60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Várias influências determinam a ingestão alimentar e hábitos na infância sendo as principais, o ambiente familiar, tendências sociais, pressão dos colegas, doença, e meios de comunicação. Metade dos comerciais, anunciam alimentos ricos em açúcar, gordura e sódio. Muitas doenças que acometem adultos iniciam-se na infância, podendo ser prevenidas através de orientações dietéticas. Como as crianças estão em fase de crescimento e desenvolvimento, e suas preferências e aversões são estabelecidas nos primeiros anos, é primordial o consumo de alimentos nutritivos. Hábitos inadequados adquiridos na infância, podem se perpetuar na vida adulta, contribuindo para o aumento da incidência de doenças cardiovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo. A hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e mortalidade. Para seu tratamento e prevenção a principal recomendação é a redução da ingestão de sódio. A prevenção deve ter início na infância, com a identificação precoce das condições que propiciam a sua instalação. O presente estudo teve como objetivo verificar o teor de sódio, gordura saturada e a densidade calórica dos salgadinhos consumidos pelas crianças de uma escola municipal de Muriaé-MG, assim como a freqüência deste consumo.

METODOLOGIA:

Realizou-se o estudo com 31 (trinta e um) pais ou responsáveis de estudantes de uma escola municipal, no município de Muriaé, MG, que permitiram a participação das crianças, por meio de assinatura de um termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com os pais ou responsáveis para preenchimento de questionário, contendo informações sobre o consumo, freqüência semanal, incluindo a quantidade ingerida do alimento. A amostra obtida refere-se a 52% da população, constituída por crianças com faixa etária de seis anos selecionadas de forma aleatória. A análise da composição nutricional do alimento, baseou-se na observação dos valores de densidade calórica, teores de sódio e gordura descritos em 39 (trinta e nove) rótulos de diferentes salgadinhos comercializados por 10 marcas, cujo peso líquido variou de 15 a 100g.

RESULTADOS:

Os resultados revelam que 90,63% consomem o alimento. E que a freqüência semanal é de 58,62% para 1 a 2 pacotes, 37,93% para 3 a 4, e 3,45% para 5 ou mais pacotes. Os valores foram analisados em 100g do alimento, sendo 10,26% salgadinhos de trigo, 28,20% de batata, e 61,54% de milho. O valor energético dos salgadinhos de trigo variou de 484,0 a 628,0 kcal; o sódio de 704,0 a 1744,0mg; a gordura total de 25,2 a 40,0g, sendo que 8,0 a 11,2g são gorduras saturadas. Nos salgadinhos de batata o valor energético foi de 493,3 a 580,0 kcal; o sódio de 373,3 a 1035,0mg e a gordura total de 11,0 a 39,2g, sendo que 3,0 a 17,5 são gorduras saturadas. Já nos salgadinhos de milho o valor energético foi de 292,0 a 488,0kcal; o sódio de 668,0 a 1912,0mg; 3,3 a 34,8 de gordura total, e 2,0 a 14,4g de gordura saturada. Os resultados revelam que o teor de sódio pode alcançar valores que correspondem até 79,17% da recomendação diária de consumo máximo de 2400mg. Observou-se que a gordura total pode atingir 39,2%, sendo 17,5% gorduras saturadas. Com base em uma dieta diária de 2000 Kcal, até 31,4% deste valor podem ser cobertos pelo consumo de 100g do alimento. Calorias essas, consideradas vazias, contribuindo assim, para o desenvolvimento da obesidade.

CONCLUSÕES:

Conclui-se que o processo de transição nutricional, que consiste em alterações na estrutura da dieta através da substituição dos alimentos in natura rico em fibras, vitaminas e minerais, por produtos industrializados, associada a um estilo de vida sedentário, já atinge o público infantil de forma significativa. Os salgadinhos tornaram-se não só uma preferência das crianças, mas uma opção prática e barata para os pais. Contribuindo assim para o consumo excessivo de sódio e consequentemente hipertensão arterial. A ingestão desse alimento, de alto valor calórico, além de substituir uma alimentação nutritiva, rica em macro e micronutrientes, contribui ainda para o consumo de gordura saturada, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis. Faz-se necessário o controle da publicidade de alimentos destinada às crianças e adolescentes, uma vez que são particularmente influenciáveis em seu estilo de vida, devendo prioritariamente serem contemplados em programas de saúde coletiva, com o objetivo de promoção de hábitos alimentares saudáveis, dando início a educação nutricional nas primeiras fases da vida.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Transição nutricional, produtos industrializados, infância

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