60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

A RELAÇÃO DE GÊNERO OBSERVADA ATRAVÉS DO INDICADOR APVP ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS. SANTA CATARINA

Tiago Santer1, 2
Olga Maria Panhoca da Silva1, 2, 3
Jane Kelly Oliveira Silva1, 2
Roseli Rezende1, 2

1. Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
2. Departamento de Enfermagem
3. Prof. Drª. Olga Maria Panhoca da Silva. -Departamento de Enfermagem - Orientador


INTRODUÇÃO:
Homens e mulheres possuem processos de desenvolvimento físico e cognitivo que se diferenciam por fatores biológicos, comportamentais e culturais (Silva, 2007), definindo conceitos e comportamentos entendidos como gênero, e levam as pessoas ao binarismo masculino/feminino. Comportamentos diferenciados entre os gêneros acarretam riscos específicos para a saúde do homem e da mulher. Os estudos epidemiológicos são importantes instrumentos para descrever as diferenças entre saúde masculina e a feminina em busca da equidade de gênero. Um dos indicadores que podem ser utilizados é o APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos, que expressa, com base na idade esperada em que ocorreria o óbito, a quantidade de anos que se deixou de viver (Santana, Araújo, Silva, Oliveira, Branco e Nobre, 2007). Esse indicador deixa clara a importância dos óbitos que ocorrem nas faixas etárias jovens onde o indivíduo ainda vivencia alta criatividade e produtividade, privando a coletividade de seu potencial econômico e intelectual. O presente trabalho propõe mostrar as diferenças de saúde entre homens e mulheres através do indicador APVP - Anos Potenciais de Vida Perdidos no Estado de Santa Catarina.

METODOLOGIA:
Realizou-se um estudo descritivo com levantamento de dados para o ano de 2006, de óbitos masculinos e femininos nos Bancos de Informações em Saúde no Estado de Santa Catarina. Para a classificação de doenças seguiu-se a CID-10. Neste estudo utilizou-se para o indicador APVP o método descrito por (Romeder, McWhinnie apud Silva, 2003). Os cálculos foram realizados a partir da exclusão dos óbitos cuja causa foi ignorada, com utilização de expectativa de vida de 70 anos, com estimativas de população obtidas de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A análise foi feita através de razão entre os sexos masculina e feminina.

RESULTADOS:
No Estado de Santa Catarina verificou-se que a Razão de APVP é sempre maior para o sexo masculino. A maior diferença aparece na faixa etária de 20 a 24 anos onde morrem 3,8 homens para cada 1 mulher. Na análise de APVP por causas externas, a razão entre as faixas etárias de 25 a 29 anos, chega a ser 7,7 homens para cada mulher e, entre as idades de 50 a 54 anos, passa a ser de 8,1 homens para cada mulher. Quando se enfoca cada agrupamento de causas externas, a razão de APVP masculino/feminino, destacam-se principalmente as Agressões, os Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada e as Quedas respectivamente (6,41 M/F), (5,74 M/F) e (5,31 M/F). Os dados analisados mostram maior risco de mortes prematuras para os homens. Segundo Laurenti (2005), o homem não tem a cultura de cuidar de sua saúde, são educados a responder as expectativas sociais de modo proativo e agressivo. Souza (2005) coloca que simbolos como armas, carros, não ter medo, ariscar-se diante do perigo, demonstrar coragem, ser ativo, estão ligados ao paradigma de ser homem. Este estilo de vida representa risco a saúde da população.

CONCLUSÕES:
Percebe-se por meio da análise dos anos potenciais de vida perdidos são muito maiores para os homens do que para as mulheres, levando uma enorme perda de potencial produtivo masculino. Esses óbitos em sua maioria são por causas evitáveis, demonstrando que o homem é influenciado por ideologias de gênero, aumentando o risco à sua saúde quando comparado à mulher. Conhecendo a relação de gênero através do APVP, notou-se uma necessidade de estudos e intervenções para que estas diferenças sejam minimizadas, pois, sabe-se que há uma grande barreira a ser vencida na busca por igualdade de gênero e saúde.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Promoção da Saúde, Anos Potenciais de Vida Perdidos, Identidade de Gênero

E-mail para contato: tisanter@yahoo.com.br