O único referencial confiável sobre a localização exata dos domicílios da zona rural eram as coordenadas do “GPS”, porém o grupo de pesquisa não possuía o aparelho e não houve financiamento apropriado para esse fim. Por isso, os roteiros de percurso para chegar até os domicílios sorteados foram elaborados com a utilização de pontos de referência, tais como: estradas, salões comunitários, igrejas, nome dos proprietários rurais, estabelecimentos, etc. Os vinte e seis acadêmicos do grupo de pesquisa em epidemiologia foram organizados para ir aos domicílios, conhecer os locais e coletar dados de referência para a elaboração do banco de dados de endereços. O trajeto foi realizado com o carro cedido pela universidade e muitas vezes era preciso percorrer muitos quilômetros até chegar às comunidades em que havia domicílios sorteados para a amostra.

CONCLUSÕES:
Diversos estudos realizados em epidemiologia descrevem que é por meio dos inquéritos domiciliares que se efetua o monitoramento dos fatores de risco para as DANT, resultando em um importante subsídio de intervenção. A dificuldade em se estabelecer medidas de vigilância epidemiológica para as DANT em populações residentes na zona rural e em pequenas comunidades dá-se principalmente pela dificuldade do acesso a essas localidades. A elaboração do banco de dados de endereços teve duração de um mês, sendo percorridos em média 200 km por dia de trabalho na zona rural do município e visitados 40 domicílios, e servirá como base para as próximas etapas da pesquisa.

Instituição de fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Epidemiologia, Inquéritos de morbidade, população Rural

E-mail para contato: janekelly@udesc.br