60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional

FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA, SEGMENTO DE SANTA CRUZ: CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E INTERAÇÕES TRANSFRONTEIRIÇAS

Luis Paulo Batista da Silva1
Lia Osório Machado2
Leticia Parente Ribeiro3

1. Departamento de Geografia/UFRJ
2. Profª. Drª. - Departamento de Geografia - UFRJ - Orientadora
3. Profª. Msc. - Departamento de Geografia - UFRJ - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A divisa entre Brasil e Bolívia tem uma extensão de 3.423 km, sendo a maior da faixa de fronteira brasileira. Durante décadas essa extensa fronteira pouco chamou a atenção dos respectivos governos centrais, porém na atualidade vários eventos mostram sua importância estratégica e geográfica, entre eles, projetos públicos e privados de integração sul-americana, e novas políticas desencadeadas pelo governo Evo Morales. O segmento brasileiro com o departamento de Santa Cruz, além de ser o maior da divisa, nos interessa pela forte dinâmica de interações transfronteiriças aí existente. Assim como, por uma grande mudança interna à Bolívia, onde esse departamento se transforma em um dos principais centros econômicos e de dissidência política do país. Já na faixa de fronteira brasileira desenvolvem-se diversas atividades ligadas ao capital externo, como a mineração e o cultivo da soja. A cidade gêmea de Corumbá-Puerto Suarez tem um importante papel, enquanto lugar de comunicação entre os dois países. Por isso, achamos vital um conhecimento de algumas características desse segmento e analisar quais os tipos, e em que escalas ocorrem as interações entre os dois países, assim como, que espaços são articulados nessas transações Brasil-Bolívia.

METODOLOGIA:
A metodologia do trabalho baseou-se na coleta de dados quantitativos, referentes a elementos que caracterizem a zona de fronteira do segmento de Santa Cruz, assim como as suas interações. Para elementos como população e migrações foram consultados os institutos de pesquisas estatísticas dos dois países, IBGE e INE, onde a unidade espacial foi o município, para o Brasil, e as seções para a Bolívia. Para o comércio exterior foram utilizados dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, MDICE e do INE. O MDICE disponibiliza dados para municípios e estados, já o órgão boliviano, para esta variável, apresenta somente para os departamentos. Com as variáveis levantadas foram elaborados mapas analíticos, na plataforma ArcView 3.3, estes serviram para a nossa análise sobre a distribuição espacial da população, migrações e comércio exterior. Além desse instrumental utilizado, foram consultadas diversas obras que á existiam sobre o tema e a área, formando uma base referencial teórica que sustentou o exame dos mapas.

RESULTADOS:
A porção do território brasileiro que faz divisa com o departamento de Santa Cruz apresenta uma grande assimetria em relação ao povoamento das faixas de fronteira. A faixa de fronteira brasileira tem uma ocupação muito mais densa que a porção boliviana. Na porção sul do segmento existem cidades importantes como Corumbá, e no Norte diversos municípios apresentam um crescimento populacional intenso, principalmente na Chapada dos Parecis, ligado a um desenvolvimento da agroindústria. A faixa boliviana, ainda é uma área com baixo crescimento demográfico, distante aproximadamente 100 Km da cidade de Santa Cruz de la Sierra. Em relação às migrações temos uma forte concentração de brasileiros na faixa de fronteira boliviana e no Brasil os bolivianos se concentram nas cidades gêmeas ao longo da fronteira. Nesse caso a interação tem como característica a proximidade entre os locais de origem e destino. O comércio exterior se configura de forma diferente, o centro sul é a origem e destino dos produtos oriundos da Bolívia. Esta que também tem no seu interior as demandas de importações e exportam os seus produtos. Neste fator vimos diretamente à importância de Corumbá, pela infra-estrutura instalada ela se torna um importante nó da rede logística que liga os dois países.

CONCLUSÕES:
Com os elementos analisados vimos que a zona de fronteira Brasil-Bolívia apresenta assimetrias. Entre a faixa boliviana e brasileira existem diferenças claras entre o padrão de povoamento e o crescimento demográfico nos últimos tempos. Na zona de fronteira também ficam claras as diferentes escalas de interações espaciais articuladas. Na zona de fronteira as migrações se caracterizam por ser um fenômeno majoritariamente regional. Ela pode ter como destino grandes centros econômicos do território brasileiro, mas tem como espaço primordial a zona de fronteira. Espacialmente distinto é o comércio exterior, este articula espaços muito distantes entre si. Os fluxos perpassam pela zona de fronteira, que adquire características de um lugar de comunicação, onde as interações têm um caráter extra-regional. O espaço da fronteira é importante, essencialmente, pelas condições de infra-estrutura que permitem que os fluxos o atravessem em direção aos grandes centros, que são os destinos preferenciais das trocas.

Instituição de fomento: FAPERJ

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Fronteiras, Interações espaciais, Limites internacionais

E-mail para contato: luis_paulo88@hotmail.com