60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática

COMPOSIÇÃO DO FITOPLÂNCTON DE CONTEÚDO ESTOMACAL DOS PEIXES DOS LAGOS CARAJI E CAPIVARI, PENALVA, MARANHÃO, BRASIL.

NAIZA MARIA CASTRO NOGUEIRA1, 1
WALNA LUISA BARROS E RAMOS2
LARISSA HELLEN ALMEIDA RODRIGUES3

1. Prof. Dra Naiza Maria C. Nogueira -Depto. de Ciências da Saúde - CEFET-MA
2. Walna Luisa Barros e Ramos- CEFET-MA- bolsista CNPQ, graduanda em Biologia
3. Larissa Hellen Almeida Rodrigues- CEFET-MA- graduanda em Biologia


INTRODUÇÃO:
produtividade aquática está diretamente relacionada à composição e abundância do fitoplâncton e zooplâncton. São os muitos os fatores que interferem no estudo do “status” trófico e na caracterização de um ambiente aquático, dentre os quais podemos destacar a climatologia, morfometria, formação geológica e impactos humanos realizados neste ambiente (Sipaúba-Tavares & Colus, 1997). O plâncton constitui a unidade básica de produção de matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos. As zonas de maior riqueza pesqueira no mundo são aquelas onde o plâncton é abundante, uma vez que é essencial na dieta de muitos peixes. Um dos fatores mais importantes para o sucesso no cultivo de peixes é a utilização de alimento natural, principalmente nos estágios iniciais de desenvolvimento.(Sipaúba- Tavares & Rocha, 2001).A nível mundial são numerosos os estudos referentes às tendências alimentares das comunidades ictiofaunísticas, embora em geral estes aspectos sejam estudados em menor intensidade nas comunidades lagunares e estuarinas, com ênfase nos trabalhos de Greffihs (1976), Hislop (1980) e Nikolskii (1963) (Silva, 1986).Os estudos de hábitos alimentares são essenciais para o entendimento da complexidade da teia trófica e fluxo energético nos ecossistemas (ALMEIDA, 1991; ALMEIDA, 1996). O conhecimento da alimentação de peixes permite uma melhor compreensão das interações tróficas, fornecendo subsídios para se determinar o potencial sustentável de um recurso pesqueiro.Neste trabalho foi analisado material estomacal de duas espécies de peixes de lagos do município de Penalva, lagos Cajari e Capivari, o Hoplerythrimus unitaeniatus, conhecido popularmente como Jeju e o Metynnis sp, popularmente conhecido com Pacu. Analisar a comunidade fitoplanctônica é muito importante para a produtividade pesqueira. Ambientes com uma grande biodiversidade fitoplanctônica tendem a ter maior produtividade em todos os níveis tróficos, incluindo os peixes que são base da alimentação e da subsistência das comunidades que dependem direta ou indiretamente dos recursos pesqueiros dos ecossistemas aquáticos.

METODOLOGIA:
Uma vez por mês, seguindo calendário de pesca, um pescador participante do estudo estendia a rede (malha 5) no ambiente considerado por ele como mais propício à pesca naquele dia. A rede era estendida às 12:00h com despesca às 19:00h. Depois novamente colocada e despescada entre 03:00 - 04:00h, totalizando 14 horas de permanência no ambiente, desse modo, todos os peixes de hábitos diurnos e noturnos poderiam ser capturados. O produto da pesca neste sistema foi acondicionado em gelo e transportado pelo pescador até o município de Penalva. Em seguida, novamente acondicionados em gelo e transportados para o laboratório de Ictiologia da UFMA. Na UFMA os estômagos eram retirados, o material estomacal era conservado em formalina a 4 %, em seguida eram feitas 30 lâminas de cada amostra. As espécies encontradas eram medidas e identificadas. Para análise e identificação das espécies componentes do fitoplâncton as lâminas eram observadas sob fotomicroscópio de alta resolução (aumento até 1000x). Em seguida, eram feitas medidas e fotografias das microalgas. Os sistemas de classificação adotados foram de Simonsen (1979) para a Classe Bacillariophyceae, de Round (1971) para a Classe Chlorophyceae, de Komárek & Anagnostidis (1989, 1999) e Anagnostidis & Komárek (1988) para a Classe Cyanophyceae e Bourrely (1981, 1985) para a Classe Zygnemaphyceae.

