60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS NA INFÂNCIA NO CENTRO DE ASSISTÊNCIA E INFORMAÇÃO TOXICOLÓGICA DE CAMPINA GRANDE (CEATOX-CG).

Isabel Cristina Oliveira de Morais1, 2
Monalisa Taveira Brito1, 2
Isabel Portela Rabello1, 2
Luana Ferreira de Oliveira1, 2
Ingrid Christie Alexandrino Ribeiro de Melo1, 2
Sayonara Maria Lia Fook1, 2, 3

1. 1-Centro de Assistencia e informação Toxicológica de Campina Grande (Ceatox-CG)
2. 2- Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
3. 3- Prof..Dr./ Orientador


INTRODUÇÃO:
A oferta crescente no mercado de novas classes de medicamentos proporciona à população a possibilidade do tratamento, da prevenção, e da cura de várias doenças. Por outro lado, o risco da ocorrência de surgirem acidentes relacionados aos medicamentos, é desconhecido pela população em geral. As intoxicações agudas por medicamentos em crianças constituem uma das mais freqüentes emergências toxicológicas e contribuem para elevar a morbimortalidade infantil, representando um grave problema de Saúde Pública em virtude da elevada prevalência. Na grande maioria, são considerados acidentais, porém são conseqüências de situações facilitadoras, das características peculiares às fases da criança, de irresponsabilidades da família e do pouco incentivo às medidas preventivas. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas - SINITOX, no ano de 2005, as crianças na faixa etária entre 01 e 04 anos foram as maiores vítimas das intoxicações medicamentosas. Considerando esta realidade, objetivamos analisar as características epidemiológicas das intoxicações por medicamentos entre menores de 12 anos atendidos e notificados no Centro de Assistência e Informação Toxicológica de Campina Grande (Ceatox-CG), nos anos de 2005, 2006 e 2007.

METODOLOGIA:
Esta pesquisa foi realizada no Ceatox-CG, que funciona no Hospital de Urgência e Emergência de Campina Grande (HRUECG). Este é um serviço de referência nos atendimentos às pessoas acometidas por intoxicações de forma geral, bem como fornece informações sobre os primeiros socorros em caso de envenenamento tanto para a cidade de Campina Grande, quanto para outros municípios vizinhos. A pesquisa se constituiu de um estudo transversal, retrospectivo e com abordagem quantitativa de todos os casos de intoxicação por medicamentos atendidos e registrados no período de 2005 a 2007, em crianças de 0 a 12 anos. Para coleta dos dados foi usada a ficha do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). As variáveis estudadas foram: as sociodemográficas: sexo, idade, circunstância; as relativas ao agente tóxico: grupo de medicamentos (neuropsicofármacos, analgésicos, antiinflamatórios não esteróidais, antialérgico, antigripal e broncodilatador, com ação cardiovascular, gastrintestinal, hormonal, nutriente, antimicrobiana e antiparasitária e outros); as relativas à intoxicação: gravidade (leve, moderada e grave); e a evolução clínica (cura, óbito e ignorado). Os dados foram analisados através de estatística descritiva com base no programa Epiinfo versão 3.32.

RESULTADOS:
No período do estudo foram registrados 662 casos de intoxicações por medicamentos, sendo 127 deles (19,1%) ocorridos com crianças de 0 a 12 anos. Com relação ao sexo, houve predomínio do sexo masculino em 70 casos (55,1%), sobre o feminino com 57 (44,9%). A maioria das ocorrências ocorreu na zona urbana (85,1%) e na zona rural apenas 13,2% dos casos. Observamos que 83 crianças (65,4%) estavam na faixa etária de 1 a 4 anos, e 56 crianças (28,3%) de 5 a 9 anos. As principais circunstâncias foram as acidentais (75,2%) e por uso terapêutico (11,2%). Os neuropsicofármacos representaram o grupo farmacológico que apresentou maior prevalência das intoxicações (43,7%), seguidos pelos Antiinflamatórios não esteróidais (11,1%), Antimicrobianos e Antiparasitários (11,1%). No tocante à gravidade, 68 casos (61,8%) foram considerados leves, 95 (84,8%) evoluíram para a cura e apenas um óbito foi registrado (0,9%) no período analisado. Analisando uma pesquisa realizada no Centro de Informações Toxicológicas de Porto Alegre em 2003, com relação ao sexo, faixa etária e circunstância, nossos dados seguem o mesmo perfil deste Centro. Com relação ao grupo de medicamento, o Ceatox de Fortaleza registrou no ano de 1997 uma maior prevalência de intoxicações em crianças por neuropsicofármacos.

CONCLUSÕES:
O presente estudo mostrou que a maioria das intoxicações por medicamentos na infância são acidentais e, portanto, evitáveis. Observamos maior risco desses acidentes entre crianças menores de 4 anos que, por estarem na fase oral e de intensa exploração do meio, tentam de forma inocente explorar o meio em que se encontram. A prevenção constitui a melhor ferramenta para evitar este tipo de evento, devendo-se, assim, manter os medicamentos e produtos domésticos trancados e fora do alcance das crianças. A presença dos neuropsicofármacos como o grupo terapêutico mais prevalente é preocupante, diante da facilidade de acesso a esses medicamentos que representam um risco maior por serem substâncias que apresentam perigo pelo potencial tóxico que possuem. Pelos resultados apresentados nesse estudo, verifica-se a necessidade da implantação de ações educativas de prevenção dos acidentes na infância, associados à utilização de embalagens de proteção às mesmas, aos cuidados com a armazenagem e ao engajamento dos profissionais de saúde na luta pala criação de programas específicos de prevenção de acidentes com crianças

Instituição de fomento: Programa de Iniciaçao Científica da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB/ PROINCI

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Intoxicação, Medicamento, Infância

E-mail para contato: beloliva@yahoo.com.br