60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia

ANALISE DE ALGUNS ASPECTOS ALIMENTARES DE BUFO ICTERICUS (ANURA, BUFONIDAE) EM CONDIÇÕES LABORATORIAIS.

Thiago de Oliveira Carnevali1
Eder Marques da Silva1
Luiz Eduardo Aparecido Grassi2
William Fernando Antoniali Jr2, 3

1. Iniciação Cientifica - Ciências Biológicas – UEMS.
2. Prof. Dr. - Ciências Biológicas - UEMS - Orientador.
3. Centro Integrado de Análise e Monitoramento Ambiental – CINAM – UEMS.


INTRODUÇÃO:
Bufo ictericus é um sapo com 10 a 17 cm de comprimento Rostro-Cloacal, que possui dimorfismo sexual com fêmeas maiores que os machos. As fêmeas possuem coloração pardo-clara, com uma grande mancha dorsal enegrecida. Os machos possuem coloração pardo-amarelada uniforme. É uma espécie de distribuição ampla, ocorrendo na Mata Atlântica, Sudeste e Sul do Brasil, Argentina e Paraguai. (RIBEIRO et al. 2005). Segundo Izeckson (1995) os anuros estão desaparecendo, devido ao fato das espécies serem sensíveis a alterações ambientais. Lingnau (2003) estudando comunicação acústica e visual, territorialidade e comportamento em Hylodes heyeril, descreve que fatores como temperatura, tamanho e peso dos machos, além de interações comportamentais entre indivíduos nos agregados reprodutivos estão relacionados com a vocalização de muitas espécies de anuros. Wogel et al. (2002) estudando a atividade reprodutiva em Physalaemus signifer, verificou que em ambientes temporários apresentam comportamento explosivo ao inicio da estação chuvosa, sendo observados casais em amplexo. Estudos sobre aspectos alimentares de B. ictericus são escassos na literatura, desta forma o objetivo deste trabalho é avaliar a distância mínima/máxima de captura de presas, alimento máximo ingerido e a palatabilidade das presas.


METODOLOGIA:
Os estudos foram realizados, no campus da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, (22º1152 ” S, “54º5521” W). Com 5 animais, capturados no campus da UEMS. Os indivíduos foram mantidos em um terrário coberto com sombrite de 250L, aterrado com 10 cm de areia, uma bandeja de 5L para água, e uma toca. Na parede interna, foram feitas marcas a cada 5 cm, para a avaliação das distâncias dos botes empreendidos sob as presas. O teste de captura de presas que verificou o tamanho e a distancia mínima/máxima em que os animais conseguiam identificá-las e atacá-las foi realizado com as famílias: Tenebrionidae e Grillidae. Sendo estas medidas com auxílio de paquímetro. O cálculo de probabilidade do animal predar foi calculado através do modelo estimativo de logit de regression. Para testar a quantidade máxima de alimento ingerido, utilizou-se ração para peixes carnívoros, calculando a diferença do peso inicial para o final. Para testar capacidade de avaliação da palatabilidade ou impalatabilidade foram utilizados insetos com odor ou coloração aposemática: Mantis religiosa, Nezara viridula, Euschistus heroes, Diabrotica speciosa, Calosoma frigidum, e Lagria villosa, empregado o método proposto por Del-Claro (2004).


RESULTADOS:
O teste de captura demonstra que se diminuir à distância e aumentar o tamanho da presa aumenta a possibilidade desta ser predada. Para larva de tenébrio o modelo estatístico geral prevê 68% para captura. Para Grillidae o modelo prevê que em 92% das vezes o animal capture a presa. Possivelmente o gênero estudado enquadra-se como um predador pouco ativo, referindo-se a locomoção lenta e membros locomotores curtos adaptados à escavação, e corpo pesado. Além de se alimentar de qualquer presa que possa capturar, invertebrados e vertebrados (POUGH, 2003). A quantidade de alimento ingerido foi em media 6,67g de ração/dia com desvpad. 3,90. Com menor ingestão de 2g e maior 15g. Os insetos oferecidos foram predados mostrando que são palatáveis. Segundo Orr (1986) anfíbios possuem órgãos gustativos restritos ao teto da boca, língua e mucosa que recobre a maxila. Segundo Pough (2003) anfíbios da ordem Anura possuem na retina os bastonetes verdes sensíveis à luz, mas não deixa claro se estes animais possuem cones, logo não conseguiriam identificar as cores aposemática. Possivelmente as espécies testadas não são impalatáveis, ou seja, são animais que provavelmente fazem parte de uma relação de anel mimético, no qual estaria usando um animal impalatável como modelo (DEL, CLARO, 2004).


CONCLUSÕES:
Os testes de captura demonstraram que tamanho e distância influenciam a captura da presa, levando, assim a conclusão de que a espécie estudada se enquadra como um predador de espreita e oportunista. Os resultados também demonstra que apesar de B. ictericus apresentar órgãos sensitivos que permitiria ao animal perceber e distinguir a impalatabilidade de certas presas, não o fizeram. Contudo, este tipo de avaliação ainda é precoce e outros parâmetros precisam ser avaliados, como número maior de animais e presas.


Instituição de fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Alimentação, Cativeiro, Palatabilidade

E-mail para contato: thiagocarnevali@hotmail.com