60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL EM MACACO-PREGO,CEBUS APELLA (LINNAEUS, 1758)

Daniela Lemos Fernandes1
Ederson Vasconcelos Barrionuevo1
Marcelo Cardoso de Lima1
Cláudio Mantovani Martins2

1. Centro Universitário São Camilo
2. Universidade do Grande ABC


INTRODUÇÃO:
O enriquecimento ambiental consiste na diversificação da estimulação sensorial de animais jovens e adultos mantidos em cativeiro, através da introdução de objetos ou de mudanças nas condições do recinto, o que tem implicações sobre o comportamento, a fisiologia e a qualidade de vida desses animais. Essa metodologia pode diminuir o estresse, melhorar o bem-estar, aumentar a aceitação pública da criação (por adequar o manejo a padrões éticos aceitáveis), estimular o repertório comportamental normal, diminuir a mortalidade, incrementar a taxa reprodutiva e maximizar a relação custo / benefício em uma criação. Diante da importância que o macaco-prego Cebus apella (Linnaeus, 1758) representa na comunidade científica (usado em pesquisas biomédicas), na medicina (utilizado em zooterapia) e na ecologia (participa na dispersão de sementes), nota-se que é de suma importância conhecer a etologia (estudo do comportamento animal) desse primata para garantir a proteção e a conservação da espécie. Objetiva-se, nesse estudo, a avaliação comportamental do macaco-prego submetido a seis tipos diferentes de enriquecimento ambiental, procurando colaborar com futuras investigações para proporcionar uma melhor qualidade de vida para esses animais em cativeiro.

METODOLOGIA:
Os experimentos foram realizados com 7 espécimes mantidos pelo Hotel Estância Santa Luzia em Mauá, estado de São Paulo. As observações foram feitas pelo método focal por intervalo em que um ou mais animais são vistos por um período específico de tempo. Na primeira fase, antes de incluir os enriquecimentos, foi construído um etograma (catálogo referente ao comportamento) com o intuito de se obter registros referentes ao comportamento comum dos animais, bem como a ação dos primatas com relação aos objetos de enriquecimento pré-existentes no recinto. Os comportamentos classificados foram os seguintes: não visível, enriquecimento anterior, dentro do recinto, dentro da toca, utilização de objeto, interação com o público, bebida, comida, interação entre os macacos, parada e catação. Na segunda fase, com o enriquecimento ambiental disposto, foi incluso o comportamento “interação com o enriquecimento” no etograma construído. Nessa etapa foram utilizados os seguintes materiais: figos no interior de uma torre de quebra-cabeça em madeira, pequenas pedras e sementes de girassol no interior de uma bola plástica, cereais matinais no interior de um bambolê plástico, sementes de girassol dentro de uma garrafa PET, larvas de tenébrio imersas em gelatina e essência de baunilha dissolvida em água.

RESULTADOS:
Foi observado que os animais apresentavam atitudes de constante vocalização e interação com os visitantes do hotel. Houve também bastante movimentação por parte de todos os integrantes do grupo, como catação, imobilidade e utilização dos enriquecimentos já disponíveis. Com relação à quantidade de comportamentos apresentados, antes e após o enriquecimento ambiental, foi constatado que houve uma diminuição da ocorrência em todos os itens mencionados, exceto “dentro do recinto”, “interação com o público” que tiveram um acréscimo de aparição, além do item “bebida” que se manteve estável. Há autores que relatam que, quando é inserido um enriquecimento ambiental, o animal pode apresentar um determinado comportamento que pode ser normal ou anormal (estereotipado) para a espécie, ou ainda um comportamento somente apresentado pelos macacos cativos, denominado “novo”. Há outros que vão de encontro a essa afirmação, pois relatam que os desvios comportamentais são facilmente observados quando comparados ao padrão típico comportamental da espécie. Nessa pesquisa foi observada a exibição do comportamento de atirar objetos no público como estereotipia.

CONCLUSÕES:
Os macacos-prego interagiram com intensidade à maior parte dos enriquecimentos, com exceção da essência de baunilha que não se mostrou eficiente. Por meio da pesquisa feita, pode-se verificar que os administradores da estância escolhida, tinham uma preocupação com os animais, pois sempre estavam proporcionando mudanças no recinto com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos macacos-prego ali existentes. O trabalho também poderá auxiliar em futuras pesquisas abordando a etologia do macaco-prego. Observou-se ainda que a inclusão do enriquecimento ambiental deve ser constante, incluindo sempre novas atividades. Conclui-se então que o enriquecimento ambiental foi de grande valia para os macacos-prego cativos, pois com a inclusão desses recursos alternativos eles puderam interagir mais, diminuindo o estresse e proporcionando uma existência de vida um pouco mais saudável para esses animais, os quais, apesar da condição de viverem em cativeiro, acabam por ser uma ferramenta auxiliar na educação ambiental.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  enriquecimento ambiental, macaco-prego, Cebus apella

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