60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 4. Antropologia Rural

ISSO NÃO É COISA DE MULHER...: GÊNERO, ATRIBUIÇÕES DE PAPÉIS, CONFLITOS E NEGOCIAÇÕES EM MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS DO BRASIL.

Joyce Gomes de Carvalho1

1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


INTRODUÇÃO:
A participação das mulheres no Movimento Sindical Rural vem crescendo, principalmente nos espaços de liderança. Segundo CASTRO (2007) esse resultado pode ser lido como uma mudança na forma de organização e participação em espaços de massas, onde ainda há dificuldades de garantir a participação das jovens, principalmente das mais novas. Um segundo fator que corrobora essa idéia é a presença de lideranças mulheres, mais jovens, nos movimentos que organizaram os eventos, em especial observamos que a maioria dos Coordenadores Estaduais de Juventude da CONTAG e que formam a Coordenação Nacional, são mulheres, o que foi possível a partir das mudanças estruturais do sindicalismo rural. O objetivo deste trabalho é desenvolver uma primeira análise das relações de gênero do ponto de vista antropológico, a partir das observações do trabalho de campo e de um referencial teórico, buscando enfoque nas relações de gênero no interior das diferentes realidades sociais que estão presentes no sindicalismo rural. Esse esforço pretende entender principalmente como essas relações se refletem na participação das jovens sindicalizadas, destacando os espaços de organização da juventude e observando com mais atenção à forma como as jovens participam nos espaços de discussão e decisão política.

METODOLOGIA:
No esforço de analisar as relações de gênero e principalmente entender como essas relações se refletem na participação das jovens nos movimentos, a pesquisa vem utilizando a seguinte metodologia: revisão bibliográfica, aplicação de questionários, para a realização de um perfil dos jovens que participam dos eventos acompanhados pela pesquisa, entrevistas individuais e coletivas, conversas informais com as (os) jovens, e, principalmente observação participante, por meio de etnografia. A pesquisa vem sendo realizada nos eventos organizados pelos movimentos sociais e movimento sindical rural que tem como um de seus objetivos a realização do perfil da juventude que atua nos movimentos social e sindical. Os eventos acompanhados são eventos nacionais de massa e eventos de lideranças. Um dos espaços observados foi 2ª Plenária dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, realizada nos dias 23, 24, 25 e 26 de outubro de 2007, no Centro de Treinamento Educacional - C.T.E. da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria - CNTI - Luziânia - GO.

RESULTADOS:
A participação das jovens na 2ª Plenária dos Trabalhadores e Trabalhadores Rurais foi fortemente voltado para o debate de juventude na CONTAG, mas não só, como foi relatado por Rute , e observado no evento. Uma leitura que pode ser feita em relação à participação e a atuação política das jovens seria um possível resultado da política de cotas para Juventude (20%) que surgiram no 9º CNTTR . Outra leitura que podemos fazer é a relação com a política de cotas para mulheres (30%). O debate de cotas para mulheres em todas as instâncias do sindicalismo rural surgiu a partir do 6º CNTR e aprovado no 7º CNTTR . A proposta da Confederação é que as cotas de juventude sejam preenchidas por uma representação igualitária. Ou seja, que estejam presentes 50% de jovens homens e 50% de jovens mulheres nos eventos organizados pelo movimento. No entanto, a participação na 2a Plenária mostra que ainda há uma representação desigual entre jovens homens e mulheres no preenchimento das cotas destinadas aos jovens nas delegações de eventos. A própria política de cotas para a Juventude, e mesmo a de mulheres, é questionada por outros setores.

CONCLUSÕES:
O cenário rural vem passando por inúmeras mudanças, o que, reflete diretamente nas relações sociais. Uma prova dessas mudanças corresponde à participação de mulheres como lideranças de juventude, aonde elas se fazem presentes com um número significativo nas Coordenações Estaduais e Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Percebe-se que para além da participação das mulheres nessas instâncias, há também mudanças importantes, como a sindicalização das jovens, o que é percebido na participação e atuação nos sindicatos locais cada vez mais cedo. Contudo as jovens entrevistadas apresentaram as dificuldades e resistências encontradas na família e nos próprios sindicatos locais para participarem, apesar das políticas afirmativas criadas pelo movimento sindical para a participação de jovens e mulheres.

Instituição de fomento: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Gênero, Jovens Rurais, Sindicalismo Rural

E-mail para contato: joyceufrrj@yahoo.com.br