60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo

CURRÍCULO E ESCOLA DE EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL

CRISTIANE ELVIRA DE ASSIS OLIVEIRA1
LUCIANA PACHECO MARQUES1

1. Universidade Federal de Juiz de Fora/MG.
2. Autora: Cristiane Elvira de Assis Oliveira
3. Bolsista FAPEMIG, aluna do Curso de Pedagogia
4. Orientadora: Luciana Pacheco Marques
5. Professora da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação


INTRODUÇÃO:
Na atualidade a noção de tempo passa por uma ruptura, a qual se reflete no processo escolar. O tempo deixa de ser pensado de forma linear, passando a ser considerado simultâneo. Essa mudança na concepção de tempo traz implicações para toda e qualquer organização escolar, inclusive para as escolas de educação em tempo integral e com a ampliação do horário escolar faz-se necessário repensar para além das questões do tempo escolar. O objetivo desta pesquisa foi conhecer como a escola de educação em tempo integral vinha organizando o seu currículo e saber quais eram as percepções dos/das professores/as que trabalham em uma das escolas de educação em tempo integral do município de Juiz de Fora/MG quanto à organização do currículo. Tal pesquisa contribuiu com as discussões na escola sobre sua organização curricular no atendimento a essa nova organização do tempo.

METODOLOGIA:
Análise das entrevistas realizadas com professores/as de uma escola de educação infantil em tempo integral no município de Juiz de Fora/MG. Esta escola situa-se no centro do próprio município, possui aproximadamente 77 estudantes e funciona de 7:30h às 16:30h. Foram entrevistados/as uma professora de artes, um professor de educação física, uma professora do primeiro período, uma do segundo período e uma do horário intermediário, ou seja, que acompanha as crianças no horário de almoço e repouso. Tais entrevistas foram analisadas em sua relação com a teoria estudada sobre a educação infantil (Kuhlmann Jr, 2003; Luz, 2006) e sobre a educação integral (Cavaliere, 1996; Coelho, 2007; Gonçalves, 2006; Silva, 2002).

RESULTADOS:
Das análises tecidas das entrevistas, segundo os/as professores/as, a organização do currículo está relacionada: às atividades realizadas com as crianças; ao tempo quantitativamente ampliado das crianças e não um tempo qualitativamente aproveitado pelos professores em suas aulas; ao tempo perpassado pelo cuidar e o educar e ao tempo extremamente cronológico. Uma análise relaciona-se ao cuidar. Thaís (os nomes são fictícios) diz: "Cuidar da higiene das crianças, levá-las para lavar as mãos, fazê-las comer de tudo, dizer para mastigar corretamente, levá-las para escovar os dentes e para o relaxamento". Luz (2006) argumenta que a educação infantil, no Brasil, tem sua história relacionada ao funcionamento das creches, onde as crianças recebiam os cuidados básicos de alimentação e higiene. Bruna percebe o currículo como um tempo perpassado pelo cuidar e o educar. "Os momentos de higienização e alimentação passam pelo cuidar e não deixa de educar e quando está educando não deixa de está cuidando", como aponta kuhlmann Jr. (2003). Paula diz que divide o tempo da melhor maneira possível, com diferentes atividades lúdicas e pedagógicas. A organização do currículo, segundo Sampaio (2002), não deve se restringir a um tempo quantitativamente ampliado, devendo levar em consideração um tempo qualitativamente aproveitado pelos/as professores/as e crianças. Isso se verifica na fala de Poliana: "No início da aula abre-se um baú da imaginação e no final passa-se uma guilhotina (o tempo) cortando todo o momento mágico de produção". O horário fragmentado inviabiliza o desenvolvimento e a qualidade das aulas. Caio menciona: "As aulas de educação física, artes são um escape das aulas dentro da sala de aula". Este propõe que se diversifique as atividades, vendo o profissional de educação física e artes como fundamentais para ocupação deste tempo ampliado e com todo o processo escolar.

CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que a organização do tempo curricular nesta escola de educação em tempo integral de fato fragmenta-se, uma vez que os/as professores/as relatam a supremacia de um tempo cronológico não aproveitado em sua extensão qualitativa. Porém, os/as professores/as têm refletido sobre essa questão, tentando superar a fragmentação do currículo, desenvolvendo atividades diversificadas, ligadas ao cuidar e ao educar. Tais conclusões têm sido refletidas pela escola, buscando a reorganização do currículo.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Tempo, Currículo, Educação Integral

E-mail para contato: cristianeelvira@yahoo.com.br