60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada no decorrer do Curso de Pedagogia da UFMT em 2008. Escolhemos algumas escolas que obtiveram os piores índices no IDEB de 2007 com o objetivo de analisar, através do perfil de seus professores, a relação entre esses resultados e os fatores que poderiam estar contribuindo para o agravamento desse quadro. Procuramos conhecer alguns aspectos desses profissionais como: o nível da sua formação acadêmica, a sua expectativa em relação à profissão, se faz cursos de especialização ou de aperfeiçoamento, as condições estruturais e pedagógicas do seu ambiente de trabalho, a satisfação ou não com a remuneração, a possibilidade de lazer, entre outros, a fim de avaliar se tais condições podem ou não interferir na sua postura e no seu comprometimento como educador dentro da escola. Em relação ao IDEB, o que nos deixou perplexos é que Mato Grosso reúne 23 municípios com o IDEB menor ou igual a 2,7, no ensino fundamental, sendo que três deles estão entre os 20 piores do ranking nacional. Como a capital do Estado, Cuiabá, também integra essa lista, resolvemos investigar as instituições referidas acima, com o propósito de promover reflexões aliadas à busca de soluções ou ações que minimizem esses dados negativos na educação brasileira.

METODOLOGIA:

Para realizar a pesquisa foram feitos levantamentos e análise da bibliografia disponível sobre o tema. De posse desses materiais e fontes, foi elaborado um instrumento de coleta de dados com 25 questões pré-estruturadas e aplicados a 100 professores de 5 escolas da rede pública de Cuiabá. Nesse sentido Barbosa afirma que (1999, p. 58) “um número limitado de casos é expressivo de uma situação social mais abrangente”, pois apreende nessa singularidade coletada uma totalidade significativa para justificar suas análises. A visita às escolas foi feita durante uma semana após contato prévio com as coordenações pedagógicas/direção das Unidades de Ensino. Uma vez sabendo da relevância da pesquisa, estes se encarregaram de fazer a distribuição dos questionários para os docentes de suas respectivas escolas. Retornamos às escolas para o recolhimento desses questionários e, com os dados em mãos, optamos para o desenvolvimento do trabalho pela metodologia da pesquisa qualitativa que, segundo Brandão (2000), a “construção do objeto” diz respeito, entre outras coisas, à capacidade de optar pela alternativa metodológica mais adequada à análise daquele objeto. Os dados assim coletados foram analisados após sua sistematização, considerando o referencial teórico proposto pelo orientador do projeto.

RESULTADOS:

Os elevados índices de evasão e repetência e os baixos resultados no IDEB levaram o governo a criar o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para garantir a permanência desses alunos nas escolas através da realização do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. O IDEB é o indicador que afere a situação da educação dos municípios e serve de parâmetro para o PDE com os dados do Censo Escolar, do Saeb e da Prova Brasil. O IDEB atual do Brasil é de 3,8 para os anos iniciais e para os finais 3,5 (Educação Básica). Já em MT, o índice é de 3,6 para os anos iniciais e 2,9 para os finais e nas cinco escolas de Cuiabá selecionadas entre 1,7 a 2,9. Os professores entrevistados possuem, na maioria, a licenciatura plena obtida recentemente e trabalham como professores temporários ou substitutos, em um turno ou mais e expressam a inexistência de vínculo com a comunidade local. Apesar de insatisfeitos não mudariam de profissão, afirmam que utilizam o Projeto Político Pedagógico na sua prática e vivenciam uma gestão democrática na escola. Os recursos tecnológicos e bibliotecas são pouco utilizados e a maioria das salas de aula são multisseriadas com 30 alunos em média. Acreditamos que os fatores apontados anteriormente podem explicar em parte o IDEB obtido pelas escolas pesquisadas.

CONCLUSÕES:

A baixa pontuação no IDEB dos municípios do país é resultado da educação que os estudantes estão recebendo e dos reflexos nas suas aprendizagens. Os profissionais entrevistados conseguiram ter uma formação continuada através de cursos oferecidos pelo governo, têm recursos disponíveis para a prática educativa e jornada compatível com atividades de lazer, entretanto, estão insatisfeitos com o salário, com a desvalorização social da profissão e com a precariedade das condições de trabalho. Acreditamos que as condições objetivas de trabalho, o descontentamento e a baixa estima expressa pelos professores contribuam decisivamente para a pontuação obtida no IDEB. Com o PDE surge a esperança de que não haja mais justificativas para a má qualidade da educação fornecida aos alunos de todo Brasil desde que os Estados e municípios se engajem para obterem resultados positivos. As informações obtidas através desta pesquisa indicam que levar o aluno a permanecer na escola e conseguir que este, ao término de seus estudos, tenha realmente obtido êxito em seu processo de ensino-aprendizagem e procure sempre ampliar seu horizonte educacional, é um dos maiores desafios enfrentados por professores e gestores das escolas públicas no Brasil.

Palavras-chave: IDEB, PDE, profissão docente

E-mail para contato: camilaemanuella@hotmail.com