RESULTADOS:
Dentre os organismos encontrados, de um total de vinte e duas espécies, foram identificados gêneros pertencentes a quatro classes: Bacillariophyceae, Chlorophyceae, Cyanophyceae e Zygnemaphyceae. Classe Bacillariophyceae: Esta classe compreende as algas conhecidas como diatomáceas. A principal característica dessas algas é que elas são cobertas por pectina impregnada de sílica. Apresentam como substâncias de reservas a crisolaminarina e a leucosina e podem se reproduzir assexuada e sexuadamente. A Classe Bacillariophyceae possui 250 gêneros com 100.000 espécies, dessas espécies menos de 50% habitam as águas doces. A maioria das espécies de diatomáceas ocorrem no plâncton, havendo uma tendência de outras ocorrerem também no fundo ou crescerem sobre outras algas e plantas submersas. Para os animais aquáticos, tanto no mar como na água doce, essa classe constitui a fonte principal de alimento. Algumas espécies são comumente utilizadas como alimento em cultivos marinhos fornecendo carboidratos essenciais, ácidos graxos, esteróis e vitaminas para os animais. (RAVEN, 2007). As espécies de diatomáceas identificadas foram: Aulacoseira sp Gomphonema sp Nitzschia sp Thalassiothrix sp Triceratium sp1 Triceratium sp2 Classe Cholorophyceae: As algas verdes incluem pelo menos 17.000 espécies, que são diversificadas na estrutura e no histórico de vida. A Classe Chorophyceae inclui algas unicelulares flageladas e não flageladas, algas coloniais móveis e não-móveis, algas filamentosas e algas formando talos laminares. Os membros dessa classe vivem principalmente em água doce, embora algumas espécies planctônicas unicelulares ocorram em águas marinhas costeiras. As espécies identificadas foram: Scenedesmus sp Synechocystis sp Tetraedron sp Classe Cyanophyceae: As algas que compõem esta classe também recebem o nome de Myxophyta, Schizophyta, Cyanobacteria e Cianoprocariota. As cianofíceas são algas procarióticas, semelhantes a bactérias, pois não possuem membrana nuclear e podem se apresentar em colônias ou unicelulares, filamentosas ou ramificadas. São conhecidas por sua toxidade, algumas espécies excretam substâncias tóxicas para os peixes e outros animais. Alguns dos gêneros mais conhecidos como tóxicos são Anabaena, Aphanizomenon, Cylindrospermopsis e Microcystis. As espécies de cianobactérias identificadas foram: Anabaena sp Nostoc sp Oscillatoria sp Phormidium sp Romeria sp Spirulina sp Classe Zynemaphyceae: As algas dessa classe também são conhecidas como desmídias. Algumas desmídias são filamentosas, porém a maioria é unicelular. A maioria das células de desmídias consiste em duas seções ou semicélulas ligadas por uma constrição estreita entre elas, o istmo. Reproduzem-se assexuadamente por divisão celular e fragmentação, também se reproduzem sexuadamente com formação de um tubo de conjugação entre dois filamentos. Existem milhares de espécies de desmídias. São mais abundantes e diversificadas em brejos e tanques pobres, em ambientes naturais. Algumas estão associadas com bactérias, possivelmente simbiônticas, que vivem dentro das bainhas mucilaginosas e também são bioindicadoras de água limpa. As espécies de desmídias foram: Closterium sp Cosmarium sp Desmidium sp Hyalotheca sp Spirogyra sp Spondylosium sp Teilingia sp

CONCLUSÕES:
Conclui-se apartir dos dados obtidos, atraves da analise do conteudo estomacal dos peixes, Hoplerythrimus unitaeniatus, conhecido popularmente como Jeju e o Metynnis sp, popularmente conhecido como Pacu, possuem como fonte de alimentação os seguintes gêneros de fitoplâncton : Bacillariophyceae, Chlorophyceae , Cyanophyceae e Zygnemaphyceae. Este estudo apresenta - se importante para a economia da população local, principalmente por se tratar de comunidades ribeirinhas que sobrevivem da pesca e comercialização de pescado no município de Penalva, Baixada Maranhense, pertencente a uma das regiões mais ricas em recursos naturais e mais pobres em desenvolvimento.

Instituição de fomento: CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECONÓLOGICO

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  FITOPLÂNCTON, CONTEÚDO ESTOMACAL, PEIXES

E-mail para contato: walnaluisa@hotmail.com