60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada

ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA:REVISÃO TEÓRICA SOBRE A ESPÉCIE BANISTERIOPSIS CAAPI(GRISEB.IN MART.)C.V. MORTON.

Carolina Alencar Dantas1
Uilian do Nascimento Barbosa1
Mayara Maria de Lima Pessoa1

1. Universidade Federal Rural de Pernambuco
2. Universidade Federal Rural de Pernambuco


INTRODUÇÃO:
Um dos grandes objetivos da etnobotânica é investigar e estudar o uso de plantas com finalidades medicinais com o firme propósito de oferecer elementos práticos para outros investigadores nas áreas de fitoquímica e farmacologia, favorecendo a descoberta de outros elementos. Estes estudos necessitam de uma visão interdisciplinar, que permita apreender todos os fenômenos do conjunto que se observa. A ayahuasca é uma palavra de origem Quécha e significa liana dos espíritos ou ainda cipó das almas. Diz respeito a uma bebida preparada a partir da cocção de duas plantas de origem amazônica, um cipó de nome científico Banisteriopsis caapi e as folhas do arbusto Psychotria viridis.A matéria- prima para o feitio desta bebida é retirada da floresta amazônica, e em outros casos há plantações racionais próprias, de modo que a exploração não afete o meio ambiente ecologicamente equilibrado.O uso destas plantas se disseminou por diversos centros urbanos em quase todos os estados brasileiros e diversas partes do mundo, evidenciando assim a importância da preservação e do manejo destas espécies.O presente trabalho objetiva dar uma contribuição às investigações sobre “o cipó das almas”, focalizando os aspectos botânicos da espécie Banisteriopsis caapi (Griseb. In MArt.) C. V. Morton .

METODOLOGIA:
Para a coleta dos dados etnobotânicos foi desenvolvido um levantamento das referências bibliográficas existentes sobre o uso diferenciado da espécie Banisteriopsis caapi (Griseb. In MArt.) C. V. Morton, da família Malpighiaceae. Foram realizadas visitas ao município de São Lourenço da Mata- PE, área onde a espécie estudada é cultivada e consumida.O trabalho de campo foi baseado na pesquisa/observação participativa, sendo composto por entrevistas semi-estruturadas com 20 membros da doutrina Santo Daime.Buscou-se neste contato com usuários do vegetal, o auxílio na compreensão de como as pessoas relacionam-se com as plantas. O material botânico coletado constou de partes do cipó e galhos de um mesmo indivíduo. Dados referentes aos nomes vulgares, ocorrência, utilização regional e distribuição geográfica foram anotados.

RESULTADOS:
Através da revisão de literatura, observou-se que por ser nativa da América, a espécie vegetal Banisteriopsis caapi, era bem conhecida pelos antigos que a valorizavam para muitos problemas de saúde.O estudo científico do cipó começou com o botânico inglês Richard Spruce que, de 1849 a 1864, viajou intensamente através da Amazônia brasileira, venezuelana e equatoriana. O cientista chamou o cipó de Banisteria caapie e em 1931 a espécie foi re-classificada como Banisteriopsis caapi pelo taxonomista Morton.Sua ocorrência se dá em toda floresta amazônica. Existem outros nomes não científicos (mariri, jagube, marechal, cabi, caupurí, uni, dentre outros), pelos quais o cipó é chamado, todos inseridos em contextos culturais específicos.O cipó compõe a família Malpighiaceae,a qual apresenta folhas com disposição oposta cruzada, medindo em média 15-20 cm de comprimento por 7-11 cm de largura, limbo simples e inteiro de formato oval, liso na parte superior, piloso na parte inferior, nervação perninévea, presença de pecíolo.Os entrevistados descreveram uma modificação na consciência ao utilizar o Santo Daime (sinônimo de cipó das almas).Constataram o caráter sagrado da bebida e a sensação de comunhão com o divino.

CONCLUSÕES:
Ao buscar informações botânicas sobre a espécie do presente estudo, nota-se uma escassez de pesquisas específicas sobre esta planta. É notório o extrativismo dessa espécie na região amazônica, pois existe uma dificuldade em alcançar um índice de desenvolvimento ideal no cultivo dessa planta fora da área de ocorrência natural, devido às diferenças nos fatores bióticos e principalmente nos fatores abióticos como insolação, temperatura e umidade.Embora cultivada na maior parte das áreas em que é consumida, o jagube é também coletado em estado silvestre.Portanto, os orgãos ambientais devem recomendar e incentivar os plantios racionais do cipó jagube e do arbusto Psychotria viridis,a fim de evitar que a colheita dessa matéria prima seja feita na floresta natural.É interessante destacar o fato de que tribos indígenas primitivas detinham o conhecimento e utilizavam fármacos de origem vegetal com ação inibidora da MAO(monoaminoxidase), uma tecnologia recente para a farmacologia principalmente na área anti-depressiva.



Palavras-chave:  Amazônia, cipó, jagube

E-mail para contato: cadlua@yahoo.com.br