60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Com base nas diversas políticas públicas inclusivas no âmbito nacional e internacional, a inclusão no contexto da deficiência vem sendo alvo de ampla discussão no atual cenário sócio-educacional. Neste sentido, a escola pode ser considerada como um lugar privilegiado para a adoção de estratégias de inclusão de crianças e jovens com necessidades especiais, onde o professor certamente é um agente importante na promoção desta inclusão exercendo uma prática pautada em pressupostos inclusivos e voltada para facilitar a relação entre a criança e o seu meio.

METODOLOGIA:

Objetiva-se neste estudo identificar e analisar aspectos da prática profissional de professores de educação especial que trabalhavam na rede de ensino especial e regular do município e região metropolitana do Rio de Janeiro. O estudo foi conduzido em duas escolas: uma escola especial privada, situada em um bairro nobre da cidade do RJ e uma escola pública regular com classes especiais, situada em um bairro da periferia do RJ. Foram entrevistados 20 professores usando um roteiro semi-estruturado de entrevista, elaborado pelos autores. As entrevistas, individuais, foram gravadas e posteriormente transcritas. Os dados das entrevistas foram analisados de acordo com a Metodologia de Análise de Conteúdo. As seguintes categorias foram usadas para análise do conteúdo das entrevistas: 1) perfil dos profissionais (faixa etária, ano de ingresso na instituição, tempo que ocupa a função na instituição); 2) formação e experiência profissional (nível de formação, cursos de capacitação, tempo de experiência profissional e como professor na área da deficiência, motivos de escolha para trabalhar na área da deficiência); e 3) prática profissional (práticas de avaliação e intervenção, orientação e apoio recebido, condições de trabalho, formação específica para atuação na área).

RESULTADOS:

No que se refere à formação e experiência profissional, na escola particular alguns ainda tinham nível superior incompleto (n=02), já na escola pública todos tinham completado o nível superior, tendo inclusive pós-graduação lato-sensu. No total, mais da metade (n=13) tinha 10 anos ou mais de experiência profissional, sendo que na área da deficiência esta experiência variou: na escola particular 08 professores tinham mais de 10 anos e na escola pública apenas dois dos 11 professores tinham todo este tempo de experiência na área da Educação Especial.Os recursos técnicos mais usados em ambas as escolas era a observação (n=16), sendo que, enquanto na escola pública também eram realizadas reuniões multidisciplinares, na escola particular eram realizadas atividades de grupo (n=06) e avaliações formais, como provas ou testes (n=03). Diferentemente, enquanto na escola privada todos os professores declararam estar satisfeitos com suas condições de trabalho, na escola pública, a maioria se mostrou insatisfeito (n=11); embora todos tenham declarado receber apoio, principalmente da Prefeitura, para sua prática profissional. Finalmente, do total dos 20 entrevistados, 18 afirmaram ser necessária uma formação específica para atuar nesta área, devido à inexistência desta na graduação.

CONCLUSÕES:

Os resultados sugerem que a maioria desses professores contava com larga experiência profissional na área da Educação Especial, sendo que os principais motivos que levaram esses profissionais a trabalhar na área da deficiência se referem a uma motivação intrínseca (interesse pessoal por se identificar com a causa da deficiência, por exemplo), o que pode estar relacionado ao que a literatura afirma sobre a aura de bondade e caridade que cerca os profissionais que trabalham nesta área. Outro dado importante a ser discutido se refere ao fato de que todos os professores da rede pública declararam estar insatisfeitos com suas condições de trabalho, ainda que recebessem apoio por parte do órgão público gestor da rede de ensino. Esse dado sugere que o apoio fornecido para prática destes professores pode ser ainda insuficiente ou não se sobrepõe aos problemas de ordem estrutural que eles enfrentavam.

Palavras-chave: inclusão, deficiência, professor

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