60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A necessidade de água, em particular potável, tem colocado o problema da ausência ou carência vital para a humanidade. A complexidade de seus usos múltiplos aumentou e produziu enorme conjunto de degradação e poluição. O Brasil é um país considerado privilegiado pelas reservas importantes de recursos hídricos que possui. Contudo, a sua utilização apenas com projeção de cunho econômico, além do desinteresse político expresso pela falta de investimento, tem colocado o país no rol dos que estão relativamente ameaçados pela crise da água. Na Ilha do Maranhão, percebe-se um contínuo processo de degradação de seus recursos hídricos, pela falta de uma melhor eficiência e ética no desempenho político dos governos, das ações públicas e privadas e da sociedade em geral. Os sistemas hidrográficos são tratados como verdadeiros depósitos de rejeitos e sem perspectivas para uma efetiva implantação de gestão. A partir da história do abastecimento de água em São Luís o trabalho analisa o grau de desperdício no bairro do Santa Cruz, visto que, o que motivou a pesquisa, foi justamente, a observação contínua do uso indiscriminado deste recurso. E, ainda verifica qual o nível de conscientização e sensibilização da comunidade frente à questão, através das ações na utilização da água no cotidiano.

METODOLOGIA:

O desenvolvimento da pesquisa contou com os seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica realizada em diferentes órgãos e instituições como: biblioteca da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (CAEMA), Fundação Nacional de Saúde (FNS), Núcleo de Documentação, Pesquisa e Extensão Geográfica (NDPEG), biblioteca do LABOHIDRO (Laboratório de Hidrobiologia). Utilização de croqui do bairro do Santa Cruz, elaborado pela Fundação Nacional de Saúde (FNS), objetivando conhecer a área de estudo, visualização do bairro e identificação das ruas que foram aplicados os formulários. O trabalho de campo teve como objetivo obter informações da área de estudo e identificar in loco situações de desperdícios, referentes aos hábitos de consumo dos moradores e rede de abastecimento público. Registro fotográfico, através de máquina digital, de situações que demonstrem o desperdício. Aplicação de 100 questionários com 19 perguntas e entrevistas informais distribuídos por cerca de 18 ruas, relativas a história do bairro, aos hábitos de consumo, consumo de água, opinião dos entrevistados acerca de questões referente ao tema, entre outros. Tabulação de dados obtidos nas atividades de campo, com o uso do programa EXCEL, e análise e interpretação desses dados.

RESULTADOS:

Partiu-se do princípio de que os moradores fazem uso indiscriminado do recurso água. 55% dos moradores admitem consumir apenas o necessário, enquanto 29% declaram muita água, percentual preocupante, pois, desperdiçam um volume de água significativo. Encontrou-se vários pontos de desperdício no bairro como: freqüentes lavagens de carros, calçadas e ruas, vazamentos na rede de distribuição, entre outros. No bairro ocorre sistema de rodízio em dias alternados, isto devido ao não suprimento por parte do sistema ITALUÍS, que abastece 70% da cidade. 58% dos moradores consideram um transtorno o racionamento, 42% não o tem como um transtorno acredita que o mesmo serve para reduzir o desperdício. 75% acreditam que o fornecimento de água pode ser um grande problema no futuro. Destes, 46% admitem ser devido o desperdício e falta de consciência, 26% pelo desmatamento, rios assoreados, poluídos e falta de chuva e 3% declararam outros motivos. Com isso, percebe-se que a população ainda que de maneira um tanto confusa, tem consciência dos problemas ambientais que afetam o país e respectivamente, o seu local de moradia. Vale enfatizar, a participação social é o condicionante mais importante na gestão de recursos hídricos. A influência da sociedade fará avançar positivamente o sistema de gestão.

CONCLUSÕES:

Com base nos dados obtidos conclui-se que a maioria dos moradores tem o conhecimento do problema da água, contudo não estão sensibilizados a ponto de haver mudanças significativa em seus hábitos, tem-se como exemplo os vários focos de desperdícios encontrados no bairro do Santa Cruz. No que cerne ao abastecimento de água em São Luís, dependente do Sistema ITALUÍS, água captada pelo Rio Itapecuru, onde em seu curso ocorrem diversos problemas ambientais como: assoreamento, despejos de esgotos domésticos e hospitalares, devastação da mata ciliar, etc. o que limita a oferta de água e provoca aumento nos custos de tratamento. Dispor de uma boa oferta de água, captar e armazenar são condições necessárias, mas não suficientes para garantir que chegue às residências devido à ineficiência na distribuição que gera desequilíbrios na quantidade e qualidade da mesma, além dos atuais padrões de consumo, que se mantidos tornarão os sistemas de abastecimento público insustentáveis. É dever do poder público investir na redução do desperdício, da poluição e contaminação dos corpos hídricos, otimizar a coleta e disposição dos resíduos sólidos entre outros, assim como promover ações necessárias para motivar e ampliar uma maior participação da população.

Palavras-chave: Água, Abastecimento de água, Desperdício

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