60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira

O CORDEL E O MARANHÏ¿½O: HISTÏ¿½RIA, ESCOLAS E PRINCIPAIS COMUNICADORES

Rosélia de Morais Falcão1
Anderson Roberto Corrêa Pinto1
Jeanne Marques Caldas1
Luís Guilherme Bittencourt Silva1

1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


INTRODUÇÃO:
Este trabalho talvez ultrapasse o objetivo precípuo que o determinou: o resgate e salvaguarda da cultura popular de Literatura de Cordel no Maranhão. Ultrapassa no sentido em que não se restringe a apenas resgatar e preservar tal tradição, mas estende-se a analisar a contribuição da Literatura de Cordel no que se refere à influência no modo de vida, na consciência crítica sócio-política-econômica de cada cordelista e de cada pessoa que tem a oportunidade de ler ou escutar tal obra, partindo do pressuposto de que este meio de comunicação pode ser considerado uma produção simbólico-ideológica. Contudo, não seria suficiente apenas um registro do Cordel maranhense, estudando autores e obras, sem uma análise mais aprofundada, vinculada a um contexto sócio-cultural, das contribuições e favorecimentos que esta literatura propiciou ao universo cultural do Estado, embora esta produção seja, geralmente, desconhecida, subestimada ou pouco valorizada pela população nativa. Sem sombra de dúvidas, o presente trabalho é de grande importância e constitui um aporte para a valorização e compreensão da cultura popular em verso do país

METODOLOGIA:
Embora saibamos da escassez de bibliografia especializada no Estado do Maranhão a respeito de sua própria cultura, de registros e estudos sobre o tema aqui tratado, tentamos, com o pouco de informações que nos foi concedido através de entrevistas com especialistas no assunto, pesquisas bibliográficas e da Internet, realizar este trabalho reunindo o maior número possível de subsídios para resgatar e registrar parte da literatura popular que vêm se perdendo pelo tempo, ficando a mercê do campo social, muitas das vezes marginalizada e concentrada entre as poucas pessoas do meio rural que ainda perseveram em preservar esta primorosa tradição. Procura-se compreender porquê o nordeste foi o ambiente ideal para a fixação e desenvolvimento da literatura de Cordel no Brasil e quais as causas do seu desaparecimento neste século. Através das obras de cordelistas como Catulo da Paixão Cearense, César Teixeira e Leandro Gomes estudamos o cunho social da literatura e tentamos desvendar sua apropriação pela cultura dominante.

RESULTADOS:
Percebeu-se ao longo da pesquisa que a Literatura de Cordel tem seus primeiros registros datados da Idade Média. No Brasil o Cordel chegou com os portugueses no fim do século XIX. No Estado do Maranhão foi introduzido pelos cearenses que aqui chegaram no início do século XX a procura de trabalho. Essa poesia foi, e ainda é, representada no Estado, pelas cidades interioranas como Bacabal e principalmente Pedreiras. A literatura de Cordel maranhense é pouco difundida e suas fonte são escassas levando à pouca procura por esta cultura e à falta de cordelistas (produtores de cordel). Paul Getty e Zé Lopes são os principais expoentes do Cordel na Ilha. De modo geral é difícil classificar os romances populares, pois são diversos. Mas é possível destacar duas formas em que freqüentemente apresentam-se: tradicional - folhetos que possuem uma narrativa histórica e “acontecido” – cordéis relacionados unicamente à informação. Em tempos em que não existia rádio e o jornal era instrumento raro,a literatura popular de Cordel era considerada porta voz dos anseios da população; assim torna-se uma produção social com um discurso ideológico que traduz interesses do povo para o próprio povo, e mais tarde, da classe dominante para a massa maior da população.

CONCLUSÕES:
Uma de nossas pretensões foi oferecer com este trabalho subsídios para estudos futuros a cerca da Literatura de Cordel no Brasil, em especial no Maranhão, em detrimento dos poucos registros que existem de nossa cultura popular. Episódio que se apóia pelo fato de os próprios maranhenses não darem tanta importância a essa cultura tão rica. Dentre todos os estados do Nordeste brasileiro, o Maranhão é o que menos adquiriu o cultivo desta tradição. De certo que o Cordel está repouso num mar de ideologias, não podemos deixar de retratar aqui que como meio de comunicação que tem forte poder de influencia sobre uma classe menos esclarecida, a elite da sociedade, a classe dominante encontra meios de articular a esta cultura suas ideologias de dominação e poder. Desta forma, vendo o desvio desta tradição popular para um rumo nada ético, nem artístico, se torna imperioso que a resgatemos para que não se perca mais uma importante fatia do pouco que se tem de nossa história. Vale ressaltar que o incentivo do Estado para a produção e salvaguarda da cultura do nosso país é mais que válida, e um meio de se conhecer este bem tão rico e precioso para nossa cultura e a literatura.



Palavras-chave:  Literatura de Cordel., História, Comunicação

E-mail para contato: roselia.falcao@gmail.com