60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 3. Psicologia Clínica

LUDOTERAPIA: UM OUTRO OLHAR PARA O ATENDIMENTO INFANTIL

Caroline Gonzaga Torres1

1. Universidade Federal do Maranhão


INTRODUÇÃO:
O brincar, geralmente, é desqualificado por nada produzir. Mas, se contemplarmos a brincadeira, encontraremos uma complexidade de registros que nos permitem acolhê-la de um modo fecundo e interessante nas situações clínicas. Brincar é uma das atividades mais sérias. Ela promove e permite a estruturação do sujeito. É brincando que a criança se apropria do mundo simbólico e faz sua entrada na linguagem e na cultura. Sendo assim, a Ludoterapia é uma psicoterapia adaptada para o tratamento infantil, em que a criança, brincando, projeta seu modo de ser. Seu objetivo é ajudar a criança, através da brincadeira, expressar com facilidade seus conflitos e dificuldades, para que consiga uma melhor integração e adaptação tanto no contexto familiar como na sociedade em geral. O terapeuta observa e interpreta as projeções para compreender o mundo interno e a dinâmica da personalidade da criança. Para isso, buscam-se instrumentos através dos quais as projeções são facilitadas. Os pais, por sua vez, participam do processo por meio de entrevistas com o psicólogo para obtenção de informações a respeito da criança e, através das entrevistas devolutivas em que o psicólogo comunica aos pais os resultados da Ludoterapia.

METODOLOGIA:
Realizamos o trabalho de campo no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2007, tendo como público alvo as crianças encaminhadas através do Setor de Triagem da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais em São Luís com idade de 03 a 12 anos, portadoras de necessidades educativas especiais e/ou com transtornos no desenvolvimento psicológico. Neste caso, os atendimentos na Ludoterapia ocorrem uma vez por semana, com duração de 30 minutos, podendo ser em grupo ou individuais. O Setor de Ludoterapia utiliza os desenhos, histórias, livros infantis, vivências de fantasias e o próprio brinquedo como técnicas de Ludoterapia. As orientações aos pais de crianças atendidas neste Setor ocorrem no turno vespertino, agendado previamente.

RESULTADOS:
Considerando a fase do desenvolvimento humano, o qual denominamos Infância, verifica-se transformações significativas nas aquisições físicas e psíquicas da criança, observamos que algumas crianças manifestam dificuldades emocionais para enfrentar esta fase, comprometendo suas relações psicoafetivas. A Ludoterapia proporcionou o suporte psicológico necessário, favorecendo a esta criança uma melhor organização e elaboração de seus conflitos. A criança atendida em Ludoterapia, ao brincar, expressa suas angústias, medo, agressividade, recorrendo à fantasia como processo simbólico e criando situações que retratam sua história. Coube ao terapeuta viabilizar, através da observação e escuta, às interpretações para melhor compreender o “mundo interno” da criança.

CONCLUSÕES:
Por suas características, o brincar transforma a criança e o homem, independentes das intervenções e das interpretações que um analista pode fazer frente ao jogo. Embora o brincar “não produza” e seja, aparentemente, algo “só da infância”, ele apresenta os elementos ou matriz do que é fundamental para o ser humano. Nesse sentido, a Ludoterapia oferece a chance da criança observar melhor o mundo e a si mesma. Suas motivações, impulsos e emoções são trabalhados para que ela tenha, a cada dia, maior consciência a respeito de si mesma e dos outros, desenvolva sua personalidade e aprenda a lidar com seus conflitos, facilitando a expressão de sentimentos, medos e necessidades. Portanto, cada tipo de situação demanda um tipo de manejo e acolhimento do modo de ser da criança. É importante compreendermos essa diversidade para que possamos acolher a singularidade e as necessidades de cada criança em sua relação com os brinquedos.



Palavras-chave:  Brincar, Criança, Ludoterapia

E-mail para contato: carolinegtorres@hotmail.com