60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 5. Enfermagem Pediátrica

AS PRÁTICAS LÚDICAS NO COTIDIANO DO CUIDAR EM ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Tábatta Renata Pereira de BRITO1
Zélia Marilda Rodrigues RESCK2

1. Discente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas/UNIFAL-MG
2. Enfermeira. Orientadora. Prof. Dra. Associada do Dep. de Enfermagem da UNIFAL-MG


INTRODUÇÃO:
O fazer em Enfermagem envolve conhecimentos científicos, administrativos e a capacidade de construir uma realidade mais humana. Especialmente em Pediatria, o enfermeiro deve saber que, no contexto hospitalar, a criança perde suas referências por estar longe de tudo que é comum em suas rotinas diárias, e que, o hospital gera medo e restrições devido ao seu quadro clínico. Considerando que a criança exige maior atenção e cuidados, e que qualquer desestruturação em sua faixa etária interfere na qualidade de vida e em seu pleno desenvolvimento, conclui-se que a inserção das atividades lúdicas no processo de cuidar em Enfermagem Pediátrica, diminui os efeitos estressores da hospitalização e torna a assistência prestada mais humanizada. Mesmo reconhecendo-se a importância e a necessidade de incorporar o lúdico no processo de cuidar em Enfermagem Pediátrica, a utilização deste recurso não é efetiva nas Instituições Brasileiras. Observa-se que esta possibilidade não é explorada ou que os profissionais não são especializados e conscientes, simplesmente manipulam o brinquedo, o que não demonstra o potencial total da ludicoterapia. OBJETIVO - Apreender dos acadêmicos de Enfermagem o fazer práticas lúdicas com crianças hospitalizadas durante a formação profissional.

METODOLOGIA:
Para o alcance do objetivo proposto, adotou-se a abordagem qualitativa, utilizando a vertente fenomenológica. Como método de pesquisa, a fenomenologia fica caracterizada pelos seguintes momentos: descrição, redução e compreensão. Os sujeitos desta investigação foram os 39 acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas, UNIFAL-MG, matriculados no oitavo período. A amostra foi de 16 acadêmicos de Enfermagem, escolhidos aleatoriamente e, que aceitaram participar da investigação. A coleta de dados foi realizada no período de outubro e novembro de 2007, em local reservado, pré-fixado, no prédio onde funciona o Departamento de Enfermagem da UNIFAL-MG. Utilizou-se como técnica de investigação a entrevista aberta, sendo autorizado junto aos sujeitos o uso de gravador, com a seguinte questão norteadora: Como são as atividades lúdicas no cotidiano de trabalho em Unidade Pediátrica?. Solicitou-se a autorização da coordenação do curso de Graduação em Enfermagem da UNIFAL, o Projeto de Pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa, da mesma para aprovação, e cumprindo ainda o protocolo de aspectos éticos exigidos pela Resolução 196/96, foi oferecido um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS:
A análise das entrevistas possibilitou agrupar os núcleos de sentido dos discursos dos sujeitos em categorias. A categoria motivação/gratificação diz respeito à motivação para realização de práticas lúdicas exercida por atividades extensionistas, e a conseqüente gratificação proporcionada pelos resultados positivos alcançados. Observou-se nos discursos que a gratificação ao realizar a prática lúdica é traduzida ao perceber a descontração do cliente e ao observar a melhora do quadro. A relevância das atividades extensionistas abre caminhos para elucidar a importância da indissociação ensino/pesquisa/extensão e a necessidade de inserir conteúdos e oportunizar práticas no que se referem ao lúdico em Enfermagem Pediátrica. A categoria falta de empenho e iniciativa revela o pouco envolvimento e sensibilização do acadêmico com a prática, que colaboram para que sejam poucos os enfermeiros que abordem com a clientela infantil, temáticas que se distanciam da dimensão técnica do cuidado ou do cumprimento das rotinas hospitalares. A categorização da impotência remete ao sentimento observado nos discursos que mostra a impossibilidade de realizar práticas lúdicas frente à escassez de recursos materiais. Outro fator a ser considerado é a falta de implementação dos mesmos.

CONCLUSÕES:
A presença do lúdico nas Unidades Pediátricas ainda não é uma realidade, e sua inserção se processa gradativamente. Os sentimentos apreendidos de futuros profissionais de Enfermagem remetem a entraves para utilização do lúdico que devem ser avaliados no sentido de questionar até que ponto são reais, e a partir de onde se tornam justificativas pouco fundamentadas para o não fazer práticas lúdicas. O fazer práticas lúdicas na ótica dos acadêmicos de Enfermagem implica em rever a formação acadêmica com o propósito de inserir conteúdos que enfatizem a atual lógica de assistência à saúde: a humanização e integralização da assistência. Aplicando a humanização do cuidado é possível vislumbrar a possibilidade de formar profissionais que ajudem os pacientes, não só com procedimentos técnicos, mas com o cuidado centrado nas necessidades do cliente, um cuidado humano e solidário. Somando-se a isso, a articulação ensino/pesquisa/extensão deve ser forte e coerente, no sentido de que estratégias inovadoras, como as práticas lúdicas, não sejam restritas e/ou privilégio de apenas um pequeno segmento acadêmico que teve a possibilidade de desenvolver atividades extensionistas, e sim, uma realidade disponível para todos.

Instituição de fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UNIFAL-MG

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Ludicoterapia, Hospitalização, Pediatria

E-mail para contato: tabatta_renata@hotmail.com