60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 3. Recursos Pesqueiros de Águas Interiores

A PESCA E COMERCIALIZAÇÃO DO JARAQUI (SEMAPROCHILODUS SPP.): UM ESTUDO DE CASO NA COLÔNIA DE PESCADORES Z17, MUNICÍPIO DE PARINTINS-AM.

Izabel Cristina Conceição dos Santos1
Jucileuza Conceição dos Santos1
Adailton Moreira da Silva1

1. Universidade do Estado do Amazonas-UEA


INTRODUÇÃO:
Na bacia amazônica extima-se entre 5 a 30 milhões de espécies viventes. Nesta região existem mais de 2.000 espécies de peixes, compreendendo as diversas ordens e famílias deste grupo. Devido toda essa riqueza a pesca tornou-se uma das principais atividades econômica e de subsistência das populações ribeirinhas, proporcionando fontes de proteína animal, desde a antiguidade. Um quarto da produção pesqueira comercializada no Brasil é da região amazônica. Os peixes mais comercializados na região são jaraqui, pacu, curimatã e mapará, porém já há sinais de sobrepesca do jaraqui. Quanto ao município de Parintins, um dos peixes mais comercializados nas feiras e mercados é o jaraqui (Semaprochilodus spp.), representando 30%. Por tanto, este trabalho teve como objetivo estudar a pesca e comercialização do jaraqui (Semaprochilodus spp.), através de um estudo de caso na colônia de pescadores Z17 no município de Parintins-Am. Devido ao fato do município de Parintins ser um importante pólo pesqueiro para a região, o resultado desta pesquisa poderá ser utilizado como referência para futuros trabalhos ou tomadas de decisões por órgãos governamentais ou não governamentais que trabalham com a pesca na região.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada com os pescadores da Colônia Z17 de Parintins/Am através de abordagem dialética e observações indiretas que incluíram coletas de dados primários, secundários e tabulação dos mesmos. As informações foram obtidas através questionários semi-estruturados e entrevistas. Para amostragem foi escolhido aleatoriamente um total aproximado de 10% dos associados. Nesta fase foi abordado como parâmetro a idade, sexo, escolaridade, localidade (zona rural ou urbana), modos de pesca, tipos de apetrechos, onde pescam, como comercializam o pescado e se existe atuação de instituições no sentido de conscientizar o pescador quanto a manutenção dos estoques pesqueiros. Os dados secundários foram obtidos a partir de instituições e órgãos governamentais e não governamentais como a própria Colônia Z17, o IBAMA, o PROVÁRZEA, a SEPROR, Secretaria do Meio Ambiente e demais órgãos afins. Os parâmetros analisados foram a quantidade de pescadores da região, ações de fiscalização e proibição da pesca, acordos de pesca e a cadeia produtiva do pescado na região de Parintins. Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas (tabelas) e representados através de gráficos.

RESULTADOS:
O resultado mostrou que 83% dos pescadores associados à colônia Z17 são do sexo masculino e 17% feminino, sendo que 70% do total são moradores da zona urbana e 30% rurais, tendo entre 30 a 60 anos. Quanto à escolaridade 70% estudou entre a 1ª e 4ª séries. Dentre os associados somente 7% não realiza a pesca do jaraqui, porém a maioria mostrou interesse na pesca e comercialização dessa espécie, e o apetrecho mais utilizado na sua captura é a malhadeira na área de várzea e o anzol na área de terra firme onde se usa frutas como iscas, sendo que a época de maior pesca é no período de cheia dos rios que vai de março a julho. Na época da safra são pescados semanalmente de 50 a 1000 quilos de jaraqui, dos quais 90% são vendidos aos atravessadores e o restante é vendido diretamente aos consumidores. A comercialização do jaraqui é propícia ao pescador no início da safra quando o preço sobe, mas com o passar do tempo o peixe fica barato chegando a ser vendido a R$ 1,00 o quilo. A pesca do jaraqui ocorre principalmente nos lagos do Paraná do Limão, lagos do complexo Macuricanã e lagos de várzea as margens do rio Amazonas. Quanto à atuação dos órgãos governamentais que gerenciam a pesca na região, 75% dos pescadores acreditam que estas instituições deixam a desejar.

CONCLUSÕES:
De acordo com os pescadores os estoques destes peixes estão diminuindo a cada ano que passa. Assim, há uma necessidade de conservação e preservação das espécies mais exploradas na região de Parintins. Por outro lado, existe a falta de parcerias das organizações governamentais e não governamentais com a colônia de pescadores no intuito de conscientizar o pescador quanto à manutenção dos estoques. Apesar da implantação e desenvolvimento de acordos de pesca e a proibição da pesca das espécies que estão se reproduzindo, ainda assim a atuação na manutenção dos estoques tanto por parte dos pescadores quanto das instituições governamentais é mínima.



Palavras-chave:  estoque pesqueiro, cadeia produtiva, jaraqui

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