60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem

A FOFOCA NAS RELAÇÕES UNIVERSITÁRIAS

Camila da Silva Cabral1
Carolina Gonzalez dos Santos1
Eveline Tonelotto Barbosa1
Indira Clara Ribeiro da Silva Passos1
Sofia Naches Hilbert1
Isabel Cristina Dib Bariani1, 2

1. Pontifícia Universidade Católica de Campinas
2. Pontifícia Universidade Católica de Campinas/Orientadora


INTRODUÇÃO:
A fofoca é um termo genérico que designa um tipo característico de conversa produzido por um conjunto de indivíduos reunidos, refere-se a uma troca de informações, comentários depreciativos ou elogiosos sobre terceiros ausentes. Ela é vista por muitos autores como algo que passa despercebido pelas pessoas na vida cotidiana, de forma que muitas pessoas negam serem alvos ou narradores da fofoca. A fofoca está presente nas inter-relações entre os universitários e, muitas vezes, pode afetar o desempenho acadêmico levando ao seu fracasso ou ainda à dificuldade de relacionar-se socialmente. A produção de conhecimento científico na área é importante para elaboração de estratégias eficientes de intervenção e prevenção visando a qualidade das relações interpessoais. O conhecimento das interferências dos relacionamentos entre os universitários pode ajudar a melhorar a saúde mental dos mesmos, o que corroborará o desempenho acadêmico. Mediante o exposto, este trabalho teve o objetivo geral de investigar se a fofoca interfere nas relações entre universitários e o objetivo específico de verificar se a fofoca, ao interferir nas relações universitárias, influencia no desempenho acadêmico.

METODOLOGIA:
Após a aprovação do projeto pelo CEP, foi aplicado um questionário em 30 estudantes universitários do curso de psicologia, da faixa etária de 18 a 24 anos, sendo 15 do gênero feminino e 15 do masculino, os quais foram contatados nos intervalos das aulas na universidade. Tratava-se de um questionário semi-estruturado, elaborado pelas próprias pesquisadoras. Para a sua construção, primeiramente consultou-se a literatura e, a partir dela, foram determinadas as áreas que foram avaliadas, a saber: personalidade, amigos, auto-conceito, preconceito e desenvolvimento acadêmico. Posteriormente, foram construídas 20 perguntas, sendo que formulou-se quatro questões para cada área. Cada questão possui quatro ou cinco alternativas. O instrumento foi submetido a uma testagem para verificar a sua inteligibilidade e adequação aos objetivos definidos, ou seja, ele foi aplicado em 10 universitários, sendo cinco do sexo feminino e cinco do sexo masculino, os quais foram solicitados a responder as questões e apontar modificações. A partir das sugestões propostas o instrumento sofreu pequenas alterações.

RESULTADOS:
Verificou-se que 55,17% dos participantes responderam que foram rotulados a partir da fofoca, uma característica específica foi generalizada, e o agente da fofoca não os conhecia bem. Sabe-se que quem fofoca pretende prejudicar seu foco e a sua auto-imagem. A fofoca pode levar a sentimentos como a raiva em relação a quem fofoca, evidenciando o seu objetivo: afetar o alvo. A maioria dos universitários, 43,33%, afirmou que a imagem que tinham de si mesmos não se alterou após a fofoca, pois não acharam-na relevante; contudo, segundo 36,66% dos participantes, sua auto-imagem não se modificou, porém seu comportamento sim. Ficaram chateados com o agente da fofoca 40% da amostra e tentaram resolver a situação, 16,66% ficaram com raiva e romperam totalmente o relacionamento com a pessoa. Sabe-se que o auto-conceito está relacionado com o aprendizado, que envolve aspectos pessoais e internos, e também grupais. Estes fatores se inter-relacionam afetando o desempenho acadêmico. Foi indicado por 71,42% que, após a fofoca, continuaram a frequentar as aulas, no entanto, 19,04% comportaram-se da mesma maneira, mas sentindo-se incomodados. A maioria da amostra, 73,33%, continuou motivada a estudar após saber da fofoca, porém, 13,33% ficaram desmotivada e não se sentiram tão capaz de realizar suas atividades.

CONCLUSÕES:
Verificou-se que a fofoca não influiu nas relações interpessoais a ponto de deturpá-las. Apesar dessa constatação, certos aspectos das interações foram prejudicados, além de ter despertado sentimentos como raiva, angústia e mágoa em relação ao agente da fofoca. Como já era esperado, a maioria dos participantes sentiu-se rotulada, ficou magoada e, consequentemente, começou a ver defeitos em si, o que evidencia o fato do boato ser um fator prejudicial para as relações interpessoais. Pode-se, ainda, dizer que a fofoca não afetou o desempenho acadêmico dos participantes, todavia, conforme as expectativas em relação aos resultados, alguns estudantes se sentiram incomodados e perderam a motivação para realizar atividades acadêmicas. Ao contrário do esperado, parece que a fofoca não afetou expressivamente o rendimento acadêmico global, a auto-imagem e as relações interpessoais dos alunos. A intensidade com a qual a fofoca atingirá seu alvo, provocando danos nas relações interpessoais, dependerá do contexto na qual ela é elaborada. Dessa maneira, pode-se afirmar que consoante à situação, na qual a fofoca se dá, essa poderá intensificar os efeitos provocados.



Palavras-chave:  fofoca, estudante universitário, relações interpessoais

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