60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho é resultado de pesquisa teórico-empírica sobre o potencial de mudança introduzido a partir da incorporação das novas tecnologias digitais na rotina da sociedade, sua influência nos meios de comunicação convencionais e sua utilização pelos movimentos sociais para mobilizar, manifestar sua opinião e dar visibilidade a suas ações. O trabalho faz uma análise de como hoje as novas ferramentas de comunicação e de interação estão sendo aproveitadas pelos diferentes veículos de comunicação criados pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra - MST, como alternativa à guerra imposta pela grande mídia aos movimentos sociais nesse país.

METODOLOGIA:

Foram utilizados dois tipos de pesquisa: bibliográfica e de campo. Procuramos demonstrar de forma prática a reinvenção do termo comunicação dentro dos movimentos. Num primeiro momento apresenta-se o conceito de espaço público, o lugar onde as discussões surgem e as decisões são tomadas; de como esse espaço tem se deteriorado com a interferência do privado – visto aqui como a regulação do Estado, inserção das grandes empresas e dos meios de comunicação -, e como ao mesmo tempo, com o surgimento das novas tecnologias e das organizações da sociedade civil, temos às nossas mãos instrumentos para reverter essa situação crítica. Contextualiza-se historicamente a chegada dessas organizações, os Movimentos Sociais, e os conflitos causados pelo choque de interesse entre quem controla esse espaço público e quem tenta resgatar a capacidade básica do homem de intervir, debater, opinar, transformar. Analisa-se a influência das novas tecnologias dando ênfase à digitalização e desmaterialização do espaço de recepção – ciberespaço. Traça-se um histórico do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra e o surgimento do debate sobre comunicação dentro da organização.

RESULTADOS:

Os meios de comunicação são utilizados para a mobilização, a produção e divulgação de novas idéias. As alternativas para pensar o mundo passam também por uma transformação cultural no campo de atuação das organizações. Ela se dá em diferentes sentidos: dentro do próprio movimento, entre vários movimentos, com a criação de redes de diferentes tipos e entre os movimentos e a sociedade. Analisando cada um dos veículos de comunicação do MST a partir de seus públicos, sua função estratégica, sua capacidade de inserção dentro da sociedade, a partir da chegada das novas tecnologias, podemos perceber sua eficácia a partir da facilidade com que chegam às pessoas, principalmente pela utilização da idéia de segmentação de público e pelos temas abordados, enfatizando o papel de cada veículo dentro de uma estrutura maior permeada pelas estratégias de comunicação, mobilização e propaganda.

CONCLUSÕES:

O trabalho apresentado analisou as estratégias usadas pelos movimentos sociais a partir de estudo de caso dos meios de comunicação criados pelo MST com a chegada das novas tecnologias e a digitalização – caracterizadas pela instantaneidade, a facilidade e a eficiência do envio das informações. Percebemos que a segmentação dos veículos é uma realidade e sofre influência pela forma como as notícias são disponibilizadas na era digital e também pela demanda dos públicos. Acreditamos que o acesso ainda é um obstáculo, pois exclui mais pessoas que na utilização dos meios de comunicação “tradicionais”. Por isso deve-se pensar de que forma os movimentos podem estar contribuindo para incluir mais pessoas ao mesmo tempo em que mantém o debate sobre as questões que entende como necessárias para a sociedade. A inserção dos movimentos sociais no espaço público é uma realidade no nosso país e uma garantia de que teremos fortalecimento gradual da democracia, revelada pelo confronto de idéias. Novos atores e novas propostas de mudança social precisam surgir para que possamos comparar e escolher que caminhos seguir.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Movimentos Sociais, MST, Cibercultura

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