60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO-UMA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO PARA O HOMEM DO SÉCULO XXI.

Fernanda Guerra de Melo1

1. Prefeitura da Cidade do Recife -PCR


INTRODUÇÃO:
Pela constatação de que sem ética não há educação verdadeira, procuramos valorizar o processo educacional como forma de promoção humana e social, capaz de proporcionar ao indivíduo um desenvolvimento integral. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de repensar o sentido da construção do conhecimento, onde professor e aluno atuam e interagem na ação educativa proporcionando a criança momentos em que possam apropriar-se do conhecimento e da cidadania. As atividades desenvolvidas no decorrer do projeto não tiveram apenas o objetivo de ensinar um conceito ou dar explicações científicas de forma acabada, mas de oferecer oportunidades para que as crianças conheçam verdadeiramente e levem esse conhecimento para atuarem na vida e se transformarem em adultos éticos e responsáveis. Todos os dias observamos a circulação de pessoas e carros por todos os lados. Esses movimentos nas ruas do Recife aumentaram intensamente. Aumentando também o número de acidentes nas estradas e dos gases poluidores da camada de ozônio. O código nacional de trânsito foi criado para facilitar esse direito das pessoas de se locomoverem de forma correta sem invadir o espaço do outro. Diante dos altos índices de acidentes nas estradas começamos a perceber que a prevenção seria uma saída para minimizar esses índices. E que a ética e a cidadania são fortes aliados para ajudarem nessa prevenção. E um dos veículos de formação do cidadão é a escola. Os temas propostos: educação-trânsito-cidadania-ética-aprendizagem buscam a interação das pessoas no trânsito de forma ética e segura prevenindo acidentes.

METODOLOGIA:
Para Vygotsky,a aprendizagem se processa em uma relação entre o sujeito e a cultura em que vive.Entre o homem e os saberes próprios de sua cultura, há que se valorizar os inúmeros agentes mediadores da aprendizagem.Que na primeira instância é a família e depois a escola, igreja, associações e outros. O relato de experiência aqui apresentado será de ética e cidadania. Foi iniciado em agosto de 2006 culminando em dezembro de 2007. A turma no qual se vivenciou essa experiência Foi o 2º ano do 1º ciclo do Ensino Fundamental I, com crianças na faixa etária entre sete e oito anos da Escola Municipal dos Coelhos após uma capacitação realizada pela CTTU do Recife onde a escola foi incluída neste programa de educação para o trânsito. O trabalho foi realizado em cinco etapas incluindo os momentos de estudo dos professores, onde nestes encontros eram avaliadas as atividades realizadas na escola. O texto escolhido para iniciar o trabalho foi: “Meu automóvel’ do autor José Paes Lemos. A primeira etapa do trabalho foi realizada com uma conversa informal após a leitura coletiva do texto onde todos puderam expressar suas idéias sobre o mesmo. Em seguida surgiram algumas perguntas feitas pela professora: O que é trânsito? O que é bom e o que é ruim no trânsito? Logo depois os alunos observaram o trânsito pela janela da sua sala de aula. A escola fica localizada nas margens de uma avenida. Construindo o conceito de trânsito através de imagens encontradas em jornais e revistas. No decorrer desta primeira etapa trabalhamos com estudo de caso para uma melhor compreensão do que seria trânsito”.Observaram também os meios de transportes que circulam na comunidade. Na segunda etapa após um passeio ao centro histórico do Recife começamos a trabalhar os tipos de sinalizações do trânsito, suas cores e suas funções.Concluímos essas duas etapas com uma culminância no SEST-SENAT, localizado em Beberibe, bairro do Recife.Os alunos mostraram o que aprenderam através de atividades práticas e de jogos realizadas neste encontro.Dando continuidade ao projeto a terceira etapa foi envolver a comunidade escolar, Os alunos realizaram uma apresentação musical caracterizado no pátio da escola alertando a necessidade de se respeitar às sinalizações.A música utilizada foi: “o sinal” de Xuxa. Logo depois os alunos levaram para casa um questionário para os pais onde se perguntava qual era o acidente mais comum que acontecia na comunidade e o que causava. 80% dos pais responderam que era atropelamento e 20% que era confronto de carros.As causas 60% respondeu que era velocidade dos veículos, 30% que era a falta de atenção dos pedestres e 10% a falta de sinalização adequada.Refletimos com os alunos esses resultados e concluímos que a velocidade inadequada dos veículos e a imprudência dos pedestres são causas mais freqüentes de acidentes neste bairro. Na quarta etapa estimulamos a aprendizagem através dos jogos didáticos, que segundo Piaget, o jogo pode contribuir para desenvolver formas mais complexas de pensamento na medida em que são levadas a se empenharem em refletir sobre o seu procedimento, como jogos da memória e o da trilha.O conteúdo desses jogos sugeridos pela CTTU eram placas de trânsito e a conduta dos motoristas e pedestres, onde refletíamos sobre a ética e a cidadania.Realizamos um mutirão com os alunos e resolvemos sinalizar a escola.Setas na escada indicando mão dupla, placas de advertência como PARE, SIGA, NÂO CORRA, BATA NA PORTA e outras. Na quinta etapa pesquisamos notícias em jornais sobre o trânsito, onde trabalhamos sobre o aumento de veículos e conseqüentemente o aumento da poluição e dos gases que contribuem para o efeito estufa. Foi descoberto que o uso da bicicleta pode ser uma alternativa de transporte, como já acontece na França e que muitas empresas já utilizam combustível menos inofensivo a natureza diminuindo assim os fatores que estão contribuindo para o aquecimento global. Concluímos este projeto com a confecção de uma maquete enfatizando o trânsito no bairro dos Coelhos-Recife, no qual a escola se localiza.

