60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural

PERFIL SOCIOECONÔMICO DAS MULHERES RURAIS E A SUA PARTICIPAÇÃO NA SUSTENTABILIDADE FAMILIAR: ESTUDO DE CASO NO ASSENTAMENTO COLÔNIA ULISSES PERNAMBUCANO NO MUNICÍPIO DE IGARASSU – PE

Denea de Araújo Fernandes Pires1, 4
Djane Araújo Pires3, 5
José Ferreira Monteiro6
André Carlos Silva Pimentel1, 2

1. Departamento de Zootecnia / UFRPE
2. Prof. MSc. / Orientador
3. Departamento de Ciências Domésticas / UFRPE
4. Estudante da Graduação em Zootecnia
5. Estudante da Graduação em Economia Doméstica
6. Produtor e líder rural


INTRODUÇÃO:
O efetivo da população rural feminina é de 32 milhões o que representa 47% da população residente no campo conforme IBGE (2000) e a mão de obra feminina na agricultura corresponde a 31%. (IBGE, 2006). Os homens possuem uma jornada entre 10 e 12 horas/dia, em contrapartida a jornada das mulheres é de 15 a 19 horas por dia (Pnad,1998). As condições de acesso a educação, a emprego e o nível de renda, influenciam na taxa de fecundidade, onde as áreas rurais são mais carentes em oposição à urbana, as mulheres rurais que apresentam, em geral, baixo nível de escolaridade, associado a baixos rendimentos tem uma elevada taxa de fecundidade, associado à ausência de planejamento familiar. A mulher rural exerce uma tripla jornada que compreende as atividades domésticas, a organização psicológica da família (cuidar de filhos e esposo) e na produção agropecuária. A presente pesquisa objetivou desvelar as características socioeconômicas das mulheres rurais, bem como evidenciar a sua importância para produção de alimentos destinados ao autoconsumo familiar e reconhecer na mulher o papel como agente fundamental para o fomento da agricultura familiar sustentável no assentamento Colônia Ulisses Pernambucano em Igarassu -PE.

METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Assentamento Colônia Ulisses Pernambucano, localizado no bairro Pau de Léguas, pertencente ao município de Igarassu no estado de Pernambuco. Conforme a APUP (Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Colônia Ulisses Pernambucano), atualmente, o assentamento consta com 90 lotes distribuídos por 90 famílias, ou seja, 1 família para cada lote, totalizando aproximadamente 350 ha, caracterizando a estrutura fundiária como pequena (minifúndio), em média, quase 4 ha por família. O método de pesquisa consta de um Estudo de Caso, que segundo Yin (2005) é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, sendo uma das muitas maneiras de fazer pesquisa em ciências sociais. A metodologia científica adotada foi a quantitativa, utilizando-se de entrevistas pessoais in locu com questionário do tipo estruturado e fechado. O questionário foi aplicado a 24 mulheres rurais do assentamento Colônia Ulisses Pernambucano, oriundas de famílias distintas, no período de 17 a 22 de janeiro de 2008. A amostragem populacional foi determinada por conglomerado. Os dados obtidos foram tabulados e analisados estatisticamente.

RESULTADOS:
Todas as mulheres entrevistada são mães, das quais 63% têm até 3 filhos, 25% de 4 a 6 filhos, 8% de 7 a 9 filhos e 4% têm mais de 10 filhos, nenhuma nunca realizou planejamento familiar. Quanto à situação conjugal 54% são solteiras, 38% casadas e 8% se encontram em outras situações. Das entrevistas 100% não possuem emprego formal ou informal, das quais 96% executam atividades domésticas e trabalham na agricultura de subsistência, ou seja, produzem alimentos para autoconsumo, e recebem auxílio financeiro do programa Bolsa família cujo é utilizado para aquisição de alimentos, conforme 100% das beneficiadas. Para compreensão da renda familiar, incluíram-se todas as formas passíveis de verba financeira, como venda do excedente agrícola produzido e de programas governamentais, a metade sobrevive com menos de 1 salário mínimo por mês, 42% entre 1 a 2 salários, 4% com mais de 2 salários e 4% com mais de 3 salários mínimos. A faixa etária das entrevistadas corresponderam a: 4% com 15 a 19 anos, 42% entre 20 – 39 anos, 29% na faixa de 40 – 49, 21% entre 50 – 69 anos e 4% para as que tinham acima de 70 anos. Quanto ao nível de escolaridade 21% não são alfabetizadas, 58% estudaram até o 1º grau incompleto, 13% o ensino médio incompleto e 8% ensino médio completo.

CONCLUSÕES:
A condição socioeconômica das mulheres agricultoras do assentamento estudado não difere muito da realidade das mulheres em outros assentamentos no Nordeste. Além das atividades de gerenciar o lar, praticamente todas as mulheres desempenham atividades agrícolas na própria propriedade,voltadas para a produção de alimentos para subsistência. Mesmo aquelas que possuem companheiros ou filhos, a responsabilidade de tal atividade é conferida a mulher,seja no trato com hortaliças e/ou culturas regionais e/ou com animais que têm a produção destinada ao consumo familiar. Mais da metade das mulheres são mães solteiras que sobrevivem da agricultura, e com o programa Bolsa Família como “renda” complementar, algumas se encontram em situação de sub-existência, porém não deixam de prover alimento e praticar a agricultura na tentativa se sustentar a família, porque grande parte da alimentação é proveniente da agricultura familiar. Logo, a mulher exerce função imprescindível como agente atuante da agricultura familiar e sustentabilidade da família. Mesmo com ampliação de benefícios as mulheres rurais por vários órgãos do governo, a inclusão delas não pode ser relegada nos demais projetos destinados ao fomento rural, assim incluí-las é objetivar mudanças contundentes na realidade social do setor.



Palavras-chave:  Agricultoras, autoconsumo, família

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