60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Joelma Vieira de Oliveira1, 2, 4
Iara Maria da Silva Almeida3, 4

1. 1.Prefeitura Municipal do Recife
2. 2.Prefeitura Municipal do Paulista
3. 3.Prefeitura Municipal de Igarassu
4. 4.Universidade Vale do Acaraú


INTRODUÇÃO:
Um dos desafios que a Educação Infantil enfrenta hoje é a adaptação de uma prática pedagógica voltada para atender às necessidades da criança tendo em vista que atualmente a alfabetização deixou de ser encarada como um momento estanque e passou a ser compreendida como um processo,no qual a pré-escola (Educação Infantil) tem um papel ativo e constitutivo. Parafraseando Smolka (1993) “Não se ensina ou se aprende simplesmente a ler e escrever.Aprende-se uma forma de linguagem,uma forma de interação,uma atividade,um trabalho simbólico”.A realização deste trabalho teve como objetivo despertar o interesse pela leitura,através de um gênero textual que circula em nossa sociedade e que emociona,diverte e mexe com os nossos mais íntimos sentimentos, ”Os Contos de Fadas”. Contar histórias a uma criança pequena é uma atividade bastante corriqueira, em diversas culturas, uma prática que vem se desenvolvendo nos tempos de forma quase intuitiva. Contudo, alguns estudos já demonstram o importante papel que as histórias desempenham nos processos da aquisição do desenvolvimento humano. Britton (apud Kato, 1997:41) já afirmava que ao ouvir histórias, a criança vai construindo seu conhecimento da linguagem escrita,que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas a produzir ou interpretar,mais envolve gênero,estrutura textual,função,formas e recursos lingüísticos. Portanto faz-se necessário oportunizar o aluno desde a Educação Infantil a ingressar no universo letrado e no mundo mágico da leitura. Os temas propostos:formação do leitor-letramento e linguagem oral e escrita buscam contribuir para reflexão e sugestões para prática pedagógica nas salas de aulas de Educação Infantil.

METODOLOGIA:
Segundo o Referencial Curricular,a Educação Infantil,ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita,se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças.Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades às quatro competências lingüísticas básicas:falar,escutar,ler e escrever. O relato de experiência aqui apresentado será de leitura e escrita.Foi iniciado em fevereiro de 2007 sendo realizado em duas turmas de Educação Infantil onde os alunos tinham a faixa entre quatro e cinco anos, na Escola Municipal dos Coelhos em Recife e na Escola Vereador José Francisco Ferreira em Igarassu. O gênero textual escolhido para o desenvolvimento do trabalho foi “Narrativas Literárias-Contos de Fadas”.A primeira etapa do trabalho foi realizada com uma conversa informal sobre um conto,onde todos puderam ouvir e serem ouvidos pelo grupo.Em seguida,foi feito o levantamento de quem já conhecia o tipo de texto que foi lido em sala de aula,comentando e externando suas opiniões.Na trajetória do trabalho, foi feito o levantamento e registro dos contos já conhecidos pelos alunos,bem como a introdução de contos desconhecidos pelos mesmos Foram utilizadas algumas estratégias de leitura como: antecipação (trabalho antes da leitura,observando capa do livro,pausa em alguns parágrafos,fazendo assim o levantamento prévio dos alunos),localização de informações tais como (título da história,ampliação do vocabulário através de perguntas orais sobre o significado de palavras desconhecidas,como se inicia e termina a história,trabalhando assim a estrutura do texto ,nomes de personagens começados ou terminados com a mesma letra inicial ou final do nome do aluno e outros),a atividade foi aplicada coletiva e individualmente com os alunos. Também foi realizado roda de leitura, onde os alunos ouviam histórias pelo professor e escolhiam os livros para realizarem a leitura não convencional (pseudoleitura),nesta roda ,após a leitura individual eram escolhidos alguns alunos para recontar as histórias já trabalhadas em sala.Em outro momento os alunos dramatizaram algumas histórias,fizeram a composição dos nomes de alguns personagens com o alfabeto móvel e o auxílio de fichas com os respectivos nomes ,complementação de histórias oralmente,análise fonológica dos sons iniciais do nome das personagens,realizaram interpretação oral e através de desenhos,culminando com a produção de um reconto coletivo da história “Os Três porquinhos” e de Chapeuzinho Vermelho analisando assim,a apropriação dos alunos no que diz respeito a estrutura textual deste gênero,ampliação do vocabulário,interesse pela leitura e em aprender determinadas histórias.

RESULTADOS:
A partir deste trabalho os alunos passaram a conhecer a estrutura do texto (contos de fadas),como se inicia,a problemática e como se termina, localizar o nome da história (ou título da história),identificar a letra inicial do nome das personagens e comparar com a letra inicial e final do seu nome,ampliação do vocabulário e interesse pela leitura.Observou-se que alguns alunos a partir da intervenção pedagógica e de algumas atividades direcionadas passaram do nível pré-silábico (letra) para o nível silábico quantitativo e qualitativo. A pesquisa realizada pelas professoras e acompanhada da Equipe Gestora das Unidades de Ensino foi de grande importância para o fortalecimento do trabalho realizado. Os resultados deste trabalho foram de extrema importância,pois ratifica outros estudos, onde mostra-nos que a leitura de história deve deixar de ser meramente uma distração para evitar dispersão do grupo.É um momento rico que deve ser explorado ao máximo por todos.Observamos o nível de letramento dos alunos nos dois municípios,visualizando que apesar da distância os mesmos se encontravam no mesmo nível de aprendizagem. O trabalho foi realizado semanalmente e analisado quinzenalmente,propondo-se novas atividades e encaminhamentos tanto na sala de aula do Recife como na de Igarassu. Foi realizada análise individual de escrita de cada aluno (no total 45 alunos) no início,durante e no final do trabalho. É evidente que,em sala de aula apresentam-se dificuldades para o desenvolvimento do trabalho como falta de alunos e o compromisso da família no processo de ensino aprendizagem.

CONCLUSÕES:
Não es há necessidade de esperar pela alfabetização formal para que as crianças interajam com as narrativas literárias e produção de texto. Entretanto,para que elas se tornem efetivamente leitoras e autoras dos próprios textos,faz-se necessário que,em algum momento do processo de alfabetização,tenham não somente adquirido conhecimentos específicos do código alfabético,mas também (e sobretudo) dos aspetos lingüísticos-discursos em que ele se insere. Portanto, a escola não deve negar aos alunos o contato não apenas com os contos de fadas,mas com a diversidade de gêneros textuais que circulam na sociedade. “Formar um leitor é algo sutil e democrático, exigindo a única pedagogia possível: a do afeto e da liberdade”(Márcia Dinoral,1996).

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Formação do leitor, Letramento, Linguagem oral e escrita

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