60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza

MECANISMOS DE REGENERAÇÃO EM UMA FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL ASSOCIADA A AFLORAMENTOS CALCÁREOS NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) DE CAFURINGA, DF, BRASIL

Lauana Costa Nogueira1
Jeanine Maria Felfili Fagg1, 2
Daniel Magnabosco Marra1

1. Departamento de Engenharia Florestal / UnB
2. Professora Dra. Orientadora


INTRODUÇÃO:
O Bioma Cerrado ocupa cerca de um quarto do território nacional, se destaca pela grande biodiversidade e endemismo de espécies. Em formações florestais tropicais o elevado número de espécies com baixas densidades por hectare é uma característica que está relacionada com a capacidade de regeneração destes ambientes. A recolonização da vegetação natural ocorre, principalmente, através do banco de sementes no solo, importante para o equilíbrio dinâmico da área. O estudo do mesmo auxilia a descoberta de fatores ambientais e suas relações com a germinação das sementes das espécies. As florestas estacionais ocorrem em manchas associadas a afloramentos calcáreos em meio a uma matriz de cerrado e apresenta espécies com elementos florísticos comuns com as demais florestas estacionais da América do Sul. Nas Florestas Estacionais Deciduais a estação seca dificulta o estabelecimento de mudas, várias espécies possuem sementes anemocóricas, pequenas e resistentes à dessecação. Em geral as sementes são dispersas ao final do período da seca estando disponíveis no solo nas primeiras chuvas. Quais os mecanismos que asseguram a regeneração destas florestas no bioma cerrado? O objetivo principal é avaliar qual o papel do banco e da chuva de sementes como fonte de propágulos para a regeneração da mata.

METODOLOGIA:
Foi feita uma revisão bibliográfica utilizando a experiência dos autores para determinar a característica do fruto quanto à consistência (seco ou carnoso) e a síndrome de dispersão (anemocóricas ou zoocóricas) das espécies encontradas na área e no banco de sementes. Com base nos modos de dispersão, inferiu-se sobre a possibilidade da regneração ser oriunda da chuva de sementes. Para verificar a contribuição do banco de sementes, efetuou-se análises de amostras do solo e da serrapilheira em 25 parcelas de 20 x 20m dispostas ao longo de um conjunto de três fragmentos. Foi coletado em cada uma das parcelas uma amostra contendo 1l de solo e outra contendo aproximadamente 3l de serrapilheira. A serrapilheira foi obtida por meio da coleta do material encontrado numa seção quadrada de área igual a 0,5m². As amostras foram processadas através de um jogo de 3 peneiras GRANUTEST utilizadas para separação de materiais, para resgatar e identificar a diversidade de tamanhos e de espécies de sementes retidas nas diferentes malhas das peneiras. Para caracterizar e quantificar a influência da sazonalidade das chuvas e do stress hídrico sobre a composição e densidade de sementes do banco, a coleta e análise de solo e de serrapilheira foram feitas em duas épocas distintas do ano.

RESULTADOS:
Foram encontradas, na área estudada, 90 espécies distribuídas em 72 gêneros e 31 famílias com 56,66% espécies apresentando frutos secos e 43,33% carnosos. Destas, 35,55% apresentam dispersão anemocórica, 56,66% zoocórica e 7,77% dispersas pela gravidade (barocoria). O número de espécies que apresentam fruto seco foi superior 13,33% ao número de espécies que apresentaram frutos carnosos. Durante a seca foram amostradas 338 sementes distribuídas em 16 espécies, valor este que superou a diversidade durante a época da chuva, em que foram observadas 294 sementes distribuídas em 13 espécies. Na serrapilheira ocorreram todas as 23 espécies amostradas, sendo que destas 18 foram identificadas, destas espécies identificadas somente 04 apresentaram fruto carnoso e 14 fruto seco, sendo que 01 apresentou dispersão por barocoria, 06 por zoocoria e 11 por anemocoria.

CONCLUSÕES:
Houve predominância de espécies de frutos secos com dispersão anemocórica, sugerindo um banco de sementes transitório. Ou seja, a chuva de sementes de cada ano parece ser o principal mecanismo de regeneração da floresta decídua.

Instituição de fomento: CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  sementes, mata seca, recolonização

E-mail para contato: lauananogueira@yahoo.com.br