60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

AÇÃO ALELOPÁTICA DO EXTRATO AQUOSO DE PIMENTA-DE-MACACO (PIPER ADUNCUM L.) SOBRE A RESPOSTA GERMINATIVA DE SEMENTES DE JAMBU (SPILANTES OLERACEAE L.)

Rogério da Silva Miranda1
Paulo Cézar das Mercês Santos1
Sueny Kelly Santos de França1
Keila Christina Bernardes1
Renata Trindade de Lima1
Iolanda Maria Soares Reis1

1. Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA.


INTRODUÇÃO:
Os produtos naturais obtidos de matéria-prima vegetal oferecem larga variedade de moléculas com grande diversidade nas suas estruturas e atividade biológica. Esta atividade pode se manifestar por meio das suas propriedades herbicidas, inseticidas, fungicidas, farmacológicas e/ou alelopáticas. O termo alelopatia é usado para indicar qualquer efeito causado por um ser vivo de forma benéfica e/ou prejudicial sobre outro, por meio da liberação de substâncias químicas denominadas aleloquímicos. Estes são liberados pelas diversas partes da planta ou por intermédio da decomposição de folhas e caules e exsudação direta no solo pelas raízes. A espécie Piper aduncum L., conhecida vulgarmente como pimenta-de-macaco, é nativa da região amazônica e vem sendo estudada devido ao seu potencial fungicida, bactericida, moluscicida com diversas pesquisas comprovando tais atividades em seu óleo essencial, no qual o princípio ativo é o dilapiol. O jambu (Spilantes oleraceae L.) é uma planta herbácea pertencente à família Asteraceae, amplamente cultivada em vários municípios da região nordeste do Estado do Pará, nos quais o seu consumo é significativo em festas populares. Trata-se também de um produto importante na culinária regional, na alimentação cotidiana e na medicina popular. O objetivo deste experimento foi verificar a possibilidade da ação alelopática do extrato aquoso de pimenta-de-macaco sobre a germinação e o tempo médio de germinação de sementes de jambu.

METODOLOGIA:
O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA-PA), utilizando sementes de jambu, no qual foram retiradas das inflorescências e tratadas primeiramente com a imersão por 5 minutos em hipoclorito de sódio a 1% e, em seguida, as sementes foram lavadas em água destilada estéril (ADE) para retirar o excesso. O extrato de P. aduncum foi obtido a partir de folhas trituradas com água destilada estéril (ADE) na proporção de 30% (p/v) (300 g de folhas verdes/1000 mL de água destilada esterilizada), sendo tal extrato diluído com ADE até alcançar as concentrações desejadas. Em seguida, as concentrações foram esterilizadas em autoclave a 121 ºC, 1 atm. No tratamento 0 (controle) utilizou-se somente ADE. As sementes foram tratadas por meio de imersão por 1 hora e secagem das mesmas sobre folhas de papel filtro por 24 horas. Após este período, as sementes foram colocadas em placas de Petri forradas com papel filtro e umedecidos com o extrato aquoso (nas diversas concentrações) e ADE (somente para o tratamento controle). O delineamento experimento foi inteiramente casualizado com 6 tratamentos (0, 10, 20, 30, 40 e 50 % de extrato de P. aduncum), contendo 5 repetições e cada parcela constituída por 100 sementes. Sendo realizadas leituras diárias, do 2º ao 6º dia após a implantação do experimento. As variáveis analisadas foram a germinação e o tempo médio de germinação, sendo os resultados submetidos à análise de variância, comparando as médias pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

RESULTADOS:
Segundo a análise de variância, a germinação das sementes de jambu foi afetada pela ação do extrato aquoso de P. aduncum, no qual foi observado que nos tratamentos sob as concentrações de 0, 10, 20, 30, 40 e 50% de extrato aquoso de P. aduncum os valores de 71,35; 68,33; 60,08; 58,23; 56,97 e 53,77% de germinação, respectivamente. Verifica-se que o controle não difere significativamente do tratamento sob a concentração de 10% de extrato aquoso e este do tratamento que contém 30%. A porcentagem de germinação do tratamento controle foi significativa quando comparada com as dos tratamentos com diferentes concentrações de extrato aquoso, evidenciando a ação alelopática no que diz respeito à inibição da resposta germinativa de sementes de jambu por compostos sintetizados pela pimenta-de-macaco. Em relação ao variável tempo médio de germinação, este foi influenciado pela ação do extrato aquoso, que de acordo com a ANOVA, verificou-se que os tempos médios de germinação foram de 3,41; 3,00; 2,55; 2,39; 2,34; 2,23 dias, respectivamente para as concentrações de 50, 40, 30, 20, 100 e 0% de extrato aquoso de P. aduncum. O efeito das diferentes concentrações de pimenta-de-macaco sobre o tempo médio de germinação de jambu se mostrou ligeiramente menos acentuado do que sobre a germinação de sementes, aumentando o TMG com o aumento da concentração. Dessa forma, os efeitos alelopáticos podem ser observados tanto sobre a germinação quanto sobre o tempo médio de germinação, sendo o jambu uma espécie altamente sensível aos metabólitos secundários presentes na pimenta-de-macaco.

CONCLUSÕES:
O extrato aquoso de P. aduncum a partir da concentração de 10% interferiu negativamente na germinação de sementes de jambu, assim como afetou o tempo médio de germinação. A alelopatia influenciou na germinação e no tempo médio de germinação, mostrando sensibilidade das sementes de jambu aos compostos aleloquímicos liberados pela pimenta-de-macaco.



Palavras-chave:  alelopatia, Piper aduncum, germinação

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