60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

EXPERIÊNCIA POÉTICA E EDUCAÇÃO NA INFÂNCIA

Daniela Ruppenthal Moura1
Sandra Richter1, 2

1. Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC
2. Profa. Dra.


INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é resultado parcial do projeto “Experiência Poética e Aprendizagem na Infância” que vem sendo desenvolvido no grupo de pesquisa Estudos Poéticos/CNPq da Universidade de Santa Cruz do Sul/RS, desde o ano de 2006. O objetivo é intensificar estudos em torno da relação entre imaginação poética e aprendizagem para destacar a importância de considerar a dimensão formativa dada pela inseparabilidade entre corpo, imagem e palavra nos processos de aprender a portar o mundo de inteligibilidade.

METODOLOGIA:
Desde maio de 2006, venho acompanhando crianças na pré-escola e no 1° ano do ensino fundamental em uma escola de rede pública estadual, propondo situações lúdicas nas especificidades do desenho, modelagem, pintura, oralização de seleções poemáticas e textos narrativos. A intenção é favorecer experiências poéticas, aquelas que exigem a ação do corpo no mundo enquanto pensamento em ato (Valéry, 1999), enquanto algo que nos passa, nos acontece, nos toca (LARROSA, 2002). Os encontros semanais com as crianças acorrem em dois locais distintos: na Empresa Pioneer, através do projeto de extensão “Atividades Lúdico-pedagógicas”, no qual planejamos e propomos situações de convivência a partir de diferentes linguagens e na escola, na qual acompanhamos o processo cotidiano de alfabetização. Minha participação se detém, além da interação com as crianças, na preparação e organização das diferentes materialidades e instrumentos necessários para desenhar, pintar, modelar; selecionar e oralizar poemas, assim como narrar histórias; no registro dos encontros através de fotografias; na descrição dos acontecimentos da semana no diário de campo; no cuidado com as produções realizadas pelas crianças; na leitura e interlocução teórica nas reuniões de estudo do grupo de pesquisa.

RESULTADOS:
Nesses dois anos de investigação com as crianças percebo o quanto é importante, na ação educativa, promover experiências a partir das artes plásticas e da literatura para favorecer processos de aprender diferentes modos de significar o vivido, ou seja, de aprender a estar em diferentes linguagens. Ferreiro (1992), em seus estudos sobre processos de alfabetização, já deslocava o “como se ensina” para o “como se aprende”. Aprender a ler, escrever, desenhar, pintar, cantar, falar, enfim estar no mundo, pressupõe mais do que aprender a reproduzir algo já dado: pressupõe imaginar no ato mesmo de iniciar um gesto que nos signifique no coletivo. Em autores como Bachelard, Merleau-Ponty, Valéry, Larrosa, encontramos sustentação para perseguir esse poder produtivo da imaginação compreendendo-o como processo de aprender algo intimamente relacionado ao que somos, simples ação de estar no mundo, de viver. E, esse simples é muito complexo quando vivido em experiências poéticas, aquelas que permitem constituir nosso coisário (BACHELARD, 1988) enquanto repertórios que permitem atualizar nosso ser e estar no mundo. Talvez, nosso coisário nos permita ter o que atualizar. E quando temos o que atualizar, pensamos. E, quando pensamos, aprendemos a ter confiança no poder de ir além de nós mesmos.

CONCLUSÕES:
Como resultado parcial destaco a constatação de que as crianças aprendem em ambos os locais. Com ou sem experiências poéticas as crianças sempre aprendem. Assim, no momento atual, nos interessa interrogar como as crianças aprendem o que aprendem. Enquanto grupo de pesquisa queremos compreender esta infância das crianças não percebida no contexto educacional. A infância não sabe separar as linguagens em áreas de conhecimento, não sabe analisar pedaços de sons e de palavras ou explicar o significado de linhas e de manchas. Afinal, como afirma Larrosa (2006, p.183), não podemos mesmo entender “essa língua das crianças”. Na continuidade dos estudos, a intenção é perseguir estratégias de estar em linguagens com as crianças nesse espaço institucional denominado escola, interrogando como aprendem as convenções culturais, “nossa língua”, mostrando talvez uma outra possibilidade de pensar a educação na infância.

Instituição de fomento: CNPq/PUIC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  linguagens, criança, Infância

E-mail para contato: danielarph@yahoo.com.br