60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil

O CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O RELATO DA OFICINA – “APRENDENDO A LER O MUNDO”.

Denise Barreto da Silva1
Luís Paulo Cruz Borges1
Liliane de Alcantara Albuquerque1
Bruna Vianna da Cruz1

1. Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ


INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem como objetivo relatar as experiências das oficinas de leitura realizadas para crianças de 03 a 06 anos de uma turma de Educação Infantil na cidade do Rio de Janeiro através da construção de novas narrativas dentro do espaço de sala de aula. A partir da idéia do professor Paulo Freire de que a leitura de mundo precede a leitura da palavra e que as leituras de um texto implicam nas relações de um contexto (FREIRE, 1987) criamos atividades com histórias infanto-juvenis que possibilitassem às crianças a construção de suas leituras de mundo. O espaço do contar histórias na educação infantil se caracteriza, segundo Santos (2001), por um campo de criação e recriação, onde as crianças expressam suas emoções e sensações através do imaginário, do contar e do re-contar perspectivas singulares.

METODOLOGIA:
Utilizamos como metodologia a dialética, pois esta nos auxilia na realização de atividades pedagógicas participativas, a observação participante (ANDRÉ, 1995) e a descrição densa – que pressupõe uma contribuição para a investigação científica (GEERTZ, 1989). As estratégias metacogntivas (MATTOS, 2000), ou seja, o processo de como se fazer, o papel da memória, a importância do outro, o monitoramento do fazer, planejar e prever resultados servirão de base teórica para a realização das atividades. As oficinas foram desenvolvidas no segundo semestre de 2007 em uma escola particular da Zona Norte do Rio de Janeiro, em duas salas de aula de educação infantil. Também realizamos observação totalizando uma carga horária de 90 horas para consubstanciarmos nossas análises acerca da interação entre professora-aluno/a e aluno/a-aluno/a.

RESULTADOS:
Realizamos três oficinas de leitura no espaço escolar, sendo a primeira atividade a história O Livro dos Gatinhos, a segunda a criação de um Texto Coletivo e por fim a história da Raposa e as Uvas. Estas atividades serviram de pano de fundo para emergir o imaginário de cada criança. Neste ínterim alguns dos nossos objetivos propostos nas atividades foram concretizados, tais como: a possibilidade no momento do contar histórias; à escuta do outro, do outro que nos é diferente; a dialogicidade entre quem ensina e quem aprende e a construção de uma narrativa coletiva. Trabalhamos através das falas das crianças os espaços/tempos que cada pessoa possui, além da motricidade proposta pelas histórias que exercemos em sala de aula. Suscitamos também que as crianças criassem e re-criassem suas próprias histórias, contribuindo assim para a construção de um texto coletivo, através da representatividade de cada criança.

CONCLUSÕES:
Constatamos que a relação daquele que ensina e aquele que aprende deve ser uma relação dialética onde a aprendizagem está presente em ambos os casos (FREIRE, 1996). No momento das atividades de contar histórias percebemos claramente esta relação: quando a criança re-ler as histórias elas ensinam sobre um mundo que lhes é próprio mostrando assim suas singularidades de sujeitos no mundo. De acordo com Perrotti (1930) o conceito de produção cultural é exposto de acordo com as experiências vividas por nós em sociedade. Desta forma, a nossa produção cultural deve ser dialética entre o real e o simbólico. Não devemos encarar a produção cultural como uma simples substituição, ou seja, a cultura não é inerte, sólida e homogênea, mas sim metamorfosea-se, adquirindo diversas re-significações. Quando contamos histórias em sala de aula e permitimos que as crianças as re-contem com suas perspectivas, fomentamos uma “mudança de percepção, que se dá na problematização de uma realidade concreta, no entrechoque de suas contradições, implica um novo enfrentamento do homem com sua realidade” (FREIRE, 1983). É neste ínterim que trabalhamos com perspectivas diversas, tênues, complexas, mundos que interagem em uma sala de aula.

Instituição de fomento: PIBIC/ UERJ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  EDUCAÇÃO INFANTIL, LEITURA, PALAVRAMUNDO

E-mail para contato: denisebuerj@yahoo.com.br