60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

As doenças de plantas são responsáveis por consideráveis perdas para as culturas de importância econômica e para reduzir os prejuízos, métodos biológicos vêm sendo empregados constituindo-se de uma alternativa viável e desejável em relação ao químico tradicional. O emprego dos chamados fungicidas naturais aparece como mais uma opção ao uso dos fungicidas sintéticos, em termos de eficiência de controle. Atualmente uma das alternativas pesquisadas envolve o uso de extratos vegetais, buscando explorar suas propriedades fungitóxicas. Tendo em vista a propriedade inibitória de extratos vegetais sobre o desenvolvimento de fungos patogênicos, o cipó-cabi [Banisteriopsis caabi (Spruce) Morton] é um vegetal pertencente à família Malpighiaceae, possui um princípio ativo que é um grupo de alcalóides, como a harmina, harmalina e a deltatetrahidroharmina, capazes de produzir danos no cérebro mais do que o LSD. Também é conhecido por ser anti-protozoário, anti-fúngico, anti-bacteriano, anti-trypanosomal e um agente anti-câncer. O presente trabalho teve por objetivo testar a eficiência do extrato aquoso de cipó-cabi em diferentes concentrações na inibição do crescimento micelial de Botryodiplodia theobromae Pat.“in vitro”.

METODOLOGIA:

O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA-PA), localizada na cidade de Belém-PA. O extrato de B. caabi foi obtido a partir de folhas trituradas com água destilada estéril (ADE) na proporção de 30% (p/v) (300 g de folhas verdes/1000 mL de água destilada esterilizada), sendo tal extrato diluído com ADE até alcançar as concentrações desejadas. Em seguida, as concentrações foram esterilizadas em autoclave a 121 ºC, 1 atm com 100 mL de meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar) e no tratamento 0 (controle) utilizou-se somente água destilada esterilizada (ADE) sobre o meio de cultura. Depois de esterilizada, as concentrações foram distribuídas em placas de Petri. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições por tratamento, utilizando-se 5 concentrações (10; 20; 30; 40 e 50% de extrato aquoso) e o controle. Para avaliar o crescimento micelial dos fungos, foram incubadas placas de Petri a 26 ±2 °C, sob fotoperíodo de 12 horas, com discos de 5 mm de diâmetro, contendo estruturas do patógeno (disco de micélio), sendo um por placa, colocado no meio da placa, cultivadas durante 7 dias em BDA. A variável analisada foi o diâmetro médio das colônias, medido com uma régua graduada em milímetros, que se realizou no quarto dia após a instalação do ensaio. Os dados foram submetidos à análise de variância, comparando as médias pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS:

Segundo a análise de variância, houve diferença estatística entre os tratamentos. O tratamento que obteve o melhor desempenho na inibição do crescimento micelial foi sob a concentração de 50% de extrato aquoso de cipó-cabi, que reduziu 63,43% o diâmetro em relação ao tratamento controle. O valor encontrado para este tratamento foi de 32 mm. Este não diferiu estatisticamente do tratamento de 40%, cujo valor encontrado foi de 34,93 mm e sua redução foi de 60,08% quando comparado à testemunha. Entre todos os tratamentos, estes foram o que mais se diferenciaram em relação ao demais quando as médias foram submetidas ao teste de Tukey. Para os tratamentos que tiveram de 20% e 30% de concentração de extrato aquoso, estes inibiram, respectivamente, o crescimento micelial de B. theobromae 46,11% e 51,36% em relação ao controle, não diferindo estatisticamente entre si. Com relação ao tratamento sob a concentração de 10% este foi o que menos inibiu o crescimento micelial do fungo com uma redução de apenas 23,65% se comparado ao tratamento controle.

CONCLUSÕES:

Pelos resultados obtidos pode-se concluir que o uso de extrato aquoso cipó-cabi nas suas maiores concentrações foram mais efetivas na inibição do crescimento micelial de B. theobromae. Dessa forma, concentrações mais elevadas do extrato aquoso de cipó-cabi não favoreceram o crescimento fúngico.

Palavras-chave: controle alternativo, cipó-cabi, Botryodiplodia theobromae

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