RESULTADOS:
A partir deste trabalho os alunos passaram a ter um novo olhar educativo para o trânsito. Aprenderam a identificar os direitos e deveres dos motoristas e dos pedestres e passaram a observar as imprudências ocorridas no trânsito como: a falta de cinto de segurança, o motoqueiro sem capacete, a bicicleta carregando quatro pessoas, pedestres atravessando a avenida sem segurança e a falta de algumas sinalizações próxima à escola. Essa mudança foi detectada através dos depoimentos dos alunos ao chegarem em sala de aula.Dentro da escola depois de sinalizada, chamavam a atenção dos outros que não respeitavam a sinalização.Na construção da maquete sugeriram onde poderiam existir outras faixas de pedestres e outros semáforos.Os resultados desse trabalho foram de extrema importância, pois observamos os alunos como sujeitos de sua própria aprendizagem.Com isso trabalhamos conteúdos atitudinais e conceituais, acreditando em futuros cidadãos do século XXI conscientes e atuantes dentro da sociedade. Uma vez por mês tínhamos encontros com outras escolas e outros professores da rede onde acontecia à socialização das etapas realizadas do trabalho, propondo-se novas atividades e novos encaminhamentos dentro do contexto de cada escola. Analisamos individualmente cada aluno através de suas atitudes e respostas diante das atividades propostas em sala e nas pesquisas pela comunidade. As dificuldades apresentadas para o desenvolvimento do trabalho deram-se ao fato da falta de alguns alunos, principalmente para as aulas em campo. Porém, o envolvimento da família ajudou no processo de ensino-aprendizagem e no acompanhamento das pesquisas.

CONCLUSÕES:
Diante destes resultados percebemos que quando há aprendizagem ocorre à transformação onde, “o clima pedagógico-democrático é o em que o educando vai aprendendo a custa de sua prática mesma que sua curiosidade como sua liberdade deve estar sujeita as limites, mas em permanente exercício” (FREIRE, p.85,1996). A construção do conhecimento se realiza através do que se aprende no senso comum e é melhorado epistemologicamente através do diálogo entre a teoria e a prática. Os alunos aprenderam a organizar seus conhecimentos sobre o trânsito refletindo assim nas suas atitudes como individuo em crescimento, onde começarão a contribuir para uma sociedade mais ética e justa. Enfim o trabalho foi prazeroso, suscitando no educando uma nova perspectiva de qualidade de vida, reconhecendo-se como agente transformador desta realidade, bem como ampliando sua reflexão para real situação problema que enfrentamos nos dias atuais.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Educação, Ética, Cidadania

E-mail para contato: fernandagm@oi.com.br