60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: O QUE DIZEM OS PROFESSORES

Ana Paula Martins Alves1, 3
Daniele Alves Saraiva1, 3
Carmensita Matos Braga Passos1, 2

1. Universidade Federal do Ceará
2. Prof. Dr. Departamento de Teoria e Prática de Ensino - UFC - Orientador
3. Programa de Educação Tutorial (PET) - Pedagogia - UFC


INTRODUÇÃO:
A avaliação está presente no cotidiano de todo ser humano, pois o homem em seu dia-a-dia está sempre julgando e analisando as pessoas, os fatos e os acontecimentos. Na vida escolar a avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente no trabalho docente. Porém, por se tratar de um assunto de grande influência na área da educação, a avaliação da aprendizagem é alvo de grandes e profundos debates e discussões. No entanto, ela vem sendo utilizada ao longo dos tempos como um meio de segregação, pois de um lado consagra os melhores, os mais brilhantes, enquanto do outro exclui os considerados ignorantes, os menos capazes. Vista desse modo, a avaliação se torna não um benefício, mas um modelo de tortura formalmente aceito e amplamente difundido e utilizado. Dentro desse contexto de debate em torno da avaliação, e partindo do princípio de que este é um tema que exige maior aprofundamento, o presente trabalho teve como objetivo verificar a concepção avaliativa dos professores do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, e de professores do ensino médio, fazendo uma relação com os referenciais teóricos sobre avaliação.

METODOLOGIA:
A atual pesquisa se deu no âmbito da Escola de Ensino Fundamental Deputado José Dias Macedo e da Escola de Ensino Fundamental e Médio Mariano Martins. A população, objeto de estudo deste trabalho, foi constituída por professores das disciplinas de Matemática, História e Língua Portuguesa. A entrevista semi-estruturada foi o instrumento utilizado para coletar informações a respeito do conhecimento e da prática dos professores sobre avaliação educacional A entrevista perpassou por três questões norteadoras: concepção de avaliação, a prática avaliativa e os instrumentos de avaliação, contudo, este trabalho aborda somente a primeira e a terceira perspectiva. Os dados foram coletados no mês de março de 2008. As aplicações das entrevistas ocorreram na sala da coordenação da escola, no turno manhã e tarde, e contou com a participação de quatro professores.

RESULTADOS:
A avaliação da aprendizagem, normalmente, é associada a fazer prova, atribuir nota, repetir ou passar de ano. No entanto, a contemporaneidade exige uma concepção emancipadora e crítica que concentre-se numa perspectiva integradora e reflexiva. A concepção de avaliação influencia no processo de escolha da estratégia avaliativa a ser utilizada. Dessa forma, se a avaliação for por objetivos, o avaliador será um controlador; se a avaliação for descritiva, o avaliador preocupar-se-á em aumentar a compreensão sobre o tema estudado utilizando diferentes perspectivas; e se a avaliação visar julgamento, o avaliador assumirá a posição de juiz/crítico (VIANNA, 2000). De acordo com os entrevistados, a avaliação é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem, pois serve para mapear o conhecimento do aluno, diagnosticando o seu estado real. Um professor afirmou que “a avaliação serve para medir o conhecimento”, já outro afirmou que “não serve”. Em relação aos instrumentos avaliativos os professores utilizam provas, trabalhos em grupos e exercícios extras. Entretanto, um professor declarou atribuir bonificação ao comportamento disciplinar dos alunos, e caso este tenha um resultado insatisfatório na média final, poderá se beneficiar do bônus.

CONCLUSÕES:
Os resultados da pesquisa apontam que os entrevistados, de um modo geral, possuem uma concepção avaliativa intermediária, nem totalmente tradicional nem progressista. Ao afirmar que a avaliação (prova) mede o conhecimento, o entrevistado ressalta que o aluno não pode ir além da parte técnica, contudo, complementa que outras características deverão ser analisadas com instrumentos diversos. Percebemos, então, que embora o professor atribua grande importância à prova, há uma flexibilidade na tentativa de avaliar o aluno em outros aspectos. No entanto, é preocupante o fato de o professor bonificar o comportamento disciplinar do aluno e aprova-lo justificando que é um aluno “bom” e merece aprovação, embora obtenha um resultado insatisfatório em relação ao aspecto cognitivo. Nesta atitude notamos uma distorção no real sentido da avaliação da aprendizagem. Tal contradição pode ser gerada pela falta de aprofundamento em torno do sentido da avaliação e sua aplicação. Dessa forma, faz-se necessário um acompanhamento pedagógico aos professores que já estão em sala de aula, bem como momentos de reflexão sobre a prática docente e os desafios de avaliá-la.



Palavras-chave:  Avaliação da aprendizagem, prova, avaliador

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