60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

DIALOGANDO SABERES SOBRE ANFÍBIOS NA CIRANDA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

AMANDA FERNANDES CAMARGO DO NASCIMENTO1
MICHÈLE TOMOKO SATO2

1. Universidade Federal de Mato Grosso/Instituto de Biociências
2. Universidade Federal de Mato Grosso/Instituto de Educação


INTRODUÇÃO:
Algumas espécies animais dito nocivo ao ser humano, como anfíbios, serpentes e aranhas, para exemplificar, despertam repulsa e grandes temores em muitas pessoas. Compreender os processos que levam os humanos a ter e perpetuar sentimentos como repulsa, asco e até matar esses animais, certamente é demasiadamente complexo, já que perpassa pelas relações estabelecidas e desencadeadas em cada indivíduo e com a sua maneira de olhar a si e olhar o mundo. Assim, o presente trabalho objetiva conhecer a forma pela qual as pessoas percebem e tratam esses animais, já que as essas percepções contribuem, em sua maioria, para maus tratos e até a morte dos mesmos, afetando a biodiversidade (fauna resiliente) dos ambientes urbanos.

METODOLOGIA:
Como metodologia, apropriamos-nos num primeiro momento, da bibliográfica e da fenomenológica. E a coleta de dados se dará através questionários abertos semi-estruturados a serem aplicados entre os dias 01 e 15 de abril de 2008 aos transeuntes da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá, em locais próximos às áreas com incidência de várias espécies de anfíbios (lagos, poças d’água, bosque, etc.).

RESULTADOS:
A grande maioria das histórias a cerca dos anfíbios, os conota como seres sujos e repugnantes pertencentes aos contos assombrosos. E embora, somente algumas espécies sejam realmente nocivas aos humanos, os indivíduos desta ou de outras que não apresentam perigo acabam por sofrerem maus tratos que muitas vezes os levam à morte. Experiências desagradáveis vividas e tantas vezes contadas pelas pessoas também contribuem para essas mistificações, como é o caso do Chaunus schneideri Werner, 1894 (sapo-leiteiro ou sapo-cururu), onde elas acreditam que o sapo joga leite nelas. Assim, essas experiências transformam-se em fantásticas histórias, onde as pessoas passam a temer, e muitas vezes, até matar esses animais. Isso ao longo das gerações pode ter contribuído para uma impregnação cultural a cerca da natureza dos anfíbios, onde eles são taxados como feios, asquerosos e perigosos. Essa impressão construída socialmente, no bojo das ciências biológicas é simplesmente despedaçada na constituição tegumentar de consistência molhada, rugosa e, muitas vezes gelada. Mas essa informação quase não contribui no quesito mudar a forma como se enxerga e trata esses animais, já que ela, acentua esse imaginário, se considerarmos o padrão estético estabelecido, onde eles continuam enfeiurados e nojentos.

CONCLUSÕES:
A diversidade biológica é um completo consenso entre os educadores ambientais, entretanto, há um campo de diferenças culturais ainda escamoteada nos discursos e práticas das ciências, mesmo àquelas relacionadas à dimensão etnográfica. A conservação das espécies é, portanto, um dos marcos importante que avalancam os processos sociais da Educação Ambiental. Todavia, muitos animais peçonhentos, ou aqueles considerados “nocivos” ao Homo sapiens, são drasticamente eliminados. Produto de uma cultura milenar, que incita gostarmos de animais “úteis” como reportam, até os dias atuais os livros didáticos, muitas espécies são eliminadas em nome de uma visão antropocêntrica que esquece a ética à vida. Perceber a visão das pessoas e seu imaginário, tentando propor mudanças, ainda que gradativas, poderá colaborar na conservação das espécies, corroborado pela inclusão social de todos. Este estudo não possui a pretensão de realizar tamanha mudança, porém inicia sua inserção buscando compreender o imaginário das pessoas e disso, propor algumas alternativas aos programas de Educação Ambiental.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Mato Grosso (FAPEMAT)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Educação Ambiental, Anfíbios, Fenomenologia

E-mail para contato: bamba_596@hotmail.com