60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

DIÁLOGOS NO COTIDIANO: O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E SUA AÇÃO NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE PESSOAS SURDAS

Lilia Maria Souza Barreto1, 2
Maria Teresa Egler Mantoan1, 2, 3

1. Departamento de Ensino e Praticas Culturais
2. Faculdade de Educação - Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
3. Profa. Dra. - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa refere-se à minha Dissertação de Mestrado, em andamento, onde busco compreender como se dá a atuação do professor no Atendimento Educacional Especializado (AEE) para pessoas surdas, em uma escola da rede regular de ensino em Salvador/Ba. Para compreender como se dá a atuação desse profissional, tenho a necessidade em repensar o que caracteriza este trabalho, quais as práticas que os aproximam ou distanciam da inclusão, e como refletir no sentido de quebrar um paradigma que tem me inquietado: as verdades cristalizadas sobre a surdez, sobre as estratégias de ensino para surdos e as possibilidades de sua aprendizagem. É a partir dessas redes de conflitos que busco tecer os fios com o papel do especialista, dialogando sobre as linhas que se dão num emaranhado de questões de ordens pedagógicas, sócio-culturais e lingüísticas. Essa análise se faz necessária por tratar de uma temática pouco investigada e por ser recente a figura do especialista no contexto da escola comum.

METODOLOGIA:
Pensando na aprendizagem continuada do professor a partir das práticas e diálogos que estabelece com seus pares no cotidiano, estou desenvolvendo a pesquisa, utilizando metodologicamente o meio digital como ferramenta de comunicação para a coleta de dados. Esses diálogos se dão através de um diário aberto para leitura e comentários coletivos no espaço virtual (blog), envolvendo reflexões sobre a prática, através de casos colhidos no cotidiano de uma escola regular e debatidos entre os professores envolvidos. São casos que relatam questões problemáticas do processo de inclusão de pessoas surdas, como sua avaliação, interpretação, escrita diferenciada, culturas e língua. Esses casos são pré-selecionadas pelas professoras, postados semanalmente e sevem de base para as discussões teóricas e práticas.

RESULTADOS:
Nessa fase da pesquisa, estou relacionando os diálogos, analisando as percepções das professoras sobre a ligação dos casos discutidos com as dificuldades de cada uma; as possibilidades de leituras de textos específicos que possam responder às demandas da prática pedagógica e estimulem a busca por caminhos criativos e alternativos. O interessante é que nesses diálogos (em andamento) os professores estão (re)olhando o conhecido, tentando dar um novo significado à sua prática. Prática envolta por concepções modernas, lineares e que podem ser desveladas nos nós que se fazem nas redes de conhecimento e no entendimento de que não somos senhores do saber, principalmente quando estamos abertos ao diferente e ao novo.

CONCLUSÕES:
A idéia que é passada na formação continuada para especialistas que trabalham com a surdez é a de colocá-los em determinado lugar, fixar a percepção de mundo, linearizar, paralisar. E com isso, não só os surdos são normalizados pela diferença, como também os profissionais que atuam com eles. À medida que o professor revê seu papel nesse contexto educacional, que explicita as dúvidas, e dialoga sobre as possibilidades de trabalhar numa rede conflituosa e incerta, pode perceber que verdades absolutas não cabem num plano pedagógico que trabalhe na direção do auto-conhecimento e da emancipação intelectual. De fato, se queremos trilhar outros caminhos, teremos que imaginar saídas, produzir sentidos e abandonar os cânones metodológicos ainda vigentes em nossa concepção moderna de vida, mergulhar na nossa história e nas possibilidades de construção conjunta de conhecimento.

Instituição de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES



Palavras-chave:  Atendimento Educacional Especializado, Inclusão, Surdos

E-mail para contato: liliamsb@unicamp.br