60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental

AVALIAÇÃO DO USO DE NORMAS DE SEGURANÇA E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL POR APLICADORES DE AGROTÓXICOS NA REGIÃO DE MANHUAÇU - MG

Juliana Xavier Roberto1
Maria Aparecida Dornelas1
Lorenny Amaranto Magalhães1
Jorgeanne de Oliveira Assis1
Wander Luiz Alves Amorim1
Bruno Araujo Brandão1, 2

1. Faculdade de Minas - FAMINAS - 36880-000 - Muriaé-MG
2. Prof. Ms - FAMINAS - Orientador


INTRODUÇÃO:
A modernização da agricultura ignorou carências como a necessidade de mão-de-obra qualificada para novas atividades agrícolas. Os prejuízos causados pelo uso inadequado de agrotóxicos ganharam dimensão social por prejudicarem a saúde humana. Atualmente, a primeira medida de segurança recomendada para os trabalhadores expostos aos agrotóxicos é o uso de EPI’s (equipamentos de proteção individual). Os EPI’s são vestimentas individuais com a capacidade de proteger o trabalhador contra os efeitos perigosos e danosos durante a aplicação. A eficiência protetora dessas vestimentas baseia-se na impermeabilidade ou hidrorrepelência, controlando as exposições dérmicas e respiratórias, porém causam grande desconforto aos trabalhadores do campo por proporcionar grande retenção de umidade e de calor na superfície do corpo. A Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802 de 11 de Julho de 1989) torna o uso de EPI’s obrigatório durante o manuseio, aplicação e preparação dos agrotóxicos. Com isso, o empregador deve se orientar sobre o uso de EPI’s e exigir que os trabalhadores o utilizem. O presente estudo tem como objetivo avaliar as características do município de Manhuaçu-MG quanto ao uso de EPI’s e ao cumprimento das Normas de Segurança da Lei dos Agrotóxicos.

METODOLOGIA:
Os dados desta pesquisa foram obtidos através da aplicação de um questionário que obteve informações sobre o procedimento de segurança na zona rural da região de Manhuaçu, estado de Minas Gerais, entre 100 aplicadores de agrotóxicos. A pesquisa continha questões que podem ser subdivididas em três grupos. O primeiro grupo está relacionado às características dos entrevistados: idade, sexo e nível de escolaridade. O segundo está relacionado ao acesso do EPI e visão do empregador quanto à necessidade do uso. O último grupo está relacionado à utilização do equipamento de proteção individual, cuidados com o manuseio dos agrotóxicos, cumprimento de normas e conhecimento do perigo relacionado com o uso de agrotóxicos. O questionário passou por um Comitê de Ética em pesquisa que desempenha papel consultivo e educativo, fomentando a reflexão em torno da ética da ciência e conseqüente liberação para realização do estudo. Foi anexado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que é considerado como a decisão autônoma realizada por uma pessoa capaz, tomada após processo informativo e deliberativo, visando a aceitação da experimentação, sabendo da natureza da mesma, das suas conseqüências e do seus riscos. A partir dos dados obtidos, foi elaborada análise dos resultados.

RESULTADOS:
De acordo com nossa pesquisa, 60% dos aplicadores não utilizam EPI’s de forma alguma. Dentre estes, 38% declararam não ter acesso ao equipamento, 11% não vêem necessidades de usar e 11% sentem-se incomodados devido à forma de uso do EPI, mostrando que ainda é grande o número de aplicadores que desconhecem ou ignoram a necessidade do uso de EPI’s. Em relação aos cuidados tomados durante a aplicação, nossos dados mostraram que 38% dos aplicadores ingeriram algum tipo de alimento e 20% ingeriram água, sem se preocupar com a higiene necessária. Ao tentar avaliar o local onde as alimentações eram feitas, observamos que 58% as realizam no local de trabalho. Dentre estes, 33% declararam não lavar as mãos, 10% disseram retirar os EPIs e 15% alimentaram-se sem realizar nenhum procedimento de higiene das mãos e retirada do EPI. Estes resultados mostram a falta de orientação a qual são submetidos os trabalhadores, uma vez que ao se alimentarem no local de trabalho e não realizarem a retirada dos EPI ou a lavagem das mãos se torna crescente a chance de ingestão destes agrotóxicos.

CONCLUSÕES:
O presente estudo mostrou que a legislação vigente sobre o uso de EPIs e cumprimento das Normas de Segurança ainda é pouco respeitada na região de Manhuaçu. Torna-se necessária a conscientização dos proprietários e trabalhadores rurais a respeito da gravidade dessa situação, que facilita a intoxicação ocupacional, podendo gerar riscos à saúde dos trabalhadores. Campanhas educativas, que considerem o nível educacional e intelectual dos trabalhadores rurais e proprietários, necessitam ser realizadas para combater a situação encontrada. Os resultados do estudo evidenciam o risco de agravos à saúde a que estão sujeitos trabalhadores rurais que não fazem o uso de EPI e frisam a necessidade de que a informação sobre os riscos seja incorporada a políticas públicas de prevenção e saúde do trabalhador rural.

Instituição de fomento: Faculdade de Minas - FAMINAS - Muriaé-MG

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Equipamento de Proteção Individual, Agrotóxico, Normas de Segurança

E-mail para contato: cidinhadornelas06@yahoo.com.br