60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

A BELEZA DE SER AFRODESCENDENTE POR UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA QUE FAVOREÇA A AUTO-ESTIMA E O PROCESSO IDENTITÁRIO

Maria do Carmo Oliveira da Silva1, 2

1. Prefeitura Municipal do Recife
2. Escola Municipal de Beberibe


INTRODUÇÃO:
Estudos apontam que entre a população negra encontra-se o maior índice de analfabetos(IBGE, IDH). A instituição educacional não é um ambiente neutro, ela tanto reflete as contradições sócio-culturais existentes na sociedade como pode se contrapor com sucesso contra o racismo e qualquer forma de exclusão. Quando a escola não se pauta na preservação da diversidade cultural, promovendo a eqüidade e fortalecendo o processo identitário dos negros e negras ela está favorecendo o preconceito e contribuindo para que nossas crianças se sintam desvalorizadas, não se identificando com sua etnia, muitas vezes se vitimas de apelídios e como reflexo desse contexto se rebelam com agressividade ou emudecem, tendo como conseqüência o aumento da evasão desse público ou o baixo rendimento escolar. Neste contexto problemático realizamos em uma escola da periferia do Recife uma pesquisa-ação com as turmas de alfabetização do Ensino Fundamental. O objetivo de nossa pesquisa era verificar como as crianças negras e afrodescendentes estavam construindo seu processo identitário e a partir da análise dessa construção criar alternativas pedagógicas que possibilite o desencadeamento do sentimento de identidade através de ações de enaltecimento a cultura africana e afro-brasileira, objetivando o fortalecimento da auto estima para que as crianças pudessem se alfabetizar em um espaço escolar pluricultural, de respeito e inclusão das diferenças étnico-raciais. Simultaneamente nossa pesquisa se propôs a investigar com as alfabetizadoras as estratégias utilizadas para promover no espaço público a produção de conhecimentos, atitudes e valores que eduquem na perspectivas do pluralismo e combata o racismo.

METODOLOGIA:
Optamos por realizar uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa. No primeiro momento observamos através de desenhos e da análise do discurso a relação da comunidade escolar (Educando, educadores, gestores e pais) frente às questões étnico-raciais; no segundo momento analisamos praticas racistas que foi identificado a luz do referencial teórico pesquisado; no terceiro momento elaboramos estratégias de intervenção pedagógica que favorecessem a reflexão e promovessem a educação das relações étnico-raciais.

RESULTADOS:
Ao término de nossa investigação constatamos que a pesquisa-ação possibilitou na comunidade escolar um novo olhar sobre às questões étnico-raciais, evidenciado pelo reconhecimento por parte dos docentes que algumas atitudes adotadas na pratica pedagógica revelam e reforçam o racismo, indicando e incluindo a temática racial nas reuniões de estudo e planejamento. Verificamos que houve uma identificação com a cultura afro-brasileira revelada no aumento significativo da auto-estima e da minimização dos apelídios, percebemos no olhar, nos gestos, na forma de pentear o cabelo... o surgimento do sentimento de pertencimento racial.

CONCLUSÕES:
Concluirmos salientando que o racismo não é fruto da escola, porém o racismo, as desigualdades e qualquer forma de exclusão existentes na sociedades perpassam na instituição educacional. Nesse sentido, é necessário que as instituições educacionais se constituam em espaço democrático pluricultural, se revelando como uma das alavancas de mudança e na eliminação das discriminações e na emancipação dos grupos discriminados através de uma educação que se comprometa com a formação cidadã e com a educação étnico-racial.

Trabalho de Professor do Ensino Básico ou Técnico

Palavras-chave:  Educação étnico-racial, Racismo, Pluralismo cultural

E-mail para contato: m.carmmens@bol.com.br