60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal

DESCRIÇÃO DO CARIÓTIPO DE SATANOPERCA JURUPARI (PERCIFORMES: CICHLIDAE) COLETADO EM UM LAGO DO MUNICÍPIO DE PARINTINS, AM.

Luiz Paulo Batista de Souza1
Aaron Ferreira Machado1
Adailton Moreira da Silva2

1. Bolsista FAPEAM/PAIC, Centro de Estudos Superiores de Parintins, UEA
2. Prof. Mestre, Centro de Estudos Superiores de Parintins, UEA, Orientador


INTRODUÇÃO:
A análise citogenética é uma ferramenta importante para o estudo da biologia, genética e sistemática de muitas espécies de animais. Cerca de aproximadamente 211 espécies de peixes que ocorrem na Amazônia já tiveram seus números cromossômicos descrito, sendo, os Characiformes os mais representados na lista, seguido dos Siluriformes, Perciformes, Osteoglossiformes e Lepidosireniformes. O Satanoperca jurupari, conhecido popularmente como acará-jurupari, é uma espécie classificada dentro da família Cichlidae, ordem Perciformes. Tem uma mancha pequena em forma de ocelo na porção superior da base da nadadeira caudal. Apesar de seu pouco valor comercial esta espécie é importante por representar um grupo de peixes rústicos e de fácil adaptação em ambientes lênticos com pouca oxigenação, características da maioria dos lagos de Parintins. Este trabalho objetiva a descrição do cariótipo do S. jurupari visando contribuir com o conhecimento citogenético da ictiofauna dos lagos da região.

METODOLOGIA:
Foram realizadas coletas no lago do Macurany, perímetro urbano de Parintins, com o auxilio de pescadores profissionais que usaram malhadeiras e tarrafas. Os peixes (6M e 2F) foram transportados para o Laboratório de Biologia CESP-UEA, onde foram acondicionados em aquário com boa aeração. Foi realizada a técnica de indução de mitoses pela aplicação de fermento biológico na região dorsal do animal. Para a obtenção cromossômica foi injetada colchicina a 0,0125% na região peritoneal. O material celular obtido do rim posterior e anterior foi submetido a hipotonização com KCL (0,075M) e fixação com Metanol:Ácido acético (3:1). Após ficar em refrigeração por 24 horas, o material foi pingado em lâminas devidamente limpas, identificadas e pré-aquecidas em banho-maria a 80oC. Depois de secas foram coradas usando solução de GIEMSA (5% em tampão fosfato, pH 6,8) por 15min. Posteriormente, as lâminas foram analisadas em microscópio para a determinação do número diplóide e morfologia cromossômica. As melhores metáfases foram fotografadas e montadas os seus respectivos cariótipos. O cariótipo foi montado de acordo com o já descrito na literatura, em ordem decrescente de tamanho e agrupados de acordo com a morfologia cromossômica (M-SM e ST-A).

RESULTADOS:
A partir da análise das lâminas o número diplóide foi determinado como sendo 2n = 48 cromossomos. Após a montagem dos cariótipos, foi observada duas fórmulas cariotípicas: uma apresenta 4 meta-submetacêntricos, 44 subtelo-acrocêntricos. A outra apresenta 6 meta-submetacêntricos, 42 subtelo-acrocêntricos. Estes resultados estão de acordo com os dados descritos na literatura que foram observados nos animais coletados nos lagos da Marchantaria e Catalão (confluência do rio Amazonas e rio Negro, próximo a Manaus, AM) que apresentaram 2n=48 e três fórmulas cariotípicas: a primeira com 4 meta-submetacêntricos e 44 subtelo-acrocêntricos; a segunda com 5 meta-submetacêntricos e 43 subtelo-acrocêntricos; e a terceira com 6 meta-submetacêntricos e 42 subtelo-acrocêntricos. A comparação com a descrição dos coletados em outras regiões demonstram que a espécie S. jurupari está em processo evolutivo acentuado em suas fórmulas cariotípicas enquanto o seu número diplóide permanece inalterado o que é comum na maioria das espécies da família Cichlidae.

CONCLUSÕES:
A comparação e a descrição dos cariótipos deste trabalho contribuem para o aumento do conhecimento citogenético das espécies da ictiofauna da região de Parintins, AM. A espécie S. jurupari está em processo evolutivo cariotípico intenso que é demonstrado por sua variação nas fórmulas cariotípicas. Por outro lado, o número diplóide permanece inalterado sendo isto uma tendência na família Cichlidae. Portanto, os cariótipos descritos neste trabalho são simpátricos podendo ser dois citótipos ou duas espécies diferentes que necessitam de estudos sistemáticos consistentes para definir a situação taxonômica.

Instituição de fomento: FAPEAM, Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Cariótipo, acará-jurupari, Parintins

E-mail para contato: luizpaulo1989@yahoo.com.br