60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química

INTERAÇÃO ENTRE O ANTIFÚNGICO ANFOTERICINA B E O FOSFOLIPÍDEO PEGLADO (DSPE-PEG2000) POR ESPECTROFLUORIMETRIA FOTOESTACIONÁRIA

Déborah de Alencar Simoni1
Francisco Benedito Teixeira Pessine1

1. UNICAMP


INTRODUÇÃO:
A Anfotericina B (AnfB) é um agente antifúngico produzido pelo microorganismo Streptomyces nodosus. Sua formulação convencional na forma de deoxicolato de AnfB, Fungizone, apesar de sua nefrotoxicidade e toxicidade aguda ainda é a droga mais amplamente utilizada contra infecções fúngicas sistêmicas, devido à sua alta eficiência. Lipossomas, sendo biodegradáveis e apresentando mínima toxicidade, são ideais como carregadores de fármacos e, desta forma, sistemas lipossomais de entregas de fármacos têm sido extensivamente estudados. Formulações contendo AnfB associadas a lipídeos e em sistemas lipossomais apresentam menor nefrotoxicidade e têm sido desenvolvidas com sucesso (por exemplo: Ambisome, Abelcet, Amphocil). Apesar disso, estudos têm mostrado que se pode aumentar a porcentagem de fármaco encapsulado e o tempo de circulação de tais formulações lipossomais na corrente sanguínea através do uso de fosfolipídeos associados a cadeias poliméricas, denominados de fosfolipídeos peglados, como o DSPE-PEG2000. Pelo fato de tais cadeias poliméricas se localizarem do lado externo nos lipossomas é possível que o fármaco, ao menos em parte, também se associe externamente ao lipossoma, caso se estabeleça uma interação entre ele e a cadeia polimérica do fosfolipídeo peglado. Na preparação dessas formulações lipossomais, uma das etapas iniciais é a mistura, em solução, da AnfB com o fosfolipídeo peglado. Assim, uma possível interação entre essas espécies se daria nessa etapa e, para avaliá-la, é necessário o emprego de uma técnica de análise sensível a mudanças estruturais, como a fluorescência.

METODOLOGIA:
Soluções de AnfB e de DSPE-PEG2000, em DMSO:H2O, na proporção 1:1 v:v, foram misturadas, à temperatura ambiente, em diferentes proporções molares, aumentando-se a concentração de DSPE-PEG2000 e mantendo-se constante a concentração final de AnfB . Após um período de três horas, para se eliminar efeitos cinéticos, foram obtidos espectros de absorção no UV-visível, e espectros de emissão de fluorescência (com excitação nos comprimentos de onda de 360 e 412 nm) para as misturas das soluções e também para soluções de AnfB e de DSPE-PEG2000, separadamente.

RESULTADOS:
Os espectros de absorção no UV-visível para as misturas das soluções de AnfB e DSPE-PEG2000 não apresentaram alterações quando comparados ao espectro de absorção da AnfB. Tal resultado mostra que a técnica de espectrofotometria de absorção no UV-visível não é capaz de detectar alterações estruturais oriundas da interação entre AnfB e DSPE-PEG2000. Já através da técnica de espectrofluorimetria fotoestacionária foi possível verificar que os espectros de emissão obtidos para ambos os comprimentos de onda de excitação apresentam alterações no que diz respeito às intensidades de emissão. Para razões molares (nDSPE-PEG / nAnfB) de 0,03 a 0,15 ocorreu ligeiro aumento na intensidade de emissão de fluorescência, enquanto para razões molares de 1 a 2,5 foi constatado supressão na fluorescência da AnfB.

CONCLUSÕES:
As alterações observadas nas intensidades de emissão nos espectros de fluorescência da AnfB confirmam a ocorrência de interações entre AnfB e DSPE-PEG2000. Dessa forma, é possível que parte da AnfB se associe externamente à vesícula lipossomal, juntamente com as cadeias poliméricas do fosfolipídeo, efeito que pode alterar características e propriedades de tal formulação , e até mesmo a eficácia do tratamento que faz uso da mesma.

Instituição de fomento: UNICAMP



Palavras-chave:  Interação, Anfotericina B, DSPE-PEG2000

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