60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia

PROCEDIMENTOS PÓS-COLHEITA DE PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS POR RAIZEIROS EM MACEIÓ, AL

Carlos Jorge da Silva1
José Pedro da Silva1
Afrânio César de Araújo2
Eronilson Vieira da Silva2
Jair Tenório Cavalcante2
Jussiara de Lima Oliveira Araújo3

1. Discente do curso de Agronomia – CECA/UFAL
2. Prof. MSc. do curso de Agronomia – CECA/UFAL
3. Discente do curso de Especialização em Educação Ambiental – FIP


INTRODUÇÃO:
Há algumas décadas quase todos os raizeiros que comercializavam plantas medicinais em feiras ou mercados ao ar livre em cidades brasileiras eram provenientes de comunidades tradicionais detentoras de amplo conhecimento de suas propriedades terapêuticas e das melhores formas de utilização. Fatores como manejo das culturas, colheita e, principalmente pós-colheita, muitas vezes não são tratados como deveriam e a qualidade do produto é comprometida. A solução para estes problemas pode estar na troca de informações entre o raizeiro e o pesquisador, quando a partir das informações transmitidas pelo primeiro pode-se dimensionar o problema e discutir as melhores formas de otimizar os procedimentos envolvidos no beneficiamento das plantas. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os procedimentos pós-colheita para as plantas medicinais comercializadas em feiras e mercados ao ar livre na cidade de Maceió, AL.

METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no período de fevereiro a setembro de 2007, com 46 raizeiros que comercializam plantas medicinais na cidade de Maceió, AL. Destes, 24 eram do sexo masculino e 22 do sexo feminino. Foram visitadas 30 bancas de venda de ervas medicinais alocadas no Centro de Maceió. As informações foram obtidas através de entrevistas que ocorreram no próprio ponto de trabalho dos entrevistados, em momentos de pouco movimento de clientes. Foram utilizados formulários pré-estruturados que permitiram o levantamento de informações relacionadas aos procedimentos pós-colheita utilizados para a conservação das plantas. No formulário constavam perguntas relacionadas ao local, forma e tempo de secagem das plantas, forma e tempo máximo de armazenamento, possibilidade de contato entre plantas de espécies diferentes quando armazenadas e forma como são guardadas as plantas após o expediente de trabalho.

RESULTADOS:
A maioria dos raizeiros afirmou secar os vegetais à sombra, pendurados na própria barraca. A maior parte dos entrevistados respondeu que quatro dias é suficiente para a desidratação do material. Após este procedimento o produto é estocado por até um ano. Quando questionados sobre a forma como são guardadas as plantas após o expediente de trabalho 46,00% dos raizeiros afirmaram amontoa-las em caixas de papelão para, no dia seguinte, serem expostas novamente à venda. Grande parte dos entrevistados afirmaram que, na maioria das vezes, há contato entre plantas de espécies distintas, o que favorece a interferência e a interação entre os compostos ativos voláteis. Os quase 70,00% dos raizeiros que disseram armazenar parte das plantas na própria barraca, afirmaram que cobrem o material com uma lona plástica durante o período noturno ou nos dias em que não trabalham. A estocagem das plantas frescas ou secas sobre a bancada de madeira da barraca onde são expostas foi citada por 39,13% dos entrevistados. O material citado pelos raizeiros para a estocagem foi: sacos plásticos, caixas de papelão, sacos de papel, caixas de plástico, latas, cestos de palha e caixas de madeira.

CONCLUSÕES:
A secagem à sombra, predominante em Maceió, está de acordo com recomendações para a manutenção dos princípios ativos. O tempo médio de quatro dias para a secagem é suficiente para as condições climáticas da cidade. O tempo de armazenamento associado ao tipo de material citado pelos raizeiros para este procedimento pode comprometer a qualidade do produto. O material utilizado para acondicionar as plantas para exposição no dia seguinte é inadequado. O contato existente entre plantas de espécies distintas compromete a ação terapêutica por favorecer interações entre princípios químicos diferentes.



Palavras-chave:  etnobotânica, boas práticas agrícolas, conhecimento tradicional

E-mail para contato: afraniobiologo@hotmail.com