60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana

RESISTÊNCIA GLOBAL: NOVAS PERSPECTIVAS DE AÇÃO NOS MOVIMENTOS SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS

José Antonnyone do Rosário Ericeira1
Josemar Ataide Saminez1
Joerbeth da Silva Prado1
Antonio Costa Moraes1

1. Universidade Federal do Maranhão


INTRODUÇÃO:
As grandes transformações em curso na sociedade contemporânea são freqüentemente precedidas pelos termos mundialização ou globalização; às vezes, para exaltar os méritos modernizantes de um liberalismo comercial “sem fronteiras”. No entanto, o sonho cosmopolita de indivíduos comungando diretamente do universo da razão esfacela-se sob o particularismo dos interesses do capital internacional. Atualmente, observa-se o surgimento de um fenômeno de contra-poder ou “resistência”, empreendido por movimentos sociais contemporâneos, genericamente classificados como anti-globalização. Resistência manifestada principalmente pela contraposição ao modelo globalizante do capital financeiro e às corporações transnacionais que, segundo esses movimentos, operam em dezenas de paises apoiadas no poder diplomático, monetário e militar dos países mais desenvolvidos e de organismos multilaterais de regulação econômica. Com isso, buscamos estabelecer uma análise de aspectos subjetivos e objetivos, relacionados a essa nova concepção de resistência, difundida em meio às mobilizações promovidas por esses movimentos.

METODOLOGIA:
Utilizamos como instrumento metodológico para realização deste trabalho a análise descritiva, a partir de levantamentos bibliográficos entre livros, revistas e artigos científicos e jornalísticos referentes ao tema em questão; bem como material áudio-visual sobre movimentos anti-globalização cedidos pelo Centro de Mídia Independente (CMI) – cuja produção jornalística partilha da filosofia organizacional dos movimentos estudados.

RESULTADOS:
Em nossa pesquisa, percebemos que esta nova etapa de ação (resistência) - identificada com os chamados movimentos anti-globalização - caracteriza-se pela rejeição explícita das instituições que, segundo estes movimentos, os grupos de interesse ligados às multinacionais, aos especuladores e às organizações mundiais (FMI, OMC...) controlam; por uma atitude de confrontação e não-participação na lógica desses organismos multilaterais; pela chamada à “ação direta” e à desobediência civil, assim como pela construção de alternativas locais ao neo-liberalismo e uma filosofia organizacional baseada na descentralização e na autonomia. São organizações e redes de ativistas que se comunicam pela Internet. Em manifestações festivas, artístico-teatrais, não agem de forma violenta contra as liberdades individuais e, no entanto, transformam em alvos de destruição os ícones da economia mundial. Essa resistência na contemporaneidade – ou seja, capacidade de expressão política e de construção de uma ética e produção alternativas – manifesta-se numa confluência entre novas perspectivas artísticas, comunicacionais e tecnológicas e as ações de dano e destruição das formas de propriedade corporativa. Tais movimentos reconhecem o anti-consumismo e o anti-corporativismo como sendo uma só coisa.

CONCLUSÕES:
A “resistência” não significa um fenômeno meramente político, mas também estrutural e material. Não se trata apenas de querer mais liberações por parte do Estado e do capital, no sentido da “liberdade negativa”. Aspira-se à realização de uma “sociedade libertária”, de tal modo que esses movimentos inserem-se na tradição anarquista. Porque o que está envolvido é a questão das estruturas e relações de poder. Para essas novas manifestações de resistência, a única maneira de desafiar o poder não é vencer argumentos e mostrar estatísticas, mas organizar-se e agir de forma direta em suas comunidades. Na modernidade, entendia-se a resistência como acumulação de forças contra a exploração, que se subjetivava através de uma tomada de consciência. Na época dita pós-moderna acontece de forma diferente; dá-se com a difusão de comportamentos resistentes e singulares. Quando acumulada, ela se faz de maneira intensiva, isto é, pela circulação, mobilidade, pelo êxodo dos lugares de poder. Não tentar ocupar esses lugares, mas desertá-los e eliminá-los. Portanto, a tendência é uma recusa da ordenação institucional globalizante. A tendência, nesses movimentos, é abandonar os partidos, as estruturas constitucionais do Estado, assim como se configuram na sociedade capitalista contemporânea.



Palavras-chave:  resistência, movimentos sociais, anti-globalização

E-mail para contato: antonnyonejare@hotmail.com