60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Esta síntese é parte dos estudos desenvolvidos no PPGE/UFBA e conta com o acúmulo do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer da FACED/UFBAe da Linha EPISTEF. Compreende que o conhecimento produzido no modo do capital organizar a vida se desenvolve por contradições que expressam a luta das classes, adquirindo forças, produtiva, política e ideológica, tratando-o como mediação, cujo caráter ontológico necessita ser resgatado. Portanto, questiona: quais as possibilidades expressas na produção do conhecimento em Educação Física, Esporte e Lazer no Nordeste do Brasil, especificamente a que trata da temática Escola, para a modificação radical das relações entre homem-homem, homem-humanidade e homem-natureza, tomando como referência ‘A Educação para Além do Capital’? Objetivou analisar a produção do conhecimento em questão, verificando e discutindo as possibilidades para a construção da ‘Educação para Além do Capital’. O conhecimento é considerado como um dos elementos que está inserido na produção e reprodução da vida humana, que deve ter referências nas lutas travadas pela classe trabalhadora na direção da superação radical do modo de produção do capital, na perspectiva de construção do socialismo enquanto projeto histórico.

METODOLOGIA:

Foi retomado o banco de dados que reúne informações sobre 70 teses e dissertações produzidas por docentes de IES da região Nordeste, sistematizadas a partir: 1) das temáticas abordadas, considerando-se a classificação do CBCE; e 2) das abordagens epistemológicas. As 14 pesquisas com a temática ‘Escola’ foram analisadas a partir das categorias discutidas por Mészáros (2005) na obra “A educação para Além do Capital”, a saber: auto-realização dos indivíduos; conhecimento como elemento necessário para transformar em realidade o ideal da emancipação humana; mudança radical oposta às reformas; atividade humana da qual não se possa excluir qualquer intervenção intelectual; universalização da educação e do trabalho como atividade humana auto-realizada; compreensão de sistema produtivo como o controle consciente do processo de reprodução social por parte de produtores livremente associados; autogestão, onde a intervenção da educação ocorrerá a partir do estabelecimento de prioridades e reais necessidades mediante plena e livre deliberação dos indivíduos envolvidos. Optamos por apresentar a categoria “conhecimento” entendendo que esta expressa em si o singular e o geral, e nos permite estabelecer os nexos e relações com a categoria de fundo “trabalho” e sua relação com a educação.

RESULTADOS:

A concepção do conhecimento enquanto mediação de primeira ordem se manifesta nas experiências analisadas, quando o conhecimento: é considerado necessário para a alteração da prática pedagógica que vise a superação da formação escolar unilateral em direção a uma formação omnilateral; deve estar acessível aos professores para que os mesmos superem os limites no que diz respeito ao aspecto científico; permite a análise e reflexão em sua construção, bem como a intervenção do sujeito; a apropriação do que está acumulado para a construção de novos conhecimentos; necessário para a compreensão da realidade, empregando os critérios atual e útil na perspectiva das classes sociais. Por outro lado também é explicitada a utilização do conhecimento como parâmetro para segregar, comparar, medir. Reduzido às técnicas, reforça a compreensão de dissociação entre teoria e prática. Entendemos que as pesquisas apresentam elementos na direção de reconhecemos a necessidade de que a classe que produz a riqueza –trabalhadora- tem de se apropriar dos conhecimentos necessários que a possibilite atuar conscientemente na realidade de forma a alterar radicalmente as relações de produção da vida, a partir das determinações históricas, alterando a lógica do conhecimento, atrelando-o às suas necessidades vitais.

CONCLUSÕES:

Verificamos que as possibilidades para construção da perspectiva de modificação radical das relações entre homem-homem e homem-natureza, tendo como referência “A Educação para Além do Capital”, estão colocadas e são identificadas a partir de tendências conflitantes na concepção de Educação Física escolar, que se consolidam na região por meio da articulação de pesquisadores em torno de problemáticas significativas, expressando a luta de classes. A base técnica para produção da vida necessita ser alterada em sua relação dialética com os processos educacionais. A educação, neste contexto, passa a ter objetivo claro e definido. Assim, ao entendemos que a finalidade última da produção do conhecimento - elaborarmos um conhecimento que nos permita intervir na realidade de uma determinada forma -, é fundamental no processo de generalização atribuído ao trabalho na produção das condições necessárias à manutenção da vida. Considerando experiências concretas pautadas nos interesses da classe trabalhadora, junto à luta política, apontamos que não são os resultados da produção do conhecimento que por si só vão modificar o modo de produção da vida, mas a alteração radical da sua base técnica e material que são objetivadas na atividade produtiva do homem.

Instituição de fomento: Capes - Fapesb

Palavras-chave: produção científica da Educação Física, conhecimento como mediação, educação para além do capital

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