60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EJA NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR

Rita de Cássia Batista da Silva1
Rosane Rodrigues da Silva1
Nelma Maria Oliveira do Nascimento1

1. Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho - PE


INTRODUÇÃO:
O Setor de Formação que integra a Coordenação de Análise de Rede da Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho – PE, pautando-se no comprometimento do município relativo à ampliação da qualidade da educação destinada ao público da EJA, se propôs a viabilizar uma formação continuada aos educadores do I Segmento, na perspectiva de uma “abordagem do ensino/aprendizagem que se baseia em valores e crenças democráticos e procura fortalecer o pluralismo cultural num mundo cada vez mais independente”(GADOTTI, 2000). Dessa forma, pretende-se, garantir a permanência dos jovens e adultos nas escolas, bem como fomentar a cidadania deste público, uma vez que a educação é um ato político e para efetivar este desejo se faz necessário que os professores contemplem além dos saberes disciplinares, práticas educativas que aproveitem a bagagem cultural e a experiência acumulada dos alunos. Sabe-se, entretanto que a centralidade da formação dos educadores é focada essencialmente no ensino regular e não na EJA. Por esta razão, o desafio é grande para a formação continuada deste grupo. Almeja-se oferecer subsídios para o redirecionamento das práticas pedagógicas, através de reflexões/ações que motivem a elaboração de projetos interdisciplinares vislumbrando assim, uma educação com maior qualidade.

METODOLOGIA:
Para elaboração da proposta de formação foi realizado um levantamento sobre o perfil dos educadores da EJA, considerando suas perspectivas e dificuldades. O projeto foi montado tomando-se como pano de fundo a Proposta Curricular da Educação Para Jovens e Adultos do 1º Segmento e considerando-se ainda os pilares da educação para século XXI: aprender a aprender, aprender a fazer aprender a ser e aprender a conviver. Os encontros de formação foram realizados mensalmente com duração de 8 horas, através de oficinas e discussões que propiciassem o desenvolvimento de projetos e atividades interdisciplinares objetivando promover as habilidades comuns de leitura, interpretação, produção, expressão oral, análise e interpretação de fatos e idéias e mobilização de informações em situações diversas. Para subsidiar os encontros foram elaboradas apostilas contendo fundamentação teórica, sugestão de atividades, textos de diversos gêneros, dicas de filmes e livros além de bibliografia para estudo dos professores. Cada encontro realizado contou com um aparato tecnológico: data show, som, vídeo e CDs, além de material de apoio para realização das oficinas, como papéis diversos, tesoura, cola, revistas, jogos matemáticos, tinta, argila, folhas e sementes, pincéis, hidrocor e outros mais.

RESULTADOS:
O resultado mais imediato foi a observação da elevação da auto-estima dos educadores e a assiduidade dos mesmos nos encontros de formação. Nos momentos de socialização das experiências vivenciadas pelos professores junto aos alunos, constatou-se efetivamente a elevação do entusiasmo e a segurança na condução das práticas educativas por parte dos atores envolvidos no processo; a preocupação no resgate dos conhecimentos prévios dos alunos; o incentivo para ampliação do protagonismo dos jovens e adultos; um novo olhar sobre o “erro” cometido pelos alunos; produções escritas com maior qualidade; respeito e incentivo à oralidade dos educandos; aprofundamento teórico; elaboração e implantação de projetos e, conseqüentemente, a promoção da interdisciplinaridade. Através de contatos on line, muitos professores requisitavam textos, slides e atividades, além de sugerir temas para os novos encontros. Estes contatos também promoveram a troca de experiência entre professores de escolas diferentes, ampliando assim, as parcerias.

CONCLUSÕES:
Após um ano de formação com os educadores da EJA, muitos frutos foram colhidos e outras sementes plantadas. No entanto, percebe-se que há muito que se caminhar. A inquietude dos professores é grande, em razão da consciência de que cada aluno da EJA é sujeito que aprende e ensina e sua identidade é construída na relação com o outro em constante dinamismo, o que implica na consciência de si e de pertencimento do grupo e também, em continuidade e transformação, daí a dificuldade de abraçar uma proposta que precisa estar sempre sendo avaliada, revalidada e moldada para dar conta das exigências educativas da sociedade contemporânea deste público com características bastante peculiares. Observou-se ainda que alguns professores resistem a uma nova abordagem metodológica e conduzem o processo educativo infantilizando os jovens e adultos, uma vez que carregam a experiência da Educação Infantil e do Ensino Fundamental regular para a EJA. Em conseqüência disto, fazem-se necessárias reflexões mais aprofundadas e permanentes com vistas para a formação de sujeitos (professores e alunos) questionadores e competentes na capacidade de ler e participar do mundo em que vivem, para isso dotados com as habilidades que fortalecem a liberdade de espírito, como nos sugere Morin (2003).

Instituição de fomento: Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho - PE

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  EJA, Formação, Interdisciplinaridade

E-mail para contato: rita_mat_@hotmail